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Esqueça a vibe Bahia-2014. Alemanha caiu tensa e com jogadores se xingando

Khedira não se conforma com derrota da Alemanha contra a Coreia do Sul - Getty Images
Khedira não se conforma com derrota da Alemanha contra a Coreia do Sul Imagem: Getty Images

Marcel Rizzo

Do UOL, em Kazan (Rússia)

27/06/2018 13h16

Na Copa da Rússia, a Alemanha não foi a Alemanha a que estamos acostumados. Tradicionalmente organizada, o time não se encontrou nem fora, nem dentro de campo. Problemas de logística, convocação e formação da equipe criaram um time desorganizado em campo, que acabou eliminado após a derrota por 2 a 0 contra a Coreia do Sul. Pior, um grupo de jogadores irritados, bem longe da frieza com a qual os alemães são conhecidos ou da alegria que mostraram na Copa do Brasil em 2014, quando fizeram da Bahia sua casa e esbanjaram simpatia com os torcedores brasileiros.

Copa-2018: Assista aos gols de Coreia do Sul 2 x 0 Alemanha

O lance que caracteriza essa “louca Alemanha” talvez seja o fatal para a eliminação, Nos acréscimos, perdendo por 1 a 0, o goleiro Neuer desesperado foi ao ataque e lá ficou. Foi ele que perdeu a bola que, no contra-ataque, levou a Coreia a marcar o segundo gol, sacramentando o resultado. Ele já havia feito isso contra o México, no 1 a 0 contra na estreia. E também quase sofreu gol no contra-ataque.

Quando algo não dava certo, a reclamação passou a ser a regra, não a exceção para os alemães. Contra a Coreia do Sul, em Kazan, o jovem Timo Werner, o mais novo em campo aos 22 anos, nem parecia um novato: reclamava após erros de passes de atletas mais experientes (e campeões do mundo), como Kroos ou Ozil.

Braços levantados, cabeça balançando, aquele gesto de dar as costas ao lance, todas ações tradicionais em times com sangue mais quente como Brasil e Argentina, viraram normal para a Alemanha na Copa-2018. Mesmo campeões do mundo exageraram nas reclamações. O exemplo, aqui, é goleiro Neuer, um dos líderes da equipe.

Na vitória de 2 a 1 sobre a Suécia, o time saiu perdendo, virou só aos 49 do segundo tempo, mas o goleiro passou boa parte da partida gritando com os companheiros. Frente aos coreanos, parecia mais calmo, mas não estava em uma tarde muito inspirada. Por duas vezes quase falhou feio em campo – lembrando que ele ficou a temporada europeia inteira sem entrar em campo, lesionado, e sua escolha para ser titular do time desagradou ao goleiro que estava em campo pela equipe em sua ausência, o barcelonista Ter Stegen.

No banco de reservas, o sempre reservado Joachim Low ficou longe daquela imagem conhecida, sentado com as pernas cruzadas. À beira do campo, gesticulava muito, se agachava e parecia não entender como um time ainda recheado de bons jogadores campeões mundiais de 2014, reforçados por novatos talentosos, não rendia em campo.

Fora de campo, as coisas também não andavam bem. Na suada vitória contra a Suécia, por exemplo, o ex-atacante Oliver  Bierhoff, hoje diretor da federação alemã, brigou com a comissão técnica rival após a partida. Nesta quarta-feira, o meia Ozil discutiu com torcedores nas arquibancadas em Kazan.

Clima bem diferente de 2014, quando a Alemanha, mesmo nas adversidades (sofreu para ganhar da Argélia nas oitavas de final por 2 a 1, por exemplo), aparentava uma tranquilidade que fatalmente a levaria ao título. A melhor imagem disso é de Kroos. Em 2014, parecia mal falar em campo, regendo o time com o olhar. Em 2018, claramente estava irritado com o mau rendimento dos companheiros.

Na metade do segundo tempo contra os coreanos, Kroos se aproximou do banco de reservas para falar com Low, após um jogador adversário ficar caído no chão. O meia gesticulava muito, apontava para o meio. Low falava algo em seu ouvido e os dois pareciam não entender o que dava errado.

Por opção de Low, Thomas Mueller, um dos astros no título de 2014 e jogador com maior número de gols em Copas do Mundo do elenco, começou a partida no banco de reservas. Ele estava pendurado com cartão amarelo, mas os alemães precisavam da vitória. A difícil decisão de Low foi tira-lo de campo. É bom notar que ele não fez diferença quando entrou, também. Mostrando, mais uma vez, que em nenhum momento, pelo menos em campos russos, a Alemanha encontrou seu caminho. E a irritação dentro de campo demonstrou isso.

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