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Ex-psicólogo do Fla aponta imaturidade e nega que Adriano seja alcoólatra

Demitido por justa causa pelo Corinthians, Adriano coleciona polêmicas fora de campo - AgNews
Demitido por justa causa pelo Corinthians, Adriano coleciona polêmicas fora de campo Imagem: AgNews

Pedro Chiaverini

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/03/2012 11h00

Nas rodas de bate-papo sobre futebol no país afora, um assunto é predominante: “O que acontece com Adriano? Ele precisa de ajuda?”. O UOL Esporte tentou decifrar esse mistério ao consultar especialistas. O ex-psicólogo do Flamengo, Paulo Ribeiro, já trabalhou com o atacante e apontou certa imaturidade do jogador. E negou que o Imperador seja alcoólatra.

ADRIANO TREINARÁ NO FLA A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA, AINDA SEM CONTRATO

  • Ricardo Nogueira/Folhapress

    Adriano está de volta ao Flamengo. Pelo menos, para tratar a lesão no tendão calcâneo. Mesmo sem contrato, o Imperador começará a treinar no Ninho do Urubu na próxima segunda-feira, mas ainda tem questões a resolver com o Corinthians. No início da noite desta sexta-feira, ele disse que tomará as providências cabíveis contra seu ex-clube após o anúncio de que foi demitido por justa causa.

Paulo Ribeiro fala com autoridade. O psicólogo trabalhou no clube da Gávea por 21 anos (de 1990 a 2011, quando deixou o Rubro-Negro a pedido do então treinador Vanderlei Luxemburgo) e conviveu de perto com o Imperador nas suas duas passagens por lá. Ele creditou o histórico problemático do atleta a uma questão que envolve a maioria dos jogadores de futebol: a transição da infância pobre para a fama e os milhões.

“Como praticamente todo jogador, o Adriano teve uma infância difícil, com pouca diversão e lazer. Somado a isso, teve a perda do pai, com quem ele era muito ligado, o fato de gostar de visitar a comunidade onde nasceu e ser confundido com bandido por ir lá, a estada dele na Itália, quando ficou sozinho com menos de 20 anos e num mundo novo... Ele teve uma vida difícil e, hoje, tudo o que faz ganha enorme proporção. Um dia não tem nada no bolso e, no outro, tem dinheiro, fama, mulheres, vida fácil... Não é simples administrar isso, tem que ter maturidade. E ele passou por muitas provações. Na verdade, a maioria dos jogadores é meio crianção por esta questão de, depois do sucesso, poder usufruir de tudo que não podia na infância”, opinou.

Paulo Ribeiro rechaçou os boatos de que a relação com o álcool atrapalhe o Imperador e admitiu, sem dar detalhes, que deu alguns puxões de orelha nele em sua última passagem pelo Flamengo. “O Adriano não é alcoólatra, isso é fato e não resta dúvida nenhuma. É claro que gosta de beber, tomar a cerveja e, às vezes, até exagera. Mas daí a ser confundido com alcoólatra é uma distância muito grande. A questão é que, quando o Adriano vai a uma boate e beija uma menina, a história que vão contar é que pegou uma, duas, três... Enfim, tudo é maior com ele. No Flamengo, fazia um trabalho mais focado no grupo. Mas claro que dava uma orientação ou outra para ele quando fazia alguma besteira”, contou.

ADRIANO NO FLA? POVO CARIOCA AVALIA

O profissional afirmou que Adriano precisa de ajuda, ou melhor, acompanhamento psicológico. “O Adriano é uma pessoa totalmente normal e tem uma cabeça muito boa. Ele não precisa de um tratamento terapêutico, com remédios, por exemplo. Precisa de uma orientação de um especialista. Baseado em tudo que se comenta, ele necessitaria de uma orientação para problemas como o não aproveitamento da performance dele, o fato de não conseguir emagrecer, para cuidar melhor do sono, enfim, para cuidar melhor do corpo, sono, alimentação... Claro que todos nós deveríamos andar com as próprias pernas, mas nem todos conseguem. Só que ele é um personagem, tem uma história que fez com que fosse chamado de Imperador. É diferente. Mas é claro que ele precisa de ajuda, só que tem que querer”, acrescentou.

A opinião é compartilhada por Roberto Hallal, psicanalista que cuidou do não menos polêmico Jobson. “Quando podia ser banido do futebol, ele [Jobson] estava desesperado e me pediu ajuda. E isso fez toda diferença. Qualquer um de nós pode se equivocar, mas a vida dá chance de consertar o erro. Se a criança não chorar, a mãe não vai dar o peito. Não conheço o Adriano para analisá-lo, mas ele escolheu um modo de viver e temos que respeitar isso. Olhando de fora, parece que ele não quer mais jogar futebol. Recentemente, assisti ao DVD da conquista do Carioca pelo Botafogo em 2010 e, num pênalti que ele perdeu pelo Flamengo, no clássico, vi que correu triste para bola [na final da Taça Rio]”, disse.