Topo

Vecchio diz não ter recebido luvas de R$ 5 mi que Santos pagou a seu agente

Vecchio procurou o presidente do Santos após ler reportagem do UOL Esporte - Divulgação/SantosFC
Vecchio procurou o presidente do Santos após ler reportagem do UOL Esporte Imagem: Divulgação/SantosFC

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

07/08/2018 04h00

O UOL Esporte revelou, nesta segunda (6), que o Santos pagou R$ 5,3 milhões para a empresa de Luiz Augusto Carvalho, agente de Emiliano Vecchio, para contratar o argentino em 2016, quando ele estava livre no mercado do futebol. No mesmo dia, o jogador procurou o presidente José Carlos Peres para dizer que recebeu apenas R$ 1 milhão, dividido em quatro parcelas, como mostra um recibo ao qual a reportagem teve acesso (veja aqui).  

“Hoje eu falei com o presidente para clarear as coisas. Eu falei tudo como foi o negócio. Se eu tivesse recebido esse dinheiro estaria feliz né?", afirmou Vecchio, em breve contato telefônico, ao ser questionado sobre os R$ 5,3 milhões previstos em contrato como luvas.  

No fim de semana, antes da publicação da primeira matéria, Luiz Augusto Carvalho tinha dito ao UOL Esporte que havia repassado os valores ao meia por meio da Casa Soccer, sua empresa, que teria atuado como intermediária por conta do jogador e os agentes internacionais envolvidos não terem pessoa jurídica constituída no Brasil. Ele diz que repassou o montante a Vecchio, ao empresário chileno Fernando Felicevich e outros dois empresários envolvidos por meio de contratos com cada uma das partes. "O Felipe Melo, por exemplo, recebeu luvas do Palmeiras, mas não significa que todo o dinheiro foi para o Felipe Melo”, completou Carvalho.

Diante da repercussão do caso, Vecchio foi até a direção do Santos esclarecer a situação. O jogador não sabia que sua chegada ao clube tinha movimentado essa quantidade de dinheiro. Embora os R$ 5,3 milhões tenham sido pagos como luvas à Casa Soccer, ele só recebeu menos de um quinto do valor total. Vecchio não escondeu sua chateação com o caso e lamentou ter perdido a chance de ter um salário maior. Em negociações do tipo, o pagamento de luvas em geral é diluído ao longo do contrato e se soma ao salário mensal do jogador.

“São coisas que passamos, vai fazer o que? Falei com o presidente. Mostrei as coisas que tinham que mostrar. Temos uma boa relação”, disse.

O UOL Esporte teve acesso ao contrato que mostra que o acerto com o jogador envolveu o pagamento de R$ 5,3 milhões de luvas para o agente. O pagamento acordado envolveu R$ 2,1 milhões no ato da assinatura e mais três parcelas de R$ 1,06 milhão em julho, setembro e novembro de 2016. O alto valor das luvas causa indignação na atual diretoria santista pelo fato de que Vecchio já estava livre no mercado, ou seja, sem vínculo com o clube que atuava antes do Santos, o Qatar SC.

Antes do Santos, Vecchio tinha no currículo o Rosario Central, da Argentina, clube onde começou a carreira, e passagens sem sucesso por Espanha e até mesmo pelo Brasil, no Corinthians e no Barueri. O meia viveu a melhor fase da carreira no futebol chileno, onde atuou pelo Unión Española e pelo Colo Colo.

Ex-presidente considera valor aceitável

Em contato com o UOL Esporte, Modesto Roma avaliou como aceitável o valor pago em luvas por Vecchio. Na cotação atual, os R$ 5,3 milhões valem 1,2 milhão de euros. O dirigente ainda ressalta que o argentino foi contratado porque o técnico Dorival Júnior, que comandava o time na época, tratou o jogador como uma espécie de “salvador da pátria”.

“O Vecchio foi colocado pelo Dorival como salvação da pátria na época. Não me lembro exatamente o valor, mas esses R$ 5,3 milhões devem dar 1 milhão de euros. No mercado internacional do futebol é um valor palatável. Mas cada vez que o time perde vem esses assuntos. Chega, vamos administrar”, afirmou Modesto, que disse não lembrar o motivo de não ter diluído o valor no salário mensal do atleta.

“Faz três anos. Você acha que eu sei porque eu dilui ou não ou a forma como foi paga? Eu não lembro. Trazer coisas de três anos... Foi feito e foi feito. É melhor fazer isso do que trazer o jogadores e não poder inscrever porque não pagou o empresário", disse Modesto.