Topo

Embalado por Felipão, Palmeiras encara técnico jovem, teórico e em alta

Tiago Nunes assumiu o Atlético-PR na parada da Copa e fez a equipe embalar - Jason Silva/AGIF
Tiago Nunes assumiu o Atlético-PR na parada da Copa e fez a equipe embalar Imagem: Jason Silva/AGIF

Leandro Miranda e Napoleão de Almeida

Do UOL, em São Paulo

05/09/2018 09h50

O Palmeiras vive excelente momento desde a chegada de Luiz Felipe Scolari, há pouco mais de um mês. A defesa parou de sofrer tantos gols, o time engrenou uma sequência de resultados positivos e até a briga pelo título do Brasileirão, que parecia distante, agora é um objetivo alcançável. E nesta quarta-feira (5), o alviverde terá pela frente mais um teste para se manter em alta no campeonato: o Atlético-PR de Tiago Nunes, treinador que repete o roteiro de Felipão no Palmeiras, mas com um perfil bem diferente. A bola rola a partir das 21h, no Allianz Parque.

O aproveitamento dos dois treinadores até aqui é espetacular. Felipão e sua comissão técnica comandaram o Palmeiras em dez jogos (contando o jogo com o Bahia em que o auxiliar Paulo Turra esteve no banco), somando seis vitórias, três empates e só uma derrota, em que o time jogou com um a menos praticamente o tempo todo contra o Cerro Porteño na Libertadores. O rendimento é de 70% dos pontos disputados com o técnico de 69 anos, multicampeão e ídolo do clube, que substituiu o demitido Roger Machado.

Já Tiago Nunes, 38 anos e sem passado como atleta profissional, entrou no lugar de Fernando Diniz durante a parada da Copa do Mundo. Ele dirigiu o Atlético-PR em 12 jogos, com sete vitórias, quatro empates e uma derrota, com aproveitamento de 69,4% dos pontos disputados. O time paranaense vem de quatro vitórias seguidas e não perde na temporada há mais de um mês. O último revés foi um 2 a 1 para o Cruzeiro em 22 de julho, no Mineirão.

Nunes tinha apenas dois anos de idade quando Felipão pendurou as chuteiras e passou a treinar o CSA, que levou ao título alagoano em 1982. Nascido em Santa Maria, gaúcho como Felipão, o comandante do Atlético-PR nunca foi jogador, mas também conquistou um título estadual em seu primeiro ano como técnico efetivo de uma equipe profissional: em 2010, pelo Rio Branco do Acre, depois de anos como preparador físico e auxiliar.

Há pouco mais de um ano, Nunes chegou ao Furacão depois de se destacar pelo Veranópolis. Chamou a atenção dos dirigentes atleticanos, que apostaram nele primeiro para o time Sub-19. Depois, comandou a equipe de aspirantes, que acabou campeã paranaense de profissionais em 2018. E após a saída de Fernando Diniz, recebeu a chance de dirigir o time principal.

Tiago Nunes, embora também não tenha contato frequente com a imprensa, é muito mais detalhista que Felipão em suas respostas, evitando atritos em entrevistas coletivas. Sempre procura explicar as intenções que pensou para sua equipe, muitas vezes com o uso de termos táticos.

Não existem apenas diferenças, no entanto. Nunes não esconde do público o que mais admira em Felipão: a gestão de grupo. Ele também costuma proteger publicamente seus jogadores, como Scolari fez recentemente após a expulsão de Felipe Melo aos 3 minutos contra o Cerro. Com a saída de Diniz, Nunes reaproximou do time atletas que não vinham sendo utilizados, como Raphael Veiga. Com ele, foram 26 jogadores em campo nos 12 jogos que dirigiu - Felipão também tem recebido muitos elogios pelo rodízio que vem implantando no Palmeiras, por manter quase todos os jogadores motivados, descansados e valorizados.

O Palmeiras deve ir a campo com uma equipe considerada próxima da ideal por Felipão, já que o time "alternativo" jogou a última rodada contra a Chapecoense, no final de semana. Se vencer, o time terá a chance de diminuir ainda mais a distância para o líder São Paulo, que hoje é de seis pontos. Para isso, no entanto, precisará superar um time que vive fase tão boa quanto a sua.