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Seleção se arrepia com música nova e finalmente cria conexão com torcida

Dassler Marques e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Petersburgo (Rússia)

21/06/2018 04h00

Renato Augusto ficou arrepiado e Marcelo quase foi para a torcida. Casemiro, Willian e Douglas Costa tentaram acompanhar o lateral, sendo contidos apenas por policiais que controlavam o protocolo de segurança da Fifa. Integrantes da comissão técnica não escondiam a empolgação e, a exemplo de jogadores, inclusive Neymar, reverenciaram a festa em suas redes sociais. E a seleção brasileira, enfim, viveu um momento de conexão mais forte com seus fãs na Copa do Mundo da Rússia. 

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Na chegada a São Petersburgo, na noite da última quarta-feira (20), a delegação experimentou uma sensação inédita de contato com o povo nas ruas da cidade depois de exatamente um mês de preparação e competição. Após os isolamentos em Teresópolis (Granja Comary), Londres, Sochi e Rostov, o time foi embalado por uma nova música e quebrou a frieza que marcava a concentração caracterizada pela distância da torcida.

A chegada ao hotel foi embalada por aproximadamente 400 torcedores. Eles correram pela rua depois de notar que o ônibus, por protocolo Fifa, utilizaria uma entrada alternativa para os atletas. Os fãs, então, cantaram diversas músicas de arquibancada para a seleção. Entre elas, porém, uma que se espalhou faz menção aos cinco títulos mundiais:

"Em cinco oito [58] foi Pelé, em meia dois [62]  foi o Mané. Em sete zero [70] esquadrão, primeiro a ser tricampeão. Oooooô, 94 Romáriô, 2002 Fenomenô..primeiro tetracampeão, único pentacampeão. Ooooô, Brasil olê, olê, olê. Brasil olê, olê, olê".   

"Em 2014, a torcida era muito espalhada. Gente que não se empolgava, não se animava. Os argentinos deram um banho. Desta vez resolvemos nos organizar", contou Dinarth Souto, um dos organizadores. "Não somos tantos, mas vamos fazer barulho. É hora de reagir, cantar músicas novas. Não podemos deixar os argentinos fazendo mais festa que a gente", explicou. 

A mobilização para animar o Hotel Corinthia, onde a seleção se hospeda em São Petersburgo, começou por Facebook e principalmente WhatsApp há mais de quatro meses. Por meio das redes sociais, torcedores com ida prevista à Rússia começaram a criar músicas e tentar disseminar uma cultura de apoio à seleção. A festa de quarta chamou atenção até de policiais russos, que chegaram a registrar a agitação em seus celulares. 

Dentro do cerco, jogadores pulavam dentro do ônibus, tentavam se aproximar do povo e gravavam tudo. Da sacada do hotel, auxiliares, preparadores físicos, fisioterapeutas e médicos também faziam registros. A delegação fez questão de compartilhar a alegria em imagens nas redes sociais. A música ganhou força e caiu no gosto da torcida em Twitter, Instagram e Facebook.

O evento que sensibilizou jogadores e comissão técnica, na noite de quarta-feira, é apenas o início. O mesmo grupo tem ensaios previstos para esta quinta-feira e quer promover uma festa ainda maior no Estádio Krestovsky, onde o Brasil enfrenta Costa Rica às 9h (de Brasília) desta sexta-feira. A logística mais fácil para viajar até uma das maiores cidades russas favorece o deslocamento, diferentemente de Rostov-on-Don, palco do duelo anterior com a Suíça.