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Faltam mulheres na F1. E a categoria começa a questionar a ausência delas

Susie Wolff, piloto de testes da Williams, espera chance para correr na categoria - DIMITAR DILKOFF/AFP
Susie Wolff, piloto de testes da Williams, espera chance para correr na categoria Imagem: DIMITAR DILKOFF/AFP

Do UOL, em São Paulo

06/08/2015 10h14

A Fórmula 1 não tem uma mulher competindo desde que Giovanna Amati piloto a Brabham em treinos de três etapas (África do Sul, México e Brasil) da temporada 1992. Desde então, algumas delas estiveram presentes em testes, treinos e exibições, mas jamais como titular – casos de Sarah Fisher (McLaren), Katherine Legge (Minardi), Simona de Silvestro (Sauber), Maria de Villota (Marussia) e Carmen Jordá (Lotus). Será que chegou a hora de questionar essa ausência?

Para Susie Wolff, sim. Piloto de testes da Williams, a escocesa foi convidada pela revista britânica Autosport a traçar um panorama das mulheres na Fórmula 1 atual. Em sua capa, a publicação aborda o assunto de forma contundente: quando uma mulher pilotará novamente na F1?

“Nosso esporte é só uma pequena parte de uma história maior sobre a participação feminina em todos os esportes. Há um momento por trás do esporte de mulheres – é só olhar para o sucesso da última Copa do Mundo feminina no Canadá – e não há dúvidas de que os tempos estão mudando também no automobilismo”, diz Susie.

Susie Wollf é capa da revista Autosport dedicada a analisar a presença de mulheres na Fórmula 1 - Reprodução - Reprodução
Susie Wollf é capa da revista Autosport dedicada a analisar a presença de mulheres na Fórmula 1
Imagem: Reprodução

Em seu editorial, Susie Wolff relembra mulheres que correram na Fórmula 1 na década de 70, como a britânica Divina Galica e a italiana Lella Lombardi. No entanto, para ela, “o progressso sustentável só será feito quando não for mais estranho ver mulheres correndo e vencendo no automobilismo”.

“Não há dúvidas de que, sendo mulher, você precisa trabalhar mais arduamente para ganhar respeito no início, uma vez que haverá uma leve dúvida de muita gente sobre sua capacidade”, afirmou ela, criticando a falta de oportunidades a mulheres nas categorias de acesso. “Uma vez que você consegue isso, a questão é desempenho – e, no automobilismo, desempenho é poder. O cronômetro não vê gênero, raça ou outro fato; tudo se resume se você é rápido ou lento”, completou.

Em outras categorias, mesmo em monopostos (casos de Fórmula Indy, Fórmula E, GP2, GP3 e Fórmula 3), mulheres não são maioria, mas são presenças recorrentes. Nomes, por exemplo, como os de Danica Patrick, Bia Figueiredo, Milka Duno, Natacha Gachnang, Pippa Mann, Alice Powell e Beitske Visser, além das já citadas Legge e De Silvestro – algumas delas, buscando vagas na Fórmula 1 ainda hoje. E acredite: há vagas para mulheres na F1.

Além de Susie Wolff, a mais próxima é a espanhola Carmen Jordá, piloto de testes da Lotus que conta inclusive com o apoio de Bernie Ecclestone para ganhar espaço. “Ela é muito boa. Perguntamos à Lotus para ver e ela tem feito um bom trabalho para eles”, disse o diretor-executivo da Formula One Management (FOM), segundo o site Motorsport.com. “Ela quer estar na Fórmula 1. Temos que tentar achar o caminho certo, mas ela não está sozinha”, completou.

Antes, Danica Patrick foi cotada para a USF1 (equipe norte-americana que correria a partir de 2010, mas que não saiu do papel), enquanto Simona de Silvestro chegou a testar pela Sauber durante um ano. Segundo Bernie, nenhuma delas quis correr de fato na Europa. “Elas querem permanecer nos Estados Unidos”, disse. Curiosamente, a suíça disputou a última etapa da Fórmula E pela equipe Andretti em Londres, e já foi anunciada pelo time como titular para a próxima temporada da categoria.

Em seu texto, Susie Wolff admitiu que há diferenças no condicionamento físico de homens e mulheres para um carro de F1, mas assegura que a preparação é capaz de superar este obstáculo. “Estou 100% convencida de que não há impedimento físico para as mulheres correrem na Fórmula 1”, disse, indo além na questão de gênero e rebatendo o caráter masculino da F1.

“Por que uma mulher deveria negar sua feminilidade apenas para se adequar às expectativas do mundo das corridas? Sou uma mulher, piloto carros, e se há vantagem em termos de encontrar patrocínio ou apoio, então vou aproveitar isso ao máximo. As corridas são sobre isso: achar uma vantagem competitiva e explorá-la. Isso pode abrir novas portas para mim e para outras mulheres que pilotam, o que é ótimo”, completou.

Susie Wolff esteve cotada para pilotar pela Williams como reserva em duas ocasiões nos últimos anos. A primeira, na reta final da temporada 2013, quando os desentendimentos de Pastor Maldonado com o time quase custaram a vaga do venezuelano nas últimas corridas da temporada; depois, no começo da temporada 2015, substituindo Valtteri Bottas após acidente do finlandês no começo do ano.

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