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Torcedor comum do Corinthians condena organizada por invasão

Guilherme Palenzuela e Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

06/02/2014 06h22

Os torcedores comuns do Corinthians não se sentem representados pela invasão ao CT Joaquim Grava protagonizada por cerca de 200 membros de torcidas organizadas. O episódio contou com agressões aos atletas e até roubos. Na noite de quarta-feira, antes da derrota por 2 a 0 para o Bragantino, o UOL Esporte ouviu alguns corintianos que não participam de organizadas e colheu relatos semelhantes.

Para a maioria, a ideia de “jogar por terror” por meio das ameaças só piora a situação. Houve até quem afirmou que o momento de incertezas em relação ao Brasileirão possibilita que insatisfações como a do torcedor com o time se transformem em conflitos como o visto nas dependências do Corinthians. 

“O momento da CBF, de virada de mesa, de briga na Justiça para definir quem vai ser rebaixado e quem não vai, favorece tudo isso”, afirma o comerciante Renato Ceresini, 33. “O futebol é um retrato do nosso país. Foi assim durante a ditadura militar, na Copa de 70 e é assim agora”, complementa o consultor de marketing Nicolas Ramos, 34. 

Para Ramos, a coação das organizadas não traz efeito positivo. “Se eles acham que esse “joga por terror” existe, isso só prejudica. Se você pegar os últimos episódios em que isso aconteceu, mandaram o Edilson embora, o Roberto Carlos embora...”, analisa. O analista administrativo Milton Mitsuo reforça a opinião: “De dez jogadores que ouviram essas coisas e foram ameaçados, nove vão jogar pior, tenho certeza”, conta. 

Os adjetivos que condenam a invasão ao CT são diversos. O comerciante Thomaz Cardoso, 22, fala em “sacanagem” e “covardia” com os jogadores, e sugere: “se quer protestar, fique de costas para o jogo na arquibancada, fique em silêncio”. Logo depois, a principal organizada corintiana faria algo parecido. Passou 40 minutos em silêncio e só começou a gritar e cantar no fim do primeiro tempo, em protesto. Antes, a atitude gerou conflito entre organizadas e fez com que a Polícia Militar separasse torcedores no setor amarelo das arquibancadas.  “Diretoria é a maior culpada, não tiveram lábia para manter o Tite e criaram essa situação. Com o Andrés, por exemplo, foi diferente”, completa Cardoso. 

Houve também torcedores que se revoltaram pela agressão ao atacante peruano José Paolo Guerrero, estrangulado por torcedores na invasão. “Isso é uma barbárie. Não tem motivo para isso. É péssimo, falta de reconhecimento de um ídolo que fez história pelo clube”, diz o advogado Geraldo Barbosa, 53.  “A diretoria é a maior culpada por isso. Não conseguiu entender um momento de transição”, diz. 

Há ainda outros torcedores que criticam a organização interna das organizadas. Afirmam que faltou liderança às principais torcidas uniformizadas do clube para vetar um movimento que não foi unânime nem dentro das organizadas.