Lesão e polêmicas transformam "conto de fadas" de Salah em Copa frustrada
Astro e artilheiro do Liverpool com 44 gols na temporada europeia, goleador das Eliminatórias da África e apontado como um dos melhores jogadores do planeta. Mohamed Salah chegou à Copa do Mundo vivendo o momento mais espetacular da carreira e carregando sobre os ombros a imensa expectativa do Egito, que não participava de um Mundial havia 28 anos. Mas a lesão sofrida na final da Liga dos Campeões e uma série de polêmicas extracampo envolvendo a federação transformaram esse "conto de fadas" em uma passagem rápida e frustrada pela Rússia.
- Assista aos gols de Arábia Saudita 2 x 1 Egito
Não é possível falar da participação apagada de Salah na Copa sem voltar um mês no tempo. Aos 30 minutos do primeiro tempo da final entre Liverpool e Real Madrid, em 26 de maio, o atacante se envolveu em disputa com Sergio Ramos e levou a pior: caiu de mau jeito, bateu o ombro esquerdo no chão e precisou deixar o campo, chorando de dor. Houve quem apontasse maldade do zagueiro espanhol na jogada. Ramos sustenta que foi um lance de jogo.
O Real venceu o jogo por 3 a 1 e foi campeão. Mas o calvário de Salah estava só começando. Diagnosticado com um deslocamento do ombro, ele imediatamente teve sua participação na Copa do Mundo colocada em risco. O Egito prendeu a respiração enquanto sua estrela fazia sessões intensivas de fisioterapia para se recuperar da lesão no tempo mais curto possível. Sem ele, o grupo A, que parecia acessível com Rússia, Uruguai e Arábia Saudita, ficava muito mais difícil de ser superado.
Mesmo com todos os esforços, não foi possível escalar Salah na estreia contra o Uruguai. O Egito se defendeu e tentou proteger o empate, mas perdeu com um gol de bola parada no fim. Na segunda partida, o camisa 10 voltou, mas longe da melhor condição física. Marcou um gol de pênalti, mas pouco mais conseguiu fazer diante da potência física dos russos, que atropelaram nos contra-ataques, fizeram 3 a 1 e eliminaram o Egito.
Em meio a tudo isso, controvérsias fora do campo aumentavam a frustração de Salah. A federação egípcia estabeleceu a delegação do time na Chechênia e permitiu que o líder local Ramzan Kadyrov, acusado de crimes contra a humanidade, posasse para fotos com o jogador, desse a ele uma medalha e o tornasse até mesmo um cidadão honorável da região, de maioria muçulmana. Segundo relatos da imprensa europeia, o atacante se irritou com o que considerou o uso de sua imagem para fins políticos e cogitou até abandonar a seleção.
O capítulo final de Salah na Copa também foi melancólico. A federação do Egito chegou a divulgar a escalação para o jogo contra a Arábia Saudita sem seu camisa 10, alimentando os rumores, mas pouco depois publicou uma segunda versão com o astro. Em campo, ele fez um belo gol, mas não comemorou. Correu pouco, desperdiçou outras chances e viu seu time ser acuado pelos sauditas, até levar a virada no último lance.
Salah se despede da Rússia com dois gols, mas com um saldo final incontestavelmente negativo. Aos 26 anos, e no auge do seu jogo, ele ainda pode sonhar com mais uma Copa pelo Egito em alto nível. Por enquanto, seus compatriotas torcem para que o abatimento após a derrota para os sauditas não tenha sido sua última imagem com a camisa da seleção.
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