Palmeiras vê boas campanhas e vitórias serem ofuscadas por crises extracampo
O Palmeiras chegou às semifinais do Campeonato Paulista, do qual foi eliminado pelo Corinthians mesmo sem perder o jogo, caiu nas quartas de final da Copa do Brasil graças a um resultado anormal diante do Coritiba e é o quarto colocado do Campeonato Brasileiro. De quebra, é o segundo time da elite nacional com o menor número de derrotas na temporada, perdendo apenas para o Flamengo nesta estatística. Ainda assim, o clube não consegue se livrar de jeito nenhum do rótulo de “fábrica de problemas”.
A expressão foi assinada embaixo pelo próprio goleiro Marcos, maior ídolo da atualidade e um dos grandes nomes da história do clube, após a boa vitória por 3 a 0 sobre o Santos no último domingo, em clássico válido pela nona rodada do Brasileirão. Pela segunda vez no campeonato, o time conseguiu uma vitória com placar amplo e atuação destacada, mas tal como na goleada contra o Avaí, após o jogo ninguém queria falar do resultado, mas sim de um novo problema extracampo.
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Coincidentemente, nestes dois jogos os problemas foram o primeiro e o até agora último capítulo da “novela Kleber”. No dia do placar elástico contra os catarinenses, Kleber usou os microfones para mostrar insatisfação com uma entrevista do presidente Arnaldo Tirone e avisou que se tinha uma oferta do Flamengo, iria analisá-la. Pronto, depois daquilo ninguém mais queria falar dos 5 a 0.
Neste domingo foi a vez de o técnico Luiz Felipe Scolari ser mais perguntado sobre a ausência de Kleber na concentração palmeirense do que sobre a surpreendente vitória por 3 a 0 sobre o Santos. Cansado da rotina de problemas do Palmeiras, mas bem humorado como de costume, Felipão suplicou: “Vamos falar dos 3 a 0 porque temos um milagre aqui. 3 a 0 no Santos? 1 a 0 já seria goleada, 3 a 0 então está feliz demais”. Isso depois de responder pelo menos a quatro perguntas sobre o caso Kleber, avisar que não falaria mais do assunto e ver a sala de coletiva se esvaziar na hora de realmente falar do jogo.
Os jogadores foram igualmente interpelados sobre a história do ‘Gladiador’, e Marcos, assim como Felipão, usou do humor para responder. “Aqui é uma fábrica de problemas, com certeza”, divertiu-se o ‘Santo’, depois admitindo como os problemas extracampo afetam o cotidiano do clube. “Como venceu, fica tranquilo, mas o desgaste emocional antes do jogo... Porque a gente sabe que mesmo se ganhar, vão perguntar do Kleber. Você fica um pouco desestabilizado, os caras na concentração quando viram que ele não estava ficaram ‘Cadê o Kleber, cadê o Lincoln?'. Depois o Felipão chamou a gente e conversou. Se não houvesse esses problemas, nossa semana seria melhor”.
A vitória sobre o Avaí foi a maior goleada do Palmeiras em 2011, e o êxito contra o Santos foi uma das grandes performances do time no ano. Mas não foram só esses resultados que ficaram ofuscados diante das polêmicas que ultrapassam as quatro linhas.
Durante o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil, o Palmeiras viu suas boas campanhas ficarem de lado quando Kleber criticou Felipão no Twitter e quando a renovação de Marcos Assunção se arrastou por quase dois meses. Antes da estreia do Brasileirão, o time teve de lidar com as críticas que o presidente Arnaldo Tirone fez ao meia Valdivia, e já durante a disputa do Nacional, a crise se instaurou quando Felipão declarou guerra ao grupo de empresários DIS e afastou Tinga do elenco. Tudo isso sem contar as eternas brigas entre dirigentes que fazem do Palmeiras talvez o clube com a política mais instável do futebol brasileiro.
E para tentar manter o time nos trilhos mesmo com tantos problemas em volta, Felipão dá sua receita: “É difícil, só tomando muita água para não ficar com dor de cabeça”.
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