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Petraglia critica "paixão", provoca rivais e compara Diniz a Guardiola

Petraglia: entrevista não fugiu ao estilo que caracteriza o cartola - Reprodução/TV CAP
Petraglia: entrevista não fugiu ao estilo que caracteriza o cartola Imagem: Reprodução/TV CAP

Do UOL, em São Paulo

07/11/2018 10h00

Mario Celso Petraglia não economizou nas polêmicas na véspera da partida de ida entre Atlético-PR x Fluminense pela Copa Sul-Americana, nesta quarta, 21h45, na Arena da Baixada. O dirigente deu entrevista à Rádio Transamérica de Curitiba e aproveitou para cutucar os rivais, criticar a “paixão” dos torcedores pelo futebol e exaltar o ex-técnico do time, Fernando Diniz, a quem comparou ao espanhol Pep Guardiola: “É um intuitivo”.

Para Petraglia, a campanha de recuperação feita após a saída de Diniz com Tiago Nunes no cargo poderia ter sido feita com o ex-técnico. “A história só se escreve uma vez: quem garante que se nós não estivéssemos com o Diniz não estaríamos onde estamos? Quem garante que o Tiago Nunes estaria onde está se não tivéssemos o Fernando Diniz? Só se tivéssemos uma maquineta do tempo, voltássemos e vivêssemos o que vivemos com ele. Hoje ele é meu amigo, vai ser um grande técnico. Então a torcida, vocês da imprensa, nossa diretoria, eu... aquilo vai gerando uma energia, um medo de cair, e vai dando tudo errado. Então nós interrompemos o ciclo.”

O dirigente afirmou que pretende contar com Tiago Nunes como técnico na próxima temporada e chamou de “rótulo” a indicação feita pelo próprio clube de que ele é um interino. E então comparou os técnicos, incluindo Guardiola: “Essa questão é semântica. Eles trabalharam meses juntos. Ele trabalhou em conjunto com o time alternativo, junto com o Fernando. Ele é mais conservador. As pessoas são como são. Havia uma integração. Agora, ao nível do Fernando, quem sabe o Guardiola.”

Críticas à paixão da torcida

Petraglia negou qualquer acordo com a torcida organizada, que pediu liberação de instrumentos musicais e faixas nas partidas decisivas da Sul-Americana. O clube deseja a facção se mova para outro setor do estádio. “O Atlético vai fazer 100 anos. Nós não temos a visão de curto prazo, do imediatismo. Essa é a cultura do brasileiro, de ganhar na quarta e no domingo, do torcedor que não ama o seu clube. É uma constatação. O argentino ama muito mais que o brasileiro. Nós somos apaixonados pela vitória. O brasileiro só vai no futebol na boa. Pega o Ayrton Senna, o Guga... quando tem um líder que está ganhando... quem vê automobilismo na TV atualmente?”

Ele seguiu: “Nós temos um compromisso com o nosso projeto. Não foi concebido para primeiro ano, segundo, terceiro; nós queremos deixar um legado. Qual é o objetivo da biometria: acabar com a impunidade. Vocês acham que o alemão é mais bonzinho que nós? O americano? Lá, cometeu crime, vai preso e paga. O problema nosso da violência não está dentro do estádio. Queremos que dentro elas se sintam seguras. Vocês vão ver amanhã (quarta) a torcida, que nós tentamos junto à Conmebol que tivéssemos torcida única. A Young Flu, que é amiga da do Paraná Clube... você vai ver a necessidade da Polícia Militar, da sociedade, para conter os vândalos que virão. Como se resolve? Não se resolve. É um custo social absurdo. Já não tem dinheiro e ainda vai se dispor para controlar pessoas que não tem nenhuma qualificação.”

O dirigente atribuiu o clima bélico ao sentimento dos torcedores: “Por isso eu brigo contra a paixão no futebol. A paixão é irracional.”

Petraglia cutuca rivais e relativiza eventual conquista continental

Questionado sobre a situação do contrato com o Esporte Interativo à partir de 2019, Petraglia afirmou a posição do clube e cutucou o Coritiba. “Igual, não mudou nada. Vamos receber. Felizmente nós nos mantivemos na primeira divisão, aqueles que assinaram e não se mantiveram não receberão nada”, disse, se referindo à permanência do Coxa na Série B. “Eu queria que o Coritiba tivesse subido. Nós ficarmos sozinhos na primeira divisão, ficamos frágeis. O Paraná, estado, não existe. E como eu disse lá atrás, o futebol do Paraná, de Curitiba, não cabe três clubes de grandeza a nível nacional, internacional.”

Na entrevista de pouco mais de uma hora, o cartola ainda relativizou o reconhecimento que o Atlético possa vir a ter como grande clube em caso de conquistar a Copa Sul-Americana. “Nada. Eu não vejo nada. Nosso projeto é para ser um dos maiores clubes das Américas. Tem que ganhar essa, se for possível, a próxima... quando se é grande, se está entre os três primeiros, você vai ser avaliado para ganhar sempre. Quando nós ganhamos em 2001, depois quase ganhamos em 2004, foram espasmos. O projeto estava em andamento. Mas nós queremos mais: queremos a mudança da lei para transformar em empresa, queremos estar entre os primeiros da América, por que isso é estar entre os maiores do Mundo.”