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Não ao SP e "cara a tapa" pós-queda: Como Balbuena conquistou o vestiário

Discreto, paraguaio Balbuena é uma das referências do Corinthians atual - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Discreto, paraguaio Balbuena é uma das referências do Corinthians atual Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

04/05/2017 04h00

Fabián Balbuena chegou ao Corinthians com apenas 24 anos e oriundo de outro país. Com uma postura diferente da maioria dos estrangeiros que chegam ao futebol brasileiro, o zagueiro titular da melhor defesa do Campeonato Paulista não se encolheu, e sim se impôs. Com correção nos trabalhos, bom discurso e muito humor, característica apontada por vários de seus colegas, se tornou um dos símbolos da mudança de espírito no grupo corintiano, prestes a ganhar um título importante no próximo domingo.

"É merecido o que eles [Pablo e o companheiro de zaga] estão vivendo, porque o Balbuena é um líder nato. É um jogador que na hora de falar com o grupo, com os jogadores mais jovens, todos ouvem ele. É um cara que agrega muito ao grupo", resumiu Jadson, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, a ser publicada na íntegra na sexta-feira, com menção ao elogiado desempenho defensivo.

Entre as figuras constantemente presentes no rodízio da braçadeira de capitão, Balbuena deu rápidos sinais de que se tornaria um agregador no novo Corinthians. Dos jogadores que não transmitiam segurança à torcida no fim do ano passado, o paraguaio teve a iniciativa de criar um grupo de WhatsApp para o elenco dirigido por Carille. O que já era realidade de vários outros clubes há muitos anos não existia no elenco de 2016.
A tomada de posições de Balbuena dentro do grupo de jogadores apareceu no momento mais complicado da temporada, logo após a eliminação na Copa do Brasil para o Internacional. Capitão em Itaquera, ele foi escolhido ao lado do experiente Cássio para conceder entrevista coletiva e transmitir tranquilidade às vésperas de clássico com o São Paulo. Funcionários e dirigentes se surpreendem com a capacidade de discurso do paraguaio, que já na chegada, em fevereiro de 2016, havia deixado boas impressões.

Balbuena impressionou Carille quando ainda era auxiliar e honrou diretoria

Balbuena celebra com Jô: confiança recuperada - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Balbuena celebra com Jô: confiança recuperada
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Para Fábio Carille, então auxiliar, Balbuena causou espanto pelo elevado conhecimento tático, mesmo com 24 anos. Hoje treinador, ele normalmente se refere ao paraguaio como um dos defensores que, em quase nove anos de Corinthians, se apresentou mais preparado para compreender o funcionamento de coberturas e movimentação da linha de quatro zagueiros. A característica permitiu que, nos primeiros meses de Tite, com a equipe em alta, Balbuena se integrasse mais rapidamente.

Da diretoria, naquele momento, Balbuena já havia também conquistado respaldo. O zagueiro se mostrou um homem de palavra e personalidade nas negociações com o Corinthians, que prestes a concluir a aquisição se surpreendeu com a notícia de que o São Paulo tentava atravessar as tratativas. Um emissário corintiano viajou a Assunção, onde recebeu de Fabián um sinal de tranquilidade. Mesmo com valores superiores e a preferência do Libertad-PAR em vender para os são-paulinos, a promessa de jogar no Parque São Jorge seria mantida.

Um fator essencial também acelerou a adaptação de Balbuena ao Corinthians: ele cresceu e viveu próximo à fronteira com o Brasil e fala português com fluência. É, inclusive, fã do rock brasileiro e do CPM 22. A seu estafe, a liderança do jogador no Corinthians surpreende. No Libertad, seu último clube, já tinha alguma ascendência sobre os colegas, mas é atualmente que parece desabrochar neste sentido. Fabián costuma dizer que, no Corinthians, se sente cômodo com o papel que conquistou.

Dentro do elenco, ainda tem o papel de ser o jogador mais próximo de Romero, com quem também divide convocações à seleção paraguaia e normalmente une as famílias. Em 2017, o atacante enfim conseguiu se transformar em titular absoluto.

É o rei das piadas e montagens de WhatsApp

Apesar de estrangeiro, Balbuena também é destacado pelos colegas como o jogador mais engraçado do grupo. Não apenas capaz de divertir aos que estão ao redor, mas de saber o momento correto para brincar, uma característica fundamental dentro do ambiente de trabalho.

"O Balbuena é o cara que faz mais piadinha", comentou o volante Paulo Roberto, que ganhou do paraguaio o apelido de "Predador". "Isso serve para deixar o grupo mais unido, nós nos falamos até quando estamos em casa, brincamos um com o outro. São coisas que só vêm a agregar", complementou o jogador, titular no domingo que vem.

Jadson também mencionou as habilidades do colega paraguaio em aplicativos. "Hoje, o Balbuena é quem gosta de fazer montagens e joga no grupo [WhatsApp]. É bacana, une mais o grupo [risos]", comentou.

Mais discreto, Pablo inspira companheiros na base do trabalho

Pablo é um dos reforços de destaque na nova temporada - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Pablo é um dos reforços de destaque na nova temporada
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

No contexto de mudança de ambiente no Corinthians 2017, Pablo é um dos jogadores apontados internamente como responsável. Sem a mesma familiaridade com a função de capitão do colega de zaga Balbuena, é do tipo que contribui para a comissão técnica e para o sucesso do time na base do exemplo diário.

Os mais jovens o descrevem como um dos mais dedicados e discretos do grupo finalista do Estadual, um papel semelhante ao que exercia Uendel, hoje no Internacional, na equipe de 2015. Jadson definiu: "ele também é brincalhão, faz o trabalho dele. É um cara que chega ali dentro e faz um trabalho sério. Está vivendo um bom momento também. É muito merecido pela forma como ele trabalha", comentou.