Topo

'Colorado raiz', Odair conquista torcida, grupo e vira unanimidade no Inter

Odair Hellmann em jogo contra o Botafogo; treinador conquistou a todos no Inter - Thiago Ribeiro/AGIF
Odair Hellmann em jogo contra o Botafogo; treinador conquistou a todos no Inter Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

28/11/2018 12h00

Odair Hellmann está prestes a renovar seu contrato com o Inter. Não é apenas porque ele levou o Colorado à melhor campanha de uma equipe egressa da Série B no Campeonato Brasileiro, ou porque pode, se vencer o Paraná no domingo, bater o recorde de pontos do clube no campeonato com o formato atual. E sim porque conquistou a todos: torcida, direção, e jogadores. O técnico construiu um consenso com trabalho, personalidade e uma boa dose de sinceridade.

Facilitou muito a ligação de Odair com o clube. O treinador chegou ao Inter como jogador, fez testes e dormiu nos alojamentos do Beira-Rio. Virou profissional e jogou praticamente a carreira toda no clube. Saiu, se aposentou e voltou pedindo uma oportunidade para trabalhar. Começou na base de novo, cresceu até o principal e virou auxiliar por convite de Dunga em 2013. Passaram muitos técnicos, ele ficou. Foi interino, virou auxiliar da seleção brasileira, ganhou o ouro olímpico, e no fim de 2017 veio a efetivação. Uma história profissional toda com o Colorado como plano de fundo.

"Meus olhos são azuis, mas na verdade já são vermelhos. Você tem alguma dúvida de que o amor do lado de cá existe e é sincero?", brincou, em entrevista coletiva, falando sobre a vontade de permanecer no clube.

A postura de "colorado raiz" só contribuiu para, ao longo da temporada, os momentos de crise serem superados. Odair sempre respeitou as manifestações da torcida, no aplauso e na vaia, e ainda foi cordial com todos que o procuraram. Não é raro vê-lo em fotos tiradas depois dos jogos por torcedores que cruzam com ele pelo pátio do Beira-Rio. Sem seguranças, sem proteções, sem posturas que distanciem o profissional de campo de um aficionado comum.

Odair ainda mostrou-se irritado, acima do tom, quando perdeu para o Grêmio. "As eliminações doeram bastante. Ainda mais para o nosso tradicional adversário", disse, reconhecendo como o pior momento de seu primeiro ano no comando do principal. Mais um elo fortalecido com a torcida.

Internamente, Odair levou vantagem por já fazer parte do processo. Conhecia os jogadores e sabia dos comportamentos e do que esperar de cada um deles. Porém, quando assumiu o lugar mais alto na chefia do time, percebeu a diferença.

"Uma coisa é você ser auxiliar, outra é quando é treinador. É você quem decide. Antes eu até poderia concordar com o treinador, mas o jogador não sabia. Agora ele sabia que era eu que escolhia. Isso também pesa", contou.

E nos momentos mais difíceis internamente, pesou a sinceridade. Odair precisou tomar decisões complicadas no elenco, como escolher entre Marcelo Lomba ou Danilo Fernandes, manter D'Alessandro no banco e promover a saída de Zeca, contratado como referência, para entrada de Fabiano, que vinha melhor. Também terminar o ano com Pottker fora do time.

Nestes casos, o treinador cumpriu um protocolo de conversar com os jogadores e explicar cada situação. Mostrar que o companheiro está em melhor momento ou comunicar as razões táticas para opção. Ali, no olho no olho, fazendo exatamente o que prometeu fazer, ele ganhou a confiança dos jogadores.

Os resultados só sublinharam a certeza da direção do Inter em permanecer com ele. Independente do resultado da série de reuniões que tomarão a semana, ele vai continuar no clube. Tanto com a situação como com a oposição vencendo a eleição de 8 de dezembro.