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Italianos festejam a vitória sobre a Alemanha e o título
Força supera
a arte no futebol

O Mundial de 1982 foi o primeiro a contar com 24 seleções -até então, 16 países participavam de cada edição. Com o aumento de seleções, foram realizados 52 jogos -14 a mais do que era habitual antes da ampliação da Copa.

A Espanha recebeu a competição e, apesar de ter sido escolhida a sede 18 anos antes (isso mesmo, 18 anos), apresentou uma organização bastante deficiente. Irregularidades nos tamanhos das traves, hotéis sem infra-estrutura básica, funcionários pouco habituados às tarefas que deveriam executar, entre outros problemas, atrapalharam a vida de turistas e jornalistas.

Dentro de campo, a força superou a arte no futebol. Brasil e França, que maravilharam os espectadores com a plasticidade de suas jogadas, dribles e toques, foram superados por Itália e Alemanha, que tinham como maiores armas a força física, a disciplina na marcação e esquemas táticos rígidos.

A seleção brasileira mereceu um destaque à parte. Após boas vitórias e um futebol extremamente convincente, o time de Telê Santana virou unanimidade na crítica internacional e favorito destacado ao título. Tropeçou na Itália, foi eliminado e criticado. Mas até hoje a seleção de 82, que contava como craques incontestáveis como Zico, Sócrates, Falcão, Oscar e Júnior, é considerada por muitos uma das melhores que o país já formou.

Número de Participantes - 24
Jogos - 52
Gols - 146
Média de gols - 2,81
Sedes - Madri, Barcelona, Vigo, La Coruña, Gijon, Oviedo, Alicante, Elche, Bilbao, Valladolid, Valencia, Zaragoza, Sevilha, Málaga
Média de público - 35.428 pessoas
Artilheiro - Paolo Rossi (ITA) - 6 gols
Campeão - Itália
Vice-campeão - Alemanha
Terceiro colocado - Polônia
A Copa de 82 foi marcada também pela ascensão do futebol africano. Camarões e Argélia, os dois representantes do continente, por pouco não foram à segunda fase. Camarões empatou seus três jogos e só não seguiu na competição por ter feito menos gols que a Itália. Já a Argélia protagonizou a maior "zebra" da Copa ao derrotar a Alemanha por 2 a 1, mas acabou eliminada no saldo de gols -Alemanha e Áustria possuíam saldos mais positivos.

A Copa da Espanha contou com dois dos mais emocionantes e bonitos jogos da história das Copas: Brasil x Itália, na segunda fase, e França x Alemanha, nas semifinais.

O Brasil foi derrotado na segunda fase por 3 a 2 pela Itália -que contou com três gols de seu artilheiro, Paolo Rossi. O Brasil, que precisava só de um empate para passar às semifinais, esteve atrás no placar durante praticamente toda a partida. Falcão conseguiu empatar o jogo aos 23min do segundo tempo, mas, aos 29min, Rossi marcou o gol da classificação italiana.

Já a partida entre França e Alemanha, disputada nas semifinais, terminou empatada no tempo normal (1 a 1) e na prorrogação (3 a 3). Pela primeira vez na história das Copas, uma vaga foi decicida nos pênaltis. A Alemanha acabou vencendo por 5 a 4 e se credenciou para a grande final.

Na decisão, Itália e Alemanha lutavam pelo tricampeonato, que as igualaria ao Brasil -até então, a única seleção detentora de três títulos em Copas. A Itália, que chegara à Espanha criticada por sua torcida e de relações cortadas com a imprensa de seu país, perdeu um pênalti na primeira etapa, mas na segunda marcou três gols, venceu por 3 a 1 e foi campeã pela primeira vez desde 1938.






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Paolo Rossi levanta
a Copa do Mundo

PAOLO ROSSI

Poucos jogadores tiveram uma atuação tão decisiva em Copas quanto o atacante italiano Paolo Rossi em 1982. E tudo levava a crer, antes e durante o Mundial, que Rossi seria apenas um coadjuvante de pouca expressão em meio aos grandes craques.

A Copa da Espanha teve início em 13 de junho. Em abril de 82, acabou uma suspensão de dois anos a que Rossi foi submetido. O atacante foi condenado por participação no escândalo de manipulação de resultados de jogos para beneficiar apostadores na Tottocalcio, a loteria esportiva italiana.

Assim, de revelação italiana na Copa de 1978, Rossi passou a vilão. Mesmo assim, em dezembro de 1981, a Juventus comprou o passe do jogador, então inativo havia quase dois anos, junto ao Perugia. Rossi, livre da suspensão, disputou só três jogos pelo novo clube antes da Copa.

Enzo Bearzot, técnico italiano, resolveu apostar no "Bambino D'Oro" -apelido dado pela torcida italiana em 78-, apesar da oposição da imprensa do país. Rossi foi titular em todos os jogos na Copa. Como sua seleção, foi pífio na primeira fase: não marcou gols e sequer atuou bem.

Na vitória contra a Argentina, no primeiro jogo da segunda fase, teve boa participação, mas continuou sem marcar. A partir do jogo contra o Brasil, Rossi explodiu e praticamente deu o título à Itália.

Contra a seleção, marcou os três gols do time. Nas semifinais contra a Polônia, marcou os dois gols do jogo. E na decisão do título, contra a Alemanha, marcou o primeiro gol da partida, abrindo caminho para a vitória italiana por 3 a 1. Rossi terminou artilheiro do Mundial com os seus seis gols marcados.