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Quem pode pedir? Quando deve ser acionado? Tudo o que se sabe sobre o VAR

O árbitro Joel Aguilar consulta o vídeo para marcar pênalti no jogo Suécia x Coreia do Sul - Adam Pretty - FIFA/FIFA via Getty Images
O árbitro Joel Aguilar consulta o vídeo para marcar pênalti no jogo Suécia x Coreia do Sul
Imagem: Adam Pretty - FIFA/FIFA via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

18/06/2018 21h00

Principal novidade implantada na Copa do Mundo da Rússia, o sistema de árbitro de vídeo, também chamado de VAR (sigla em inglês para "Video Assistant Referee"), pode ter ajudado a sanar dúvidas do apito com bola rolando, mas está criando novas polêmicas quando o assunto é o apito. A revisão ou não de jogadas duvidosas foi o tema que permeou a estreia da seleção brasileira, que levou o empate por 1 a 1 diante da Suíça, no último domingo, na Arena Rostov, após o atacante Zuber empurrar o zagueiro Miranda na pequena área para se livrar da marcação e, assim, cabecear para a meta de Alisson.

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Ao reclamar com o árbitro mexicano Cesar Ramos sobre o empurrão, os jogadores do Brasil argumentaram que o replay fora exibido no telão do estádio e solicitaram que ele assistisse ou revisasse a jogada, o que não ocorreu. Nesta segunda-feira (18), a Fifa esclareceu que os árbitros de vídeo revisaram o gol suíço, mesmo sem o pedido do juiz de campo, e interpretaram a decisão como correta. A CBF, no entanto, vai formalizar queixa em que questiona o protocolo da entidade para o uso do VAR.

Como a própria Fifa enfatiza, a adoção do vídeo é recente e está sendo afinada conforme situações de risco têm surgido. Embora já esteja ativo em algumas ligas europeias, o grande laboratório do VAR é o Mundial da Rússia. Questões sobre o uso ou não da tecnologia em certas situações de jogo surgirão até a final da Copa, dia 15 de julho, em Moscou. Neste texto, o UOL Esporte busca sanar as questões mais frequentes sobre o assunto.

Quando o VAR poderá ser acionado nas partidas?

Existem quatro situações primordiais, de acordo com o protocolo da Fifa: lances de gol (para checar se houve ou não alguma ilegalidade), aplicação de cartão vermelho (para avaliar a necessidade ou atestar um lance violento que não tenha sido visto pelo árbitro de campo), marcação de pênalti ou identificação de um atleta para punição.

Como ocorre a solicitação do uso do VAR?

Há duas maneiras: ou o árbitro de campo consulta o vídeo antes de tomar uma decisão final (apenas em lances interpretativos) ou pode acatar a sugestão dos auxiliares de vídeo, que usam a comunicação via rádio para avisar caso notem alguma irregularidade. Pelo protocolo da Fifa, é essencial que o juiz sinalize sobre o uso do VAR, "desenhando" com gestos uma tela de TV, para que o público entenda o que está acontecendo no estádio. O recurso pode ser acionado quantas vezes for necessário em um jogo.

De quem é a decisão final quando o VAR é utilizado?

Em qualquer situação, quem dá o veredito é o árbitro de campo. Ele não só pode acatar a sugestão de revisão vinda dos auxiliares de vídeo como tem autoridade suficiente para ignorá-la e seguir com a marcação inicial.

No jogo entre Brasil e Suíça, o mexicano Cesar Ramos teve convicção da legalidade do gol dos europeus e de que Gabriel Jesus não sofreu pênalti em disputa pela bola com Akanji, no segundo tempo, por isso não solicitou auxílio da tecnologia. A Fifa ponderou posteriormente que os auxiliares de vídeo revisaram os lances e não contestaram as decisões do árbitro, usando a expressão "play on" ("segue o jogo") na comunicação via rádio. Ainda que alguma dúvida pudesse ter ficado na análise das imagens, recorrer ou não ao VAR continuaria sendo uma decisão unilateral do árbitro de campo.

árbitro brasil suíça - Darren Staples/Reuters - Darren Staples/Reuters
Imagem: Darren Staples/Reuters

O que é "silent check"?

Segundo o protocolo da Fifa, todas as jogadas de uma partida são analisadas em tempo real pelos auxiliares de vídeo. Isso é o "silent check", ou checagem silenciosa. Esse "silêncio" é quebrado quando alguém da equipe do VAR acha necessário avisar ao árbitro de campo sobre uma infração. Foi o que ocorreu, de acordo com a Fifa, na partida entre Brasil e Suíça. Neste caso, a opção foi por reiterar as decisões do mexicano Cesar Ramos - o "play on", citado no tópico acima.

O árbitro poderia rever o lance no telão do estádio caso o replay fosse exibido?

Essa dúvida surgiu porque o empurrão de Zuber em Miranda foi exibido na Arena Rostov após o gol da Suíça. Os jogadores do Brasil apontaram para o replay no telão e reivindicaram que o árbitro revisse o lance, o que acabou não ocorrendo. A situação gerou incômodo na Fifa, que orienta as arenas a não reprisarem lances polêmicos para evitar pressão excessiva à arbitragem.

O VAR também é consultado para checar se a bola entrou no gol?

Não. Nesse caso, entra em campo outro recurso: a Goal-Line Technology, já utilizada na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Cada meta é equipada com câmeras de alta precisão, que formam uma espécie de campo magnético capaz de detectar em poucos segundos se a bola cruzou a linha. Se for gol, o árbitro recebe um aviso eletrônico pelo relógio. Se nenhum sinal for emitido para o equipamento, é sinal de que ela não entrou completamente, como manda a regra.

Neste ano, a tecnologia ajudou a validar o segundo gol da França na vitória por 2 a 1 sobre a Austrália. O mesmo jogo ficou marcado como o primeiro na história das Copas a ter um lance definido por VAR.

Gol França - AFP - AFP
Imagem: AFP

O VAR pode ser utilizado em lances interpretativos?

Pode, sim. Por exemplo, para avaliar se um toque de mão na bola foi intencional ou não. Nesses casos, o árbitro de campo sinaliza o auxílio do VAR e checa o replay na tela que fica à beira do campo para tomar a decisão final.

Como é composta a equipe responsável pelo VAR?

Quatro profissionais são escalados para checar as imagens das câmeras de transmissão em busca de possíveis infrações:
- Árbitro assistente de vídeo (VAR): É o responsável por liderar a equipe de revisão e por se comunicar com o árbitro de campo.
- Assistente do árbitro assistente de vídeo 1 (AVAR 1): Entre suas funções está informar o VAR sobre o jogo enquanto um lance é revisado.
- Assistente do árbitro assistente de vídeo 2 (AVAR 2): Fica exclusivamente atento a impedimentos e busca antecipar jogadas irregulares para acelerar o processo de revisão.
- Assistente do árbitro assistente de vídeo 3 (AVAR 3): Entre outras atribuições, auxilia o VAR nas avaliações e é responsável pela comunicação entre VAR e AVAR 2.

Na Copa do Mundo da Rússia, a equipe de árbitros de vídeos fica em uma estação específica, em Moscou. Todas as imagens das câmeras dos 12 estádios do torneio são transmitidas por fibra óptica até a central.

VAR - Julio Gomes/UOL - Julio Gomes/UOL
Imagem: Julio Gomes/UOL

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