Servidor é acusado de atirar contra ex-Palmeiras após discussão política
Uma discussão que começou no Facebook e terminou na delegacia contrapôs dois funcionários da prefeitura de Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Na tarde do último sábado (15), o ex-vereador Altair Soares, conhecido como Altair da Padaria, não gostou quando André Baía, conhecido como Nego Tom, o criticou nas redes sociais. Altair foi tomar satisfação, em uma praça da cidade.
Segundo duas testemunhas ouvidos pelo UOL Esporte e o boletim de ocorrência registrado dois dias depois da briga, Altair, considerado no bairro uma pessoa calma e tranquila, chegou a disparar durante a discussão ao menos dois tiros para assustar o desafeto. Os disparos teriam sido efetuados no final da tarde, na praça Dicran Echrefian, no bairro Presidente Altino, perto de onde crianças brincavam no parquinho e idosos jogavam jogos de tabuleiro. Ninguém se feriu.
A relação dos dois servidores degringolou de vez quando Tom, que já foi considerado uma promessa das categorias de base do Palmeiras no início dos anos 90, publicou um texto crítico a Altair no Facebook. Na postagem, Tom dizia que Altair era "mentiroso, aproveitador e sanguessuga" por supostamente tentar tomar para si créditos sobre a reforma de um campo de várzea, do qual o ex-jogador do Palmeiras é administrador.
Altair, que é suplente de vereador e está lotado como "coordenador de programas" do prefeito Rogério Lins (Podemos), se irritou com as críticas e ameaçou Tom com um revólver aos olhos de quem passava na praça. Em um vídeo gravado por celular, o político aparece com o que parece ser uma arma em punho, discutindo com o funcionário da secretaria de esportes da cidade.
Segundo a visão de Tom, a reforma do "campo da Ford" é mérito da secretaria e da Amaltino, a associação de moradores do bairro.
"Tudo o que eu fiz foi criticar esse senhor na internet", afirmou Tom à reportagem. "Que eu saiba ainda podemos ter liberdade de expressão". O funcionário também disse que foi coagido por outros servidores da prefeitura ao chegar na delegacia para registrar o boletim de ocorrência. Ao delegado plantonista, Tom não mencionou os disparos. "Fui convencido a não contar a verdade para não prejudicar ele", afirmou à reportagem.
No dia seguinte, voltou atrás e resolveu mudar seu relato. Na segunda-feira voltou com sua advogada à delegacia para retificar as informações e relatar sobre os tiros.
O delegado Cristiano Peraro, do 9º DP, afirmou que, após ouvir testemunhas e receber o resultado do exame de corpo de delito das mãos do suspeito, deve indiciar Altair por cinco crimes: porte ilegal de armas, disparo de arma de fogo, injúria, ameaça e tentativa de lesão corporal. "Tudo leva a crer que houve os disparos", afirmou Peraro.
Suspeito nega que tenha usado arma e atirado
Em contato por telefone com a reportagem, Altair Soares disse que não gostaria de dar entrevista por estar "muito abalado". Questionado, afirmou que não tem licença para usar arma de fogo e negou que tenha usado uma na tarde de sábado. "Era a minha carteira", disse ele sobre o vídeo em que aparece discutindo com Tom.
A reportagem pediu para entrar em contato com sua advogada de defesa, mas não foi atendida.
Dois dias depois do episódio, os frequentadores da praça ainda comentavam a briga. Muitos disseram que a agressividade não combina com a personalidade de Altair, conhecido pela maioria como alguém que "ajuda muita gente". Nas redes sociais, ele costuma postar fotos passeando com a mãe pelo bairro e em ações sociais na comunidade. Candidato a vereador desde 1982, nunca conseguiu se eleger. Em 2016, saiu pelo PRP e conquistou a vaga de segundo suplente do partido.
Em setembro, assumiu provisoriamente uma cadeira na Câmara no período de licença do titular. Em um texto no site da prefeitura, Altair aparece como o responsável por "cobrar" as autoridades sobre a reforma do campo do bairro.
Apesar da confusão, o anúncio da reforma do campo da Ford, que agora terá grama sintética no lugar do tradicional "terrão", foi bastante comemorada pela comunidade de Osasco.
"A reforma é uma demanda muito antiga que já é objeto de incessantes pedidos da associação como de vários líderes e frequentadores do campo. E agora parece que enfim irá ocorrer", disse a advogada Salpi Bedoyan, que assessorou Tom na denúncia contra Altair. "Sentimos muito pelo ocorrido. Confesso que nos causa uma enorme sensação de tristeza e decepção."
Procurada, a prefeitura de Osasco disse que espera receber o boletim de ocorrência para analisar se caberia alguma sanção aos funcionários.
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