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M. Guilherme fala em erro no acordo com SP e agradece interesse de Carille

Marcos Guilherme comemora gol em sua última partida com a camisa do São Paulo - Ale Cabral/AGIF
Marcos Guilherme comemora gol em sua última partida com a camisa do São Paulo Imagem: Ale Cabral/AGIF

José Eduardo Martins e Napoleão de Almeida

Do UOL, em São Paulo

04/06/2018 13h57

Marcos Guilherme se despediu do São Paulo neste domingo (3). Após meses de negociação, o Tricolor não entrou em acordo com o Atlético-PR e o atacante vai buscar um novo caminho para a sua carreira. O imbróglio envolvendo o jogador foi revelado neste ano. Quando ele foi apresentado pelos paulistas, em julho de 2017, foi anunciado que ele ficaria no clube até dezembro deste ano. Porém, o contrato assinado era válido só até junho e o acerto verbal entre as duas partes para que o prazo fosse ampliado ao fim da temporada não foi cumprido. Em entrevista ao UOL Esporte, Marcos Guilherme vê erro na negociação entre São Paulo e Atlético-PR.

"Desde o início. Sempre procurei saber e estar ciente de tudo. Acho que ocorreu um erro na negociação, quem errou sabe. Mas é uma questão financeira de Atlético-PR e São Paulo, o Atlético não aceitou as condições que o São Paulo ofereceu. Negociação é isso, foram essas. Eu também entendi, claro, tentei fazer de tudo para permanecer, mas também entendo o lado do Atlético pela questão financeira. Mas agora também faz parte do meu passado, agora tenho que pensar no meu futuro e ouvir as propostas que eu tenho", disse o jogador, que não quis revelar quem falhou. "É difícil expor a pessoa, mas ele sabe que aconteceu um erro e com certeza vai servir de aprendizado para futuras negociações".

Segundo apurou a reportagem, um possível destino para Marcos Guilherme é a Arábia Saudita. Coincidentemente, o jogador foi indicado para atuar no Corinthians pelo ex-técnico alvinegro, Fábio Carille - que agora dirige o Al Wehda no mesmo país.

"Eu soube que ele gosta do meu futebol e fiquei muito feliz. Até porque é um treinador que eu tenho uma admiração muito grande por tudo o que ele fez, de começar ali de auxiliar e logo em seguida assumir a equipe do Corinthians, e nós sabemos o quanto é difícil assumir ali, até pela grandeza do Corinthians, então fiquei muito feliz em ele me elogiar", disse o atacante.

Confira abaixo alguns trechos da entrevista com Marcos Guilherme:

Sem mágoa do São Paulo

Jamais. Ficou foi somente o carinho que eu tenho pelo clube e que eu sempre tive.

Sem contrato formalizado

Eu sempre soube que o contrato era até junho, porém tinha o acordo até dezembro. Então lá da Croácia ainda eu já sabia. Mas para mim era até dezembro, que é o que tinha ficado acordado. Mas aí em janeiro desse ano que eu tava mais por dentro de tudo e sabia que a possibilidade de eu sair era muito grande.

Por que Atlético não quis colocar no papel o acordo?

Não sei te dizer porque. Foi um reempréstimo, porque o contrato com o Dínamo seria até junho. Não sei se não poderiam fazer, não sei te dizer. Mas sempre estive por dentro de tudo.

Nota da redação: O contrato de reempréstimo tinha que coincidir com o prazo. A promessa era prorrogar, mas o Atlético-PR quis executar a cláusula de venda, do mesmo contrato. Não podia ser feito um novo contrato em cima antes de acabar esse. O São Paulo até chegou a oferecer 2 milhões de euros parcelados, mas o Atlético-PR não abriu mão dos 3 milhões de euros previstos no contrato.

Quem fechou o acordo pelo lado do São Paulo?

Creio que foram os dois [Vinícius Pinotti e Alexandre Pássaro], eles estavam juntos.

Quem não quis ceder?

É difícil em uma negociação ceder, até pela história entre Atlético-PR e São Paulo. Não sei se pesou essa história, é difícil cravar, mas é difícil uma negociação envolvendo uma parte financeira. Muito difícil alguém ceder desse lado. O que o São Paulo me passou foi que eles tentaram de todas as formas. O que eles passaram para o Atlético eu já não sei, mas é difícil ceder, mas eu não queria ter passado por isso. Poderia ter tentado lá atrás já, não agora.

Despedida

Foi bem complicado o dia. Ir ao CT e ter que me despedir de todo mundo, dos meus companheiros, do pessoal do clube, dos funcionários... Realmente foi um dia que me deixou bem triste, mas que infelizmente faz parte.

Propostas

Sei que tem propostas em mesa já, a partir de agora tenho que voltar pra minha casa e ver. Questões de mercado, de moradia. A Europa tá começando agora ainda. Sei que tem algumas propostas, não posso dizer quais para não complicar.

Sem arrependimento de revelar ser torcedor do São Paulo

Em nenhum momento [eu me arrependo], mesmo eu falando que sempre fui são-paulino de infância, hoje eu sou profissional. Sempre vou dar o meu melhor, como eu dei pelo São Paulo, como deu dei pelo Atlético-PR, pelo Dínamo... Então, sei separar muito bem essa questão profissional da emocional. Jamais vou fechar portas até porque não estou com a vida ganha (risos)

Preparação física

Não vou ficar parado. Em um primeiro momento vou treinar sozinho, faço musculação, treino no parque, isso aí não vai ser problema. Tem um preparador físico que sempre me ajuda, faz uns três ou quatro anos.

Nota da redação: O Atlético-PR vai abrir espaço para ele treinar. A situação é igual à do Marcelo Cirino (mesmo empresário, inclusive). Não está definido, mas terá portas abertas.