Topo

Osorio perde a linha com derrota e leva "lição de elegância" de Tite

Juan Carlos Osorio e Tite se cumprimentam na partida do Brasil x México; colombiano atacou Neymar após o jogo - AP
Juan Carlos Osorio e Tite se cumprimentam na partida do Brasil x México; colombiano atacou Neymar após o jogo Imagem: AP

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

02/07/2018 17h18

Normalmente conhecido pela postura simpática e o futebol ofensivo de suas equipes, Juan Carlos Osorio perdeu as estribeiras depois da derrota do México para o Brasil por 2 a 0. O colombiano disparou contra a arbitragem e detonou Neymar, que recebeu um pisão intencional de Layun sem bola no segundo tempo. O resultado deixou o caminho aberto para uma resposta brasileira, mas o que veio foi uma “aula” de elegância e tranquilidade de Tite.

- Brasil disputa vaga nas semifinais às 15h de 6ª; veja tabela das quartas
- Neymar faz o que CR7 e Messi não fizeram e passa Garrincha
- Osorio dá 1º golpe, mas Tite vence duelo no banco de reservas

Osorio ignorou as imagens que mostram a agressão de forma clara, disse que Neymar é “mau exemplo” e que futebol é “esporte para homem”. Disse que a arbitragem foi “palhaçada” e “favoreceu o Brasil” em uma partida na qual sua equipe deu apenas um chute no alvo, sendo salva mais de três vezes pelo goleiro Ochoa.

Em apenas uma resposta, Tite blindou Neymar, seu camisa 10 e principal alvo dos ataques mexicanos, e esvaziou a fúria do comandante do México. “Técnico fala com técnico, jogador com jogador”. Optou por aquilo que os ingleses chamam de "high road", a estrada alta. Elogiou o desempenho futebolístico do adversário e desconsiderou o comportamento, atribuindo as fortes palavras às circunstâncias do jogo.

“Vai um elogio a ele, ao México e ao Osorio. Um baita trabalho de um baita profissional. No calor de jogo é normal a polêmica. Temos que relativizar e contextualizar”. Foi só.

Depois de uma estreia tensa diante da Suíça, com reclamações de uma falta em Miranda no gol adversário que determinou o 1 a 1, a seleção deu alguns sinais de tensão. No momento do lance, jogadores reclamaram bastante com a arbitragem, e o próprio Tite chegou a comentar o assunto após a partida. “Que seja para todos”, disse, referindo-se ao VAR, depois que o árbitro não quis rever a jogada.

O comandante brasileiro prega desde o início do Mundial o lema de tranquilidade e serenidade. Contra a Costa Rica, a filosofia de não se preocupar com a arbitragem e se concentrar em jogar futebol já deu sinais de contagiar os jogadores. O Brasil teve um pênalti cancelado pelo VAR, mas as reações foram tranquilas. Houve uma exceção: Neymar.

Protegido na entrevista coletiva desta segunda, o camisa 10 foi último a assimilar o desejo de Tite. Contra os costa-riquenhos, ofendeu arbitragem e rivais, sem distinção. O cenário começou a mudar no confronto a Sérvia, na terceira rodada. Nesta segunda, foi caçado, sofreu faltas duras, o pisão, mas não reagiu. Pendurado, evitou o cartão amarelo e limitou-se a uma leve provocação aos mexicanos, só depois do apito final. “Teve gente que falou demais e está indo pra casa”.

Como defendido pelo treinador, a resposta de Neymar às pancadas e provocações veio dentro de campo, na bola. Por isso, para responder a Osorio, Tite pôde se limitar a apontar o dedo para o que fizeram Neymar e os demais jogadores dentro de campo, na bola. A polêmica, do lado brasileiro, morreu antes de começar.

Filipe Luís, Coutinho e Neymar estão pendurados, e a contagem de cartões na Copa só será zerada a partir das semifinais. Pelo menos até passar pela Bélgica nas quartas, é bom negócio para o Brasil responder às polêmicas que vierem pela frente com a mesma elegância estendida a Osorio por Tite.