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F. Melo comenta polêmica sobre gol para Bolsonaro: "pedi paz e aí criticam"

Alex Silva/Estadão Conteúdo
Imagem: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Alexandre Praetzel

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/10/2018 04h00

Felipe Melo recebeu mais um cartão amarelo, na vitória do Palmeiras sobre o Cruzeiro, por 3 a 1, neste último domingo. O volante deu uma chegada mais forte no argentino Mancuello e foi advertido pelo árbitro Dewson de Freitas. Em uma conversa exclusiva ao UOL Esporte, Felipe entende que sofre com a arbitragem, pelos seus posicionamentos, dentro e fora de campo. Ao falar sobre essa postura diferente em relação às suas atitudes, o palmeirense aproveitou para esclarecer a referência que fez ao candidato à presidência, Jair Bolsonaro, após marcar um gol contra o Bahia, no dia 16 de setembro.

O volante se explicou dizendo que não pediu para ninguém votar no candidato do PSL e disse que tomou a atitude apenas para pedir paz, já que Bolsonaro havia sido esfaqueado durante campanha em Juiz de Fora, poucos dias antes. Felipe Melo aproveitou para cobrar que as pessoas ajam com mais democracia no Brasil. Confira a entrevista abaixo:

Você paga pela sua imagem, de se posicionar mais? Você acha que os árbitros entram pré-condicionados a te marcar?
Bom, eu creio que o nome é forte. Em certos momentos, quando falo certas coisas. Por exemplo, quando eu dediquei meu gol, politicamente falando, a uma pessoa que foi esfaqueada no Brasil, nossa, parecia que a democracia tinha acabado no Brasil. Mas eu vi jogadores rivais falando, e ninguém falou nada. O soco na cara que meu jogador tomou, a minha entrada no jogador do Cerro Porteño, eu creio que não tenha sido na maldade, mas foi um erro, né. Uma jogada muito rápida, trocou o cartão pelo vermelho e foi uma bomba, até cadeia pediram para mim. Agora, um jogador do Cruzeiro deu um soco na cara do Mayke e eu não vejo todo esse alarde, né?

Então, eu creio que certas vezes passa um pouco dos limites. Assim, como eu sei que muitas vezes eu erro, que muitas vezes errei e vou continuar errando porque eu sou ser humano, mas eu quero que as pessoas vejam também o quanto eu tenho buscado melhorar, o quanto eu tenho melhorado, né? Enfim, estou feliz por termos vencido esse jogo, é muito importante vencer e fazermos nosso papel dentro de campo.

Eu não quero politizar, mas se um intelectual dissesse que apoiava o Bolsonaro, seria tratado de forma diferente, em relação a você?
Creio que sim. Mas onde está a democracia? Ah, mas ele falou com a camisa do Palmeiras...Não, eu não falei que ele vai ser o presidente ou vai deixar de ser o presidente. Votem nele ou deixem de votar nele. Eu apenas dediquei um gol a um cara que foi esfaqueado e o Brasil está pedindo tanta paz..Então é um momento que a gente pede paz, em forma de dedicar um gol a uma pessoa que foi esfaqueada e está se recuperando...Aí as pessoas criticam.

Vocês estão muito preocupados com o desempenho das arbitragens?
Preocupam certos erros, né. Por exemplo, esse pênalti contra o Cruzeiro, dois metros fora da área, realmente é complicado. Mas eu não posso entender, de verdade, não posso crer que o juiz tenha feito isso de vontade. O ser humano é passível de erro. Aproveito também o momento para pedir aos críticos que analisem melhor os cartões amarelos que eu tenho tomado. Muitos são justos, mas muitos são injustos, também. Futebol é contato, creio que o cartão amarelo não foi merecido, assim como naquele jogo contra o Cruzeiro lá, do Thiago Neves também. Acho que já tem uma pré-disposição de amarelar o jogador. Independentemente disso, nós temos que ter os pés no chão, continuar trabalhando muito, sobretudo dentro de campo nós temos que saber que nós podemos comemorar títulos importantes, como podemos ficar sem nada. Por isso, essa concentração máxima.

Palmeiras pode quebrar a escrita de ganhar dois grandes campeonatos na temporada?
Palmeiras pode ser campeão da Libertadores, campeão brasileiro e campeão de nada. Por isso que nós temos que lutar e trabalhar, ter bastante, pés no chão e saber que o céu e o inferno estão bem um do lado do outro.