Vasco vê 'fôlego' em saída de Dedé e usa R$ 14 milhões para quitar dívidas
Semblantes fechados, lamentos pela situação do clube e discursos firmes. Desta forma, os dirigentes do Vasco se apresentaram e explicaram a venda do zagueiro Dedé para o Cruzeiro. No início da tarde desta quinta-feira, o presidente Roberto Dinamite, o diretor geral Cristiano Koehler e o diretor de futebol René Simões elogiaram o jogador e destacaram o fôlego financeiro conquistado pelo Cruzmaltino. Os R$ 14 milhões da transação serão utilizados exclusivamente para quitar dívidas.
O planejamento inicial da administração é o de pagar os salários de fevereiro e março e impedir que o terceiro mês de atraso esteja completo em 5 de maio. Além dos vencimentos, o clube quitará passivos com credores, acordos judiciais e FGTS.
“O dinheiro do Dedé vai integralmente para pagar salários, impostos e demais taxas. A ideia é a de ter um período de tranquilidade. Em 5 de maio fechamos mais um mês e lógico que isso nos permite um fôlego. Nosso passivo ultrapassa R$ 500 milhões e não temos receitas. É uma situação complicada, são mais de R$ 7 milhões ao mês para cumprir todos os compromissos. Desejamos a manutenção dos salários em dia e precisamos de sucesso em outros acordos para isso”, explicou Koehler.
O presidente Roberto Dinamite era o mais abalado com a transferência do ídolo. Ele não escondeu a decepção por negociar Dedé e ressaltou a importância de o clube se reestruturar em um futuro próximo.
“Não tínhamos como mantê-lo em razão de várias situações. O Dedé sai do Vasco depois de um início no qual poucos acreditavam. Ele é o maior e melhor zagueiro do futebol brasileiro na atualidade. É uma posição dura que tivemos de tomar para tudo o que vamos viver no ano. Temos que projetar o clube e buscar o equilíbrio necessário. Faz parte do jogo e mais do que nunca trabalhamos para que os outros presidentes possam encontrar um Vasco mais estruturado”, comentou o mandatário.
DEDÉ ADMITE PRESSÃO DO VASCO POR VENDA: 'ME SENTI COMO MINA DE OURO'
O adeus do zagueiro Dedé ao Vasco foi marcado pela emoção. O ex-jogador do Cruzmaltino revelou que sua saída de São Januário foi motivada em grande parte pelos problemas financeiros do clube. Com tom de lamentação, o atleta ressaltou que não teve chance de negociar a possibilidade de ficar. Em seguida, falou de forma crítica crítica ao destacar ter sentido pressão para ser vendido e ser tratado como “mina de ouro” pelos dirigentes. O Vasco aceitou proposta do Cruzeiro e vendeu Dedé por R$ 14 milhões nesta quarta-feira. “O Vasco estava precisando de fazer a negociação de algum atleta. Falaram que era eu, e sabia que até o fim do ano poderia acontecer. Senti a pressão, sim. Me senti como uma mina de ouro que poderia, ao menos, clarear a escuridão que estava ali”, ressaltou Dedé. O zagueiro revelou que, se percebesse um interesse dos cartolas, agiria para rejeitar mais uma proposta e ficar no Vasco. “Dessa do Cruzeiro não tentei, não. Não tive escolha. Achei que poderia pensar numa possibilidade de ficar, mas preferi nem fazer isso”.
O diretor de futebol René Simões revelou detalhes da negociação com o Cruzeiro e assegurou que o Corinthians desistiu de contratar Dedé ao não enviar uma proposta oficial. A venda do camisa 26 para o clube celeste foi concretizada em 72 horas.
“Sei o quanto foi difícil para o presidente entender as razões que fizeram o Dedé sair do clube. Tínhamos um prazo muito curto. O Cruzeiro apresentou a proposta e nos deram 72 horas para responder. Tive a oportunidade de conversar com o Dedé. O jogador colocou a questão de que deveria ter sido informado antes e isso faz parte. O Corinthians ficou de fazer uma proposta oficial e não aconteceu. Não é uma decisão fácil vender o seu maior ídolo. Claro que queríamos o Dedé, mas não somos doidos. Precisávamos do dinheiro. O Dedé precisa ser parabenizado pela situação. Pensou em todos os funcionários do Vasco e tomou a decisão”, encerrou Simões.
Dedé acertou na última quarta-feira a sua ida ao Cruzeiro. O Vasco receberá 5,5 milhões de euros (cerca de R$ 14 milhões) por 45% dos direitos econômicos do zagueiro. Além disso, o clube mineiro cederá jogadores por empréstimo até o final do ano e arcará com os respectivos salários. O meia Alisson é um dos que já fecharam com o time de São Januário, enquanto Wellington Paulista deve ser o próximo atleta envolvido no negócio. Pedro Ken também terá 50% do salário pago pelo Cruzeiro.
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