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Sheik é citado por doleiros em operação da Policia Federal no Rio

Emerson Sheik de cabeça baixa durante derrota do Corinthians para o Atlético-MG - Pedro Vale/AGIF
Emerson Sheik de cabeça baixa durante derrota do Corinthians para o Atlético-MG Imagem: Pedro Vale/AGIF

Pedro Lopes *

Do UOL, em São Paulo

03/05/2018 18h24

Atacante do Corinthians, Emerson Sheik é citado em duas delações de doleiros que embasam a operação "Cambio, desligo", que resultou em 43 mandados de prisão nesta quinta-feira, em ação conjunta da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público Federal. O atleta não está entre os investigados.

O nome do corintiano aparece nos acordos de colaboração do doleiro Claudio Barbosa, o Tony, e de Vinicius Claret, conhecido como Juca Bala. Segundo as delações, Sheik teria vendido 500 mil dólares a um terceiro doleiro, chamado Sérgio Mizrahy, através de uma conta na Ásia - o dinheiro, depois, teria sido utilizado para a compra de um apartamento para o atleta.

Ao todo, o nome de Sheik aparece sete vezes no pedido de prisão do MPF que embasou a operação nesta quinta-feira - todas dentro das delações dos acusados. Não há mais detalhes sobre a suposta operação, nem datas e locais.

A "Cambio, desligo" atua em conjunto com autoridades uruguaias para desarticular uma rede de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que se espalha por Uruguai, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Sistema "Bankdrop"

Para organizar e controlar o esquema, Claret, conhecido pelo codinome "Juca Bala", e Barbosa, o "Tony", desenvolveram um sistema informatizado, o "Bankdrop". Nele, os investigadores encontraram mais de empresas 3.000 offshores, com contas em 52 países.

"O Bankdrop registrava todas as transferências internacionais, como fazem os bancos com TEDs e DOCs [modalidades de transferência de dinheiro]. Com isso, eles tinham o controle de quem depositava para quem no exterior e quem recebia de quem no Brasil."

Outro sistema, chamado "ST", registrava todas as operações de cada doleiro como uma espécie de conta corrente e foi utilizado para controlar a movimentação dos recursos tanto no Brasil quanto no exterior.

A remuneração do trio de doleiros era uma espécie de "taxa de administração" --como é conhecida a tarifa de manutenção cobrada pelas instituições bancárias. Eles recebiam um percentual em relação a todas as transações, mas a maior parte dos lucros (60%) era destinada a Messer, cabeça do esquema. Ele era o responsável por organizar e ampliar a extensa rede de doleiros, enquanto os sócios cuidavam das atividades operacionais.

Claret e Barbosa foram presos em março do ano passado e, posteriormente, fizeram acordos de delação. Como a pena estipulada pela colaboração era de um ano e dois meses, eles deixaram a cadeia justamente nesta quinta-feira, dia da operação Câmbio, Desligo. Além de revelarem o funcionamento do esquema, entregaram um disco rígido com as informações das inúmeras transações de lavagem de dinheiro, segundo afirmou o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Eduardo El Hage.

Já Messer tem cidadania uruguaia e está fora do Brasil, de acordo com as investigações. Os nomes dele e de todos os outros suspeitos já foram inseridos na difusão vermelha da Interpol e já podem ser presos no exterior. Há mandados em aberto no Paraguai e nos Estados Unidos. Além disso, um alvo estaria em viagem pela Alemanha, de acordo com a apuração da Polícia Federal.

* colaborou Hanrrikson de Andrade, no Rio de Janeiro