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Rival do Palmeiras, San Lorenzo encara crise "sem fim" na Argentina

Diego Ramos/AFP
Imagem: Diego Ramos/AFP

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

02/04/2019 12h00

O Palmeiras vai encarar hoje (02), às 19h15 (de Brasília), pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores, uma equipe em crise. Resultados inexpressivos durante toda uma temporada, punições esportivas e revolta da torcida que miram até o presidente da Argentina, Mauricio Macri, ditam o dia a dia do San Lorenzo em 2018-2019.

O time do Papa Francisco, mesmo com quatro pontos em dois jogos no torneio sul-americano, convive com um péssimo momento, distinto daquele que encerrou com a piada dos rivais locais ao ser pela primeira vez campeão da América em 2014.

Duas vitórias no ano

Considerado popularmente um dos "cinco grandes" da Argentina, o San Lorenzo apresenta números de um time totalmente inexpressivo no país vizinho. Em 2019, a equipe comandada por Jorge Almirón venceu apenas duas partidas: Júnior Barranquilla (Libertadores) e Rosario Central (Campeonato Argentino).

San Lorenzo Boca Juniors - Alejandro Pagni/AFP - Alejandro Pagni/AFP
Duas vitórias no ano e condenado à lanterna do Argentino: o 2019 do San Lorenzo
Imagem: Alejandro Pagni/AFP

Quatro vitórias na temporada

Os resultados se tornam ainda mais assustadores ao se analisar toda a temporada do San Lorenzo na Argentina. Desde agosto do ano passado, quando se iniciou a disputa da Superliga local, o tradicional clube somou quatro resultados positivos em jogos oficiais. A campanha fraca se reflete com a 21ª colocação de 26 times, com três triunfos na primeira divisão, 13 empates e oito derrotas.

Crise de identidade

Um time seguro e equilibrado levou o San Lorenzo ao topo da América do Sul em 2014 sob o comando de Edgardo Bauza. Esta postura, sob o comando de Diego Aguirre, também fez a equipe ser uma das protagonistas da edição de 2017 da Libertadores. Da eliminação nas quartas de final para o Lanús, ficou a lembrança. Até a torcida perdeu a paciência e visitou os jogadores no CT no mês passado.

San Lorenzo estádio - Divulgação/CASLA - Divulgação/CASLA
Equipe caiu de desempenho e em nada lembra o time campeão de 2013
Imagem: Divulgação/CASLA

Castigo e perda de pontos

Fora de campo, a situação é caótica. Por um erro de transparência na declaração dos contratos de seis jogadores, o Tribunal de Disciplina da Superliga puniu o San Lorenzo com a perda de seis pontos ao final do atual campeonato, que, atualmente, condenaria o time à lanterna. O clube, como castigo, ainda não poderá contratar novos atletas na próxima janela de transferências.

San Lorenzo apelou...

Sistema argentino evita vexame

Embora esteja praticamente condenado a terminar o campeonato na última colocação, o San Lorenzo permanece na primeira divisão graças ao sistema de rebaixamento do país, o Promedio. A equipe de Boedo ocupa a sétima colocação na média dos pontos dos últimos três anos. Resta uma rodada para o fim (25ª), e o time azul-grená pega o San Martín de Tucumán, fora de casa.

San Lorenzo tabela - Reprodução/Tabela Superliga argentina - Reprodução/Tabela Superliga argentina
San Lorenzo: sétimo na média dos pontos evita qualquer drama contra o rebaixamento na última rodada
Imagem: Reprodução/Tabela Superliga argentina

Mania de perseguição?

Toda a crise futebolística transcendeu os gramados. Um dos vice-presidentes do clube, o apresentador de televisão Marcelo Tinelli, um dos mais famosos da Argentina, comprou uma briga pública com o tribunal responsável por punir o San Lorenzo. A acusação? Clubismo favorável ao Boca, com prints de posts de alguns dos responsáveis pelo julgamento.

"Outro tuíte do imparcial Presidente do Tribunal de Disciplina da Superliga, o mesmo que sanciona o San Lorenzo, amparando-se em um informe de uma auditoria que desconhece a realidade de todo o futebol argentino. Esta gente, colocada aí sabemos por quem, é quem toma as decisões"

"Outro membro do imparcial Tribunal de Disciplina da Superliga, Daniel Artana. Uma pessoa que apoia o maior endividamento da Argentina e a maior desvalorização, e do outro lado sanciona por renegociar contratos em dólares que se tornaram imprevisíveis [defesa do San Lorenzo para o caso da falta de transparência]"

Sobrou até para o presidente do país

San Lorenzo torcida - Javier González Toledo/AFP - Javier González Toledo/AFP
Imagem: Javier González Toledo/AFP

As queixas de Tinelli e do clube, que entrou com um recurso para tentar reaver os pontos e o veto no mercado, também se repetiram nas arquibancadas. No último domingo, durante o jogo contra o Gimnasia La Plata, em casa, os hinchas atacaram o presidente da Argentina, Mauricio Macri, antigo mandatário do Boca Juniors.

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