Atlético-MG encara oposição e tenta vender até shopping para quitar dívidas
Com dificuldades até para pagar salários, a diretoria do Atlético-MG só vê uma saída para equacionar o clube: se desfazer de um de seus patrimônios. No entanto, precisa convencer o resistente Conselho Deliberativo de que esta é a melhor saída para amortizar a dívida avaliada em R$ 580 milhões.
Uma das alternativas é negociar a totalidade do Diamond Mall. A Multiplan, gestora do local, já acertou a compra de 50,1% por R$ 250 milhões - valor a ser depositado na conta do Galo assim que as obras da nova arena forem iniciadas. O pagamento não foi realizado antes para que o montando não fosse bloqueado por outras dívidas. A ideia do clube é realocar o valor direto na construção de seu estádio. Agora a diretoria luta para vender a outra metade do terreno do shopping.
"Muitos clubes passaram por isso e não agiram. Clubes de São Paulo e do Rio passaram por isso. Para cada um real que eles deviam, eles tinham três reais de patrimônio. O que aconteceu? Os clubes, hoje, têm três de dívida contra um de patrimônio. Temos que nos movimentar enquanto o nosso patrimônio é o diferencial, é superelevado. Temos que pensar no Atlético com times para eternidade, para os nossos netos", declarou o diretor financeiro Carlos Fabel ao UOL Esporte.
A ideia já encontra opositores no Conselho Deliberativo. Fabiano Lopes Ferreira, concorrente do presidente Sérgio Sette Câmara na última eleição presidencial do clube, é contrário à venda de parte do patrimônio.
"Claro que não [sou a favor da venda do shopping]. O shopping por mais que falem que não é a praia do Atlético, que dá renda pequena, não pode ser usado para pagar dívida do clube. Você tem de equacionar a dívida de outra forma, usando o futebol", disse.
As críticas feitas por Fabiano Lopes Ferreira já são esperadas por Carlos Fabel, precursor do projeto. O diretor, no entanto, aguarda a próxima reunião do Conselho Deliberativo, prevista para 27 de novembro, para falar sobre a saúde financeira atleticana.
A proposta é vender parte do patrimônio para quitar débitos e criar regras que impeçam um novo endividamento por parte do clube. A partir daí, o clube só poderia gastar um percentual exato do que recebesse.
"Vamos apresentar sugestões de equacionamento. Se o conselheiro entender que vale a pena, vamos criar regras para que se negocie um patrimônio do Atlético, resolva esse passivo que é muito oneroso e crie regras para não se endividar novamente. Vamos criar regras para engessar futuros endividamentos. O Atlético vai ficar robusto demais", contou Fabel.
"Temos uma dívida elevada. Imagine todo ano carregar uma dívida, com custo bancário acima de R$ 50 milhões por ano, com juros. É o que está acontecendo conosco. O Atlético tem patrimônio estimado em R$ 1 bilhão. Vamos queimar 50% deste patrimônio em dez anos. Isso mata qualquer empresa", acrescentou.
Apesar da intenção de explanar a situação ao Conselho Deliberativo na reunião do fim do mês, Carlos Fabel e Sérgio Sette Câmara sabem que o processo de convencimento demandará tempo. Por isso, preparam uma apresentação mais convincente, com duas auditorias externas.
"Fizemos duas auditorias externas para vermos os números e ficarmos mais firmes para o Conselho ver que não é uma coisa só interna. Uma terminou, e a outra está terminando. A ideia é mostrar esses números que nos corroem. Temos a obrigação de mostrar isso para o Conselho, porque aprovamos orçamento e balanço financeiro todo ano", comentou Fabel.
"O Atlético queimou nos últimos 25 anos R$ 475 milhões. É um empreendimento, é o valor do estádio. É prejuízo todo ano. O endividamento só aumenta. Não adianta ter um estádio maravilhoso, receita e ficar pendurado em R$ 600, R$ 700 milhões de dívida. Hoje, o Atlético tem R$ 580 milhões em dívida. Uma parte está no ProFut, outra com o presidente Ricardo Guimarães. Temos dívidas em banco, devemos R$ 130 milhões a clubes no Brasil e no exterior. Ainda tem dívida a intermediário. Precisamos ficar pedalando essas dívidas", acrescentou.
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