Topo

Inteligência de Firmino cativa e pode fazer Tite mudar premissa de elenco

Tite conversa com Firmino: características do atacante agradam comissão - Pedro Martins/MoWa Press
Tite conversa com Firmino: características do atacante agradam comissão Imagem: Pedro Martins/MoWa Press

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

03/09/2017 04h00

"O Firmino te dá muito jogo". 

Essa pequena frase, citada por Tite no meio de uma longa resposta sobre as alternativas que possui no ataque da seleção brasileira na última quinta-feira (31), resume um pouco do que pensa hoje do jogador do Liverpool-ING, reserva imediato de Gabriel Jesus.

Embora não tenha atuado na partida passada contra o Equador, Roberto Firmino pouco a pouco pavimenta seu caminho até o Mundial da Rússia com características, muitas vezes, que podem passar despercebidas aos olhos da maioria. Mas são muito admiradas pelo chefe. 

As atuações na convocação passada para as Eliminatórias da América do Sul, quando Jesus estava lesionado, reforçaram a convicção em torno das qualidades de Firmino. Embora tenha marcado um golaço logo que chegou à seleção, ainda em 2014 diante da Áustria, ele destoa do perfil clássico do camisa 9. Mas, na avaliação da comissão técnica, auxilia a furar retrancas como as que o Brasil enfrentou em março, contra Paraguai e Uruguai.

As qualidades atribuídas pelos chefes a Firmino, 25 anos, estão ligadas à movimentação para arrastar defensores e inteligência para atacar espaços vazios no setor ofensivo. Um estilo que, fundamentalmente, "dá jogo à seleção", por mais que ainda haja alguma resistência de torcida e imprensa ao jogador.

Exatamente assim, como atacante central e liberdade para se mexer, o atacante brasileiro começou a temporada europeia em alta pelo Liverpool. Em cinco jogos pelo Campeonato Inglês e Liga dos Campeões, anotou três gols e deu três assistências. A característica da equipe de Jürgen Klopp é de muita velocidade com os homens de frente. 

Posicionado ao lado de Tite em entrevista coletiva, o auxiliar técnico Cléber Xavier destacou o momento do atacante. "O Firmino, como exemplo, nos jogos que vimos contra o Atlético de Madri e Bayern [não oficiais], fez grandes atuações, com e sem bola, com uma intensidade muito grande. Na última convocação ele não esteve, estava com lesão, mas começou mais cedo a pré-temporada", contou o braço direito de Tite. 

Quem conhece Firmino há mais tempo que a comissão técnica do Brasil assegura que a inteligência dentro de campo, apesar do jeito tímido e as poucas palavras fora dele, sempre foram uma característica presente desde as divisões de base do Figueirense, em que foi criado, e também do Hoffenheim-ALE, onde despontou definitivamente na Europa.

Hoje campeão olímpico, e até então o treinador sub-20 do Figueirense, Rogério Micale assistiu ao primeiro treinamento de Firmino pelo clube. Ainda era um teste para os juvenis, mas ao assistir o alagoano em ação Micale avisou ao técnico do Sub-17: "se não quiser, eu quero". Aprovado, ele permaneceu e pavimentou seu caminho não apenas com gols, mas assistências e participações importantes até a Série B de 2010, quando foi vice-campeão e partiu para a Alemanha. 

A premissa que Tite pode mudar se Firmino for à Copa

Firmino em seu primeiro gol pela seleção, em 2014: na briga pela Copa - Bruno Domingos/MowaPress - Bruno Domingos/MowaPress
Firmino em seu primeiro gol pela seleção, em 2014: na briga pela Copa
Imagem: Bruno Domingos/MowaPress

Ausente da última convocação de Tite por lesão em meio ao período de férias do futebol europeu, Firmino não foi à Austrália. Por lá, a seleção brasileira teve, além de Gabriel Jesus, Diego Souza como opção de atacante de área. Embora seja meia de origem, ele tem sido testado nessa função pelo treinador, que costuma se referir a "pivô" para designar essa função. 

Contar com um "pivô" em seus elencos sempre foi uma das premissas de Tite como alternativa de jogo. Na visão do treinador, trata-se de uma peça importante para a disputa corpo a corpo com zagueiros rivais, que oferece mais eficácia na disputa de bolas pelo alto e, naturalmente, pode fazer gols de cabeça. Foi justamente por buscar esse tipo de atleta e identificar essas características que ele definiu pelas oportunidades a Diego Souza. 

Em sua primeira oportunidade real com Tite, no amistoso contra a Austrália em junho, o jogador do Sport, 32 anos, anotou dois gols e deixou boa impressão no treinador. Nesse mesmo período, o corintiano Jô se tornou um dos grandes nomes do Campeonato Brasileiro e criou certo clamor por uma convocação três anos depois de defender o Brasil na última Copa, com desempenho discreto.

Trata-se, evidentemente, de mais uma opção de "pivô" clássico que o treinador da seleção gosta, mas por enquanto a preferência segue com Firmino, autor de cinco gols com a camisa brasileira e à espera de mais minutos no próximo jogo, terça-feira (5), contra a Colômbia em Barranquilla.