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Campeão em um jogo? Luxa assume Sport na "hora H" e pode repetir Joel

Clélio Tomaz/AGIF
Imagem: Clélio Tomaz/AGIF

Fábio de Mello Castanho e Roberto Oliveira

Do UOL, em São Paulo e no Recife

28/06/2017 04h00

Há um mês ocupando o cargo de treinador do Sport, Vanderlei Luxemburgo pode ser campeão pernambucano nesta quarta-feira. E com apenas um jogo no banco de reservas rubro-negro no torneio. A possibilidade de encerrar um longo jejum de seis anos sem títulos no Brasil caiu no colo do treinador diante da demora na realização da segunda final do Estadual, em um intervalo de 50 dias desde a disputa do duelo de ida, na Ilha do Retiro.

A situação, apesar de inusitada, não será caso único em um futebol brasileiro em que clubes trocam de técnicos a granel. O caso mais emblemático ocorreu em 2000, quando Joel Santana foi campeão da Copa Mercosul apenas três dias após ser contratado pelo Vasco em meio à disputa da decisão continental e da semifinal do Copa João Havelange. Acabou campeão dos dois, embora sempre tenha dado os merecidos créditos ao antecessor Oswaldo de Oliveira.

Com Luxemburgo não será diferente. Substituto de Ney Franco – que por sua vez pegou o bastão de Daniel Paulista com o Pernambucano já em andamento -, o técnico disse que o título precisa ser "conjugado no plural" e fez graça por ter chegado na hora da decisão e não para lutar contra rebaixamento, como ocorreu em trabalhos recentes.

"Chegar para jogar final é melhor do que chegar para não cair, né?. Não me lembro de ter chegado logo para uma decisão. Com tantas coisas que aconteceram na minha carreira, não lembro de ter chegado para jogar logo uma final. Se for uma primeira vez, espero que seja para ganhar", disse.

"Primeira coisa que você consegue, em um título, é conjugar o verbo na primeira pessoa do plural: 'nós'. A partir do momento que você conjuga 'eu', você é egoísta. Como posso achar que o título é para mim? Se nós ganharmos o título, quem está aqui, quem já passou, tem os méritos", completou.

Com o empate por 1 a 1 no jogo de ida, O Sport precisa de uma vitória no Salgueirão, a partir das 21h45 (de Brasília) de quarta-feira, para ser campeão pernambucano. Uma nova igualdade leva a decisão para os pênaltis.

Relembre que chegaram a um clube perto do título:

Joel leva dois títulos em quatro jogos

Vasco campeão Mercosul - Evelson de Freitas / Folha Imagem - Evelson de Freitas / Folha Imagem
Joel Santana assumiu o Vasco campeão da Copa Mercosul de 2000 no último jogo
Imagem: Evelson de Freitas / Folha Imagem
Se Luxemburgo pegou um trabalho que precisava de reparos – Ney Franco foi demitido após o vice da Copa do Nordeste -, Joel Santana assumiu um Vasco pronto em 2000. Os motivos da saída de Oswaldo viraram folclore e até hoje são usados como exemplo dos métodos heterodoxos do presidente vascaíno Eurico Miranda: um abraço no então técnico cruzeirense Felipão na semifinal da Copa João Havelange e a discordância quanto à data de reapresentação do elenco após o 2 a 2 em São Januário.

Dentro de campo, porém, um time que tinha entre as suas estrelas Juninho Pernambucano e Romário estava longe da crise. Joel começou o trabalho na segunda-feira, dois dias após o empate com o Cruzeiro, e na quarta seguinte estava sentado no banco de reservas do Parque Antártica na virada histórica por 4 a 3 que garantiu o título.  Nos três jogos seguintes, eliminou o Cruzeiro na semifinal nacional em Belo Horizonte e comemorou o título brasileiro sobre o São Caetano.

Não foi um jogo, mas quase isso

Ney Franco - Reprodução/Divulgação - Reprodução/Divulgação
Ney Franco comandou Sport na maior parte do Pernambucano. Em 2006, foi campeão da Copa do Brasil pelo Flamengo em dois jogos
Imagem: Reprodução/Divulgação

Se Ney Franco perdeu a chance de ser campeão pernambucano em campo neste ano apesar de ter participado da maior parte da campanha, em 2006 ele sagrou-se campeão da Copa do Brasil com apenas dois jogos à frente do Flamengo no torneio, justamente a final diante do Vasco.

Um jogo depois da classificação para a decisão, a diretoria do Flamengo decidiu pela demissão de Waldemar Lemos e apostou na contratação de Ney, que curiosamente era o técnico derrotado na semifinal com o Ipatinga. Com a parada para a disputa da Copa do Mundo, Ney Franco ao menos teve quase dois meses de treino e jogos do Brasileiro para preparar o time para a decisão. Situação parecida com a de Luxemburgo no Sport.

Já Celso Roth colocou em sua galeria o título mais importante da América do Sul assumindo o Internacional nas semifinais da Copa Libertadores de 2010 depois da demissão de Jorge Fossati. Assim como em 2006, a parada para Copa do Mundo favoreceu o trabalho, com o time colorado tendo um longo período de adaptação com Roth até a semifinal contra o São Paulo.

No último ano, porém, a demissão às vésperas de uma decisão não deu certo com o Atlético-MG. Marcelo Oliveira foi substituído entre os jogos da final da Copa do Brasil contra o Grêmio, após derrota em casa por 3 a 1. O interino Diogo Giacomini não teve sucesso na dura missão de evitar o título gremista em Porto Alegre.