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Conmebol antecipa audiência do 'caso Gallardo'. Grêmio é surpreendido

Marcelo Gallardo, treinador do River Plate, descumpriu suspensão imposta pela Conmebol - ALEJANDRO PAGNI / AFP
Marcelo Gallardo, treinador do River Plate, descumpriu suspensão imposta pela Conmebol Imagem: ALEJANDRO PAGNI / AFP

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

01/11/2018 23h34

O Tribunal Disciplinar da Conmebol antecipou a audiência que irá julgar o 'caso Gallardo', envolvendo River Plate e Grêmio. A sessão estava marcada para sábado, às 13h30 (Brasília) e agora acontecerá a partir das 11h (Brasília) desta sexta-feira. O clube gaúcho foi surpreendido com a alteração, mas estará na reunião para apresentar seus argumentos em busca de pena ao time argentino e vaga na final da Libertadores 2018.

Consultada pelo UOL Esporte, a Conmebol justificou a mudança pela entrega de defesa do River Plate antes do final do prazo processual.

O Grêmio reclama que a intimação com novo horário chegou somente às 20h (Brasília) desta quinta-feira. Nos bastidores, a surpresa tem uma ponta de irritação.

"Eu nem sei o que cogitar. Montamos defesa para sábado, aí antecipam e como fica? O que podemos pensar de bom nisso?", disse Nestor Hein, vice jurídico do Grêmio, à rádio Grenal. "Vou pelo lado positivo, a intenção da Conmebol de dar celeridade ao assunto. As razões para a antecipação eu desconheço", afirmou Romildo Bolzan Jr., presidente do clube gaúcho.

De acordo com a Conmebol, a decisão sobre o caso deve sair no final da tarde desta sexta-feira. Em contato com o Grêmio, a entidade negou que o River Plate tenha representantes já em Luque, no Paraguai. A diretoria da confederação, no entanto, não concedeu adiamento do início da audiência reagendada.

"Claro que nos pegou de surpresa. Isso nos deixou completamente fora da logística. Comuniquei isso ao presidente da Conmebol, pedi para adiar um tanto. Fizemos uma série de contatos e conseguimos um voo privado para 7h. Mas achei estranho antecipar. Fica complexo, fica ruim, mas ajustamos. Não vamos ficar sem defesa lá, não vão deixar de produzir nossas provas", declarou Bolzan Jr. à rádio Gaúcha.

Entenda o caso

Na segunda-feira à noite, Marcelo Gallardo foi suspenso por uma partida, e o River Plate multado em 20 mil dólares (R$ 74,4 mil, na cotação atual) por reincidência em atraso para o segundo tempo. No dia seguinte, o treinador assistiu ao jogo contra o Grêmio em uma cabine de imprensa da Arena.

A transmissão do Sportv, contudo, flagrou o uso de um rádio comunicador para contato direto entre Gallardo e a comissão técnica do River. Além disso, o treinador foi ao vestiário visitante no intervalo para passar instruções.

Ao ver a cena, dirigentes do Grêmio denunciaram a entrada do argentino aos funcionários da Conmebol, e os mesmos aguardaram para produzir provas. Depois da partida, com a virada e classificação à final, Gallardo cometeu outra infração e deu coletiva na zona mista. Antes, o auxiliar Matías Biscay ironizou. "Talvez ele estivesse falando com sua família na Argentina", disse, ao responder sobre o uso do rádio comunicador.

"Talvez eu tenha descumprido uma regra de não poder entrar no vestiário, porque não estava permitido. Eu reconheço e assumo (o erro), mas era o que eu precisava. O que eu sentia que tinha que fazer e não me arrependo", afirmou Gallardo, depois do jogo.

O Grêmio quer punição semelhante à aplicada nos casos de Chapecoense e Santos, em 2017 e 2018, respectivamente. A tese do clube gaúcho é que Marcelo Gallardo foi utilizado de forma irregular. Os dirigentes citam os artigos 176 do Regulamento Geral de Competições da Conmebol e artigos 19, 56 e 76 do Regulamento Disciplinar. No mesmo recurso, os gremistas contestam a ação da equipe do árbitro de vídeo da partida em Porto Alegre quando do primeiro gol do River Plate, marcado por Rafael Borré.