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Mogi acusa Votuporanguense de tentar comprar resultado na A2; clube nega

Mensagem de WhatsApp sugere que jogador do Mogi Mirim aceite dinheiro para ajudar a manipular o resultado contra o Votuporanguense. O Mogi perdeu por 2 a 0 a partida no sábado (1) - Reprodução
Mensagem de WhatsApp sugere que jogador do Mogi Mirim aceite dinheiro para ajudar a manipular o resultado contra o Votuporanguense. O Mogi perdeu por 2 a 0 a partida no sábado (1) Imagem: Reprodução

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

04/04/2017 19h19Atualizada em 05/04/2017 14h43

O presidente do Mogi Mirim, Luiz Henrique de Oliveira, denunciou o Votuporanguense por supostamente ter tentado subornar seus jogadores para que ajudassem o time de Votuporanga a ganhar o confronto contra o Mogi, no final de semana pela série A2 do Campeonato Paulista. O Votuporanguense venceu a partida por 2 a 0.

De acordo com a FPF (Federação Paulista de Futebol), o dirigente foi à entidade no início desta semana para fazer a denúncia. Lá, segundo a assessoria de imprensa, ele foi aconselhado a registrar um boletim de ocorrência na polícia e fazer a denúncia ao TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), o que foi feito. A federação informa que seu Comitê de Integridade também vai investigar o caso.

Segundo a denúncia do Mogi, um funcionário do Votuporanguense teria entrado em contato com o zagueiro Marcelinho -- que tem passagem pelo clube de Votuporanga em 2016 e hoje está no Mogi -- perguntando se ele teria interesse em ganhar algum dinheiro, e que o Votuporanguense precisava muito desde resultado. A conversa foi por WhatsApp e a polícia já tem cópia do material.

"Irmão, boa noite. Como tá (sic) as coisas aí", diz o funcionário do clube na suposta tentativa de manipulação de resultados. "Irmão vou ser direto, tá (sic) afim de levar uma grana. Se não blza (sic). Nem ofereço. Precisamos ganhar amanhã", continuam as mensagens, que foram enviadas entre 21h49 e 21h53 da noite anterior à partida. Às 22h02, sem resposta de Marcelinho, o suposto funcionário manda mais uma mensagem. "Irmão... Senão nem se ofenda... Segue a vida", diz na conversa.

Ainda sem resposta do zagueiro, às 22h19 o suposto funcionário do Votuporanguense manda a última mensagem desta conversa. "Marcelo... Meu irmão é maluco... Sem noção... Te peço mil perdões... Pegou meu celular... Te peço desculpa... Bom jogo pra (sic) gente amanhã... Abraço".

Mas não para por aí. De acordo com o que os dirigentes do Mogi Mirim contaram em depoimento no TJD, na noite anterior à partida, um senhor grisalho teria aparecido no hotel onde o Mogi estava concentrado e oferecido R$ 15 mil a integrantes da equipe para que ajudassem na manipulação do resultado a favor do Votuporanguense. Apesar disso, ninguém conseguiu reconhecer esta pessoa ou fornecer qualquer elemento para que fosse encontrada. 

De acordo com a denúncia do Mogi, o caso só foi registrado após a partida porque os jogadores só avisaram a diretoria da suposta tentativa de manipulação de resultados na volta do jogo.

"Eu vou esperar a conclusão do trabalho de investigação policial e a manifestação do promotor para ver como vamos encaminhar esta denúncia aqui no TJD", afirma Antônio Olim, presidente do órgão disciplinar e deputado estadual pelo PP. "Ainda tem muita coisa mal contada nessa história", afirma.

Em nota publicada em seu site, o Votuporanguense afirma que repudia este tipo de prática e nunca autorizou que o nome da agremiação fosse utilizado em uma suposta combinação de resultados. "Acerca dos fatos notificados e supostamente denunciados, o clube comunica que já está apurando internamente através de auditoria administrativa a veracidade ou não das alegações que foram imputadas a um de seus colaboradores, sendo que, ao final do procedimento dará amplo conhecimento as autoridades competentes sobre o caso."

Operação Game Over prendeu 7 por manipulação

Mais cedo em entrevista à imprensa local, o presidente do Votuporanguense, Marcelo Stringari, disse que o funcionário que estaria envolvido no caso já foi afastado, e que tudo não teria passado de uma brincadeira e um mal-entendido. 

Procurada pelo UOL para comentar o caso, por meio da assessoria de imprensa, a diretoria do Mogi-Mirim não retornou. No dia seguinte, após a publicação da reportagem, a assessoria de imprensa entrou em contato com a reportagem e confirmou a denúncia.

A Série A2 do Paulistão está na 15ª rodada. Mogi-Mirim e Votuporanguense lutam contra o rebaixamento. Na 12ª posição, o Votuporanguense tem 18 pontos. O Mogi Mirim está na 17ª colocação, com 14 pontos. Os últimos seis clubes da tabela que tem 20 equipes serão rebaixados à Série A3 na próxima temporada.

No ano passado, a Operação Game Over prendeu sete pessoas acusadas de participar da manipulação de resultados de jogos -- principalmente das séries A2 e A3 do Paulistão e de campeonatos do Nordeste -- para ajudar apostadores asiáticos a ganhar dinheiro.