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Pilotos entram em discussão sobre futuro da F1. Mas não chegam a um acordo

Só o meio do pelotão está competitivo na F1 neste ano - Dan Istitene/Getty Images
Só o meio do pelotão está competitivo na F1 neste ano Imagem: Dan Istitene/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Spielberg (AUT)

29/06/2019 04h00

A Fórmula 1 está passando por um momento de autocrítica depois das oito vitórias seguidas da Mercedes no campeonato até aqui. O time alemão foi quem melhor se adaptou às mudanças de dimensões das asas e também à nova construção de pneus, alterações que visavam aumentar a competitividade das corridas, mas que acabaram tornando as corridas mais previsíveis até aqui. Tudo isso acontece enquanto os times e o comando da F-1 buscam definir as regras para 2021, em discussões que, desde a semana passada, contam também com os pilotos.

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Um dos representantes tanto na reunião da semana passada em Paris sobre as regras de 2021, quanto nesta sexta-feira no Red Bull Ring sobre os pneus da atual temporada, Lewis Hamilton garantiu ao UOL Esporte que os pilotos estão unidos em suas demandas. "Concordamos em alguns pontos principais que precisam ser discutidos, como peso e aerodinâmica, mas ainda não tivemos tempo de sentar e discutir propostas. Esse é o próximo passo. O que precisamos é de propostas que não atendam interesses específicos, mas sim o bem comum do esporte."

De fato, todos os pilotos defendem o mesmo: o que falta na Fórmula 1 hoje é que o mesmo nível de competitividade do sétimo colocado para trás se repita nas posições da frente. "Adoraria ver um campeonato como o de 2012, em que você ia para a corrida sem saber quem seria o vencedor. Isso acabou. Hoje, você sabe quem vai estar nas seis primeiras posições - e agora chegou num ponto em que você sabe até onde cada um deles vai terminar. As disputas no meio do pelotão têm sido ótimas, mas são os carros da frente que são mostrados e cria essa noção de que as corridas são ruins", afirmou Alex Albon, estreante nesta temporada pela Toro Rosso.

Max Verstappen, piloto da Red Bull - Benoit Tessier/Reuters - Benoit Tessier/Reuters
Imagem: Benoit Tessier/Reuters

As divergências começam, contudo, quando a conversa é como conseguir isso.

Piloto da Red Bull, que tem uma parceira com a Honda, cujo motor não é tão potente quanto os líderes, Max Verstappen defende uma revisão total do regulamento.

"É uma combinação de um carro que gera pressão aerodinâmica de uma forma diferente e pneus. Além disso, as diferenças entre os motores ainda são muito grandes, então poderíamos diminuir isso tornando-os menos complexos", disse o holandês. "Talvez se andássemos um ou dois segundos mais lentos, mas podendo seguir o rival mais de perto, já seria ótimo. Isso não é só relacionado ao carro, já que os pneus se superaquecem se você fica muito perto por muitas voltas, daí você fica deslizando e tem que parar antes, etc. Isso compromete toda a corrida."

Pneus e teto de gastos

Os pneus, inclusive, são outro ponto em que os pilotos não concordam: uns, como Hamilton e Romain Grosjean, defendem que eles sejam mais duráveis para que os pilotos possam forçar o ritmo por toda a corrida. Outros, como Sergio Perez, querem mais degradação.

O mexicano, inclusive, defende que o dinheiro dos direitos comerciais seja mais bem dividido, algo que interessa muito a sua equipe, a Racing Point.

"Não dá para começar a temporada com uma equipe ganhando 200 milhões de euros a mais que outra. Como dá para competir assim? Outro ponto importante é não mudar tanto as regras, porque é algo que sempre faz as equipes estarem mais próximas, e colocar outro fator que permita um pouco de variabilidade, como os pneus. Eu não gosto de pneus de alta degradação e acho que ninguém gosta, mas pelo menos eles dão a chance de você fazer algo diferente, como conseguimos fazer em 2012 com a Sauber."

Mesmo com as divergências, a chefia da Fórmula 1 tem visto como produtiva a presença dos pilotos nas discussões sobre as regras da categoria. A dificuldade, contudo, é chegar em um acordo. A definição das novas regras vem sendo atrasada seguidamente desde o ano passado, e deve sair apenas em outubro.

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