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Díaz, Avelar e Jonathas expõem Corinthians "persistente" no mercado da bola

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

07/08/2018 04h00

Se o Corinthians negociou efetivamente por um jogador e não conseguiu acordo, talvez o melhor a fazer antes de dizer que o clube desistiu dele seja esperar. A possibilidade desse alvo se tornar reforço do clube em um futuro próximo é sempre considerável, como mostram as aquisições recentes do lateral Danilo Avelar, do centroavante Jonathas e do atacante Sergio Díaz.

Sem grande capacidade de investimento principalmente nos últimos três anos, o clube define alvos e negocia. Se a transferência não dá certo, o jogador segue em monitoramento para que, em um novo momento, principalmente se ele se desvalorizar, possa ser reaberta uma nova conversa. O paraguaio Díaz é um exemplo importante dessa política de acreditar no potencial do reforço, mesmo que ele tenha perdido valor de mercado.

"Em 2014, ele só tinha 16 anos e não podia vir ao Corinthians, mas queríamos uma preferência de compra", recorda Fábio Barrozo, ex-gerente das divisões de base do Corinthians e que havia recebido a indicação de Arce, então treinador de Díaz no Cerro Porteño. "Eles queriam 2,5 milhões de dólares por 50% dele, mas na base não podíamos gastar mais de R$ 300 mil. Eu passei para o Edu (Gaspar, então gerente) e ele achou muito caro por um menino, que de fato era mesmo compreensível", conta ainda Fábio, hoje com um projeto de parceria no Santos.

Colega de Barrozo na base do Corinthians, Alysson Marins foi o escolhido pelo presidente Andrés Sanchez para um cargo que tem tido importância singular no departamento de futebol do clube: observador técnico dos profissionais, função que por mais de dez anos foi do ex-jogador Mauro da Silva, levado por Fábio Carille para o Al-Wehda. Alysson, então, resgatou os relatórios sobre Sergio Díaz, que estava livre para um empréstimo no Real Madrid, e o indicou à direção.

O objetivo de monitoramentos como esse é buscar jogadores de potencial que não tenham se valorizado por completo e que, tempos depois, caibam no bolso do Corinthians. Vendido ao Real meses depois de falhar sua ida ao Corinthians, Díaz passou dois anos na Espanha sem conseguir convencer. Acabou emprestado sem custos, com uma opção de compra estabelecida caso tenha êxito com a camisa alvinegra. Ele hoje se prepara para ainda estrear pelo clube.

Avelar e Jonathas: pouco conhecidos no Brasil, muito falados no Corinthians

Jonathas - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Jonathas é esperança de gols do Corinthians para suprir a falta de um 9
Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Adquirido por US$ 4 milhões de dólares (cerca de R$ 15 milhões), o chileno Ángelo Araos é exceção na temporada de poucos recursos do Corinthians. Os outros reforços provam a situação, casos de Danilo Avelar e Jonathas especificamente, que tal qual Sergio Díaz chegaram sem custos.

Em 2015, Edu Gaspar se empolgava com a chance de adquirir o centroavante que fazia muitos gols na Espanha para suceder Guerrero. Jonathas havia brilhado no Elche-ESP e estava livre no mercado. Mas, diante de uma oferta de 7 milhões de euros para assinar com a Real Sociedad, priorizou a sequência na Europa. O grandalhão ainda passou por Rubin Kazan-RUS e Hannover-ALE até voltar recentemente à mira do Corinthians para um empréstimo gratuito.

A situação é similar à do novo lateral esquerdo de Osmar Loss. Danilo Avelar já havia sido especulado no Corinthians em 2017, mas abriu uma negociação efetivamente no começo deste ano. Ele pertencia ao Torino-ITA e estava cedido ao Amiens-FRA, mas se interessou pela chance de atuar por um grande clube no Brasil. Sem dinheiro para investir, os dirigentes corintianos precisaram aguardar, o que tornou Juninho Capixaba titular antes da hora prevista.

Ao fim do semestre, com Capixaba em dificuldades e Sidcley de partida para a Ucrânia, o Corinthians encontrou novamente em Avelar um alvo fácil para a lateral e conseguiu o empréstimo também sem custos do novo lateral esquerdo. Nesse caso, a boa relação com seu empresário, Fernando Garcia, facilitou um acerto para que fosse emprestado pelos italianos.

Se engana, porém, quem pensa que essa prática persistente, que envolve interação constante entre diretoria e comissão, é exclusiva dos tempos atuais. Essa é uma rotina do Corinthians há mais tempo e facilitada pela sequência de profissionais no corpo técnico, como Fábio Carille e Osmar Loss. O zagueiro Pablo era seguido desde 2015 e assinou só dois anos depois; o volante Renê Júnior conversou com o clube por três ocasiões até assinar no começo desta temporada e assim por diante.