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Após 4 vitórias seguidas, Hamilton vira ativista por F1 mais competitiva

Lewis Hamilton, piloto da Mercedes em 2019 - William West/AFP
Lewis Hamilton, piloto da Mercedes em 2019 Imagem: William West/AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Spielberg (AUT)

27/06/2019 16h37

Com a vitória de ponta a ponta no GP da França, sem ser ameaçado em nenhum momento, Lewis Hamilton agora tem 36 pontos de vantagem na liderança do campeonato. Mais do que isso, são quatro vitórias seguidas, em um ano em que só a sua equipe, a Mercedes, conseguiu ganhar até agora. Assim, mesmo com apenas oito corridas disputadas, o inglês já caminha a passos largos para a conquista do hexacampeonato mundial.

Mas Hamilton foi um dos dois representantes da associação dos pilotos que estiveram presentes em uma reunião com os dirigentes da Fórmula 1 para discutir as regras que devem ser adotadas a partir de 2021. Perguntado pelo UOL Esporte sobre o que achou da reunião, o inglês limitou-se a sorrir e dizer que ela foi "interessante". E deixou claro que não está contente com a situação, mesmo dominando o campeonato.

"Eu definitivamente não quero ser o cara que vai tornar a F1 chata. Acho que o que os fãs têm de entender é que não é nossa responsabilidade. Nós fazemos o show, mas são as pessoas que comandam o esporte que o tornam chato", disse o piloto com exclusividade ao UOL Esporte.

"Gosto de disputar com os outros pilotos. Não quero que as coisas continuem sendo desse jeito. Não quero ser seis décimos mais rápido na classificação. Gosto quando vejo nos treinos livres que um décimo divide os seis primeiros, ou algo do tipo porque isso significa que a pressão é ainda mais forte e a pressão aumenta e eu realmente preciso dar o máximo. Mas, infelizmente, não é assim que a F-1 está estruturada."

Hamilton não está sozinho. Em caso raro na história da Fórmula 1, os pilotos estão unidos na tentativa de terem alguma voz na mudança do regulamento. O que atualmente está sendo discutido entre a detentora dos direitos comerciais - a Liberty Media - a federação internacional de automobilismo e as equipes. São várias as alterações propostas, que vão do formato do final de semana ao carro, a fim de aumentar a competitividade da categoria.

O que Hamilton e o outro representante dos pilotos, Nico Hulkenberg, foram pedir na reunião de Paris é a diminuição das diferenças de performance entre as equipes, mesmo que isso signifique que mais peças sejam padronizadas. Essa é uma ideia que enfrenta muita resistência das equipes, uma vez que o fato de cada time fazer seu carro é o que diferencia a F-1 dos demais campeonatos de automobilismo.

Justamente por isso, Hamilton não tem certeza de que uma ideia, que parece tão óbvia em um momento em que o domínio da Mercedes é visto como negativo para que os fãs mantenham o interesse no campeonato, vá ser levada adiante. "Não tenho certeza se consigo ver uma mudança no momento porque o pessoal no topo só fica brigando e não conseguem tomar decisões!", disse o inglês ao UOL Esporte.

De fato, na reunião em que os dois pilotos estiveram presentes - algo inédito nas últimas décadas - a única decisão tomada foi a de adiar a definição das novas regras para outubro.

Hamilton defende, assim como seu chefe, Toto Wolff, que as regras permaneçam estáveis por longos períodos. "Toda vez que eles mudam as regras e permitem saídas e todas as coisas que eles criam que permitem que cada equipe faça um carro diferente. Infelizmente, eu sou o cara que está no melhor carro - infelizmente e felizmente, sou o cara que está na ponta - e as pessoas podem jogar na minha conta. Mas é devido às regras."

Hamilton já está na Áustria onde a Fórmula 1 realiza nesta sexta-feira os primeiros treinos livres para a nona etapa do campeonato.

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