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Caso Jô: Corinthians deu R$ 9,6 mi em comissão "limpa" e arcou com impostos

Jô foi apresentado ao Nagoya Grampus após deixar o Corinthians - Divulgação/Nagoya Grampus
Jô foi apresentado ao Nagoya Grampus após deixar o Corinthians Imagem: Divulgação/Nagoya Grampus

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

16/01/2018 17h04

Divulgados pelo Blog do Juca Kfouri, os detalhes referentes à transferência de Jô, do Corinthians para o Nagoya Grampus-JAP, são confirmados por pessoas próximas a Roberto de Andrade. Consultado, o presidente não quis se pronunciar sobre o fato. As maiores críticas ao mandatário pelo negócio selado com a equipe japonesa dizem respeito às comissões pagas a dois empresários.

Segundo consta no contrato de transferência, Jô rendeu uma comissão líquida de R$ 9,6 milhões a Giuliano Bertolucci, seu agente, e também para outro intermediário que participou do negócio com o Nagoya. As proporções foram as seguintes: R$ 6,4 milhões para Giuliano e mais R$ 3,2 milhões para o segundo representante.

Em contrapartida, os tributos referentes à transferência para o futebol japonês, ainda de acordo com o que foi estabelecido em contrato, são de responsabilidade integral do Corinthians, que recebeu todos os valores da venda à vista e tinha 100% de direitos econômicos de Jô. Na prática, isso significa que o clube arcou com os tributos sobre o valor total da transferência, incluindo a parte que foi direcionada aos agentes. Estes receberam o valor a que tinham direito na íntegra.

Em entrevista coletiva no último dia 5, sentado ao lado de Jô, o presidente do Corinthians afirmou que a venda dele era "mais ou menos isso" ao ser perguntado se os valores giravam em torno de 10 a 11 milhões de euros. Entretanto, como consta em contrato e conforme anunciado pelo Nagoya Grampus, a operação foi de 10 milhões de dólares (R$ 32 milhões), o que dá uma diferença de R$ 7,4 milhões.

Na ocasião, a reportagem ainda questionou o presidente sobre qual seria o destino do dinheiro da negociação. "O destino é o clube. Não sei o que vamos pagar, vamos ver. Não vejo tanta importância assim, é uma coisa interna, compete à diretoria do clube resolver. Ainda não recebemos o dinheiro", disse o dirigente cujo grupo político traz a palavra 'transparência' no nome.

Depois da publicação do Blog do Juca Kfouri, a reportagem do UOL Esporte contatou o presidente Roberto de Andrade por meio de assessoria de imprensa. O mandatário, que deixa o cargo no próximo dia 3, disse que não gostaria de comentar sobre os valores da transferência e as comissões pagas a empresários.

Ao assinar com o Corinthians no fim de 2016, Jô também rendeu críticas ao presidente Roberto de Andrade em função das luvas pagas pelo negócio, em aproximadamente R$ 1,7 milhão. Naquele momento, o centroavante estava sem clube e assinou diretamente com a equipe alvinegra, em operação também coordenada por Bertolucci.

Parceiro de Kia Joorabchian em uma série de negócios, o empresário é responsável por grande parte das maiores vendas do Corinthians nos últimos dez anos, quando o grupo político de Andrés Sanchez, Mário Gobbi e Roberto de Andrade esteve no poder. Na lista de transferências estão o meia Willian, os volantes Paulinho e Guilherme Torres, o atacante Dentinho, o zagueiro Felipe e o lateral Edenílson, entre outros.