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Tite se cala e só vai falar sobre soco de Neymar após conversa com atacante

Alexandre Araújo, Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo

30/04/2019 04h00

Tite ainda não quer se manifestar publicamente sobre o soco desferido por Neymar em um torcedor após a final da Copa da França, no último sábado. A reportagem do UOL Esporte encontrou o técnico da seleção brasileira no Aeroporto Santos Dumont, na região central do Rio de Janeiro, e ouviu os pedidos educados para que nenhuma entrevista fosse gravada.

"Não vou falar, não vou falar. Por favor", solicitou o treinador, que voltava de viagem ao Rio Grande do Sul para a capital fluminense na tarde de ontem. O silêncio sobre o caso foi adotado agora porque Tite pretende ter uma conversa particular com Neymar para entender o que motivou o ato de indisciplina. Só depois desse contato privado é que o assunto será levado a público, provavelmente no dia 17 de maio, durante a convocação da seleção brasileira para a Copa América.

A presença de Neymar na lista para a competição continental, aliás, foi bastante questionada nos últimos dias. E muito graças à filosofia defendida por Tite de prezar pela disciplina. Basta lembrar que, nos amistosos de outubro do ano passado contra Arábia Saudita e Argentina, Douglas Costa não foi chamado porque desagradou o técnico ao cuspir em um adversário no Campeonato Italiano.

Na ocasião, Douglas também estava lesionado, mas Tite fez questão de ressaltar que o ato de indisciplina foi preponderante para a ausência do atacante na convocação. E, assim como agora, o técnico só falou publicamente após conversar diretamente com o jogador, como sempre foi praxe em sua carreira.

Deve haver, no entanto, uma diferença de tratamento nos casos. Afinal, não está nos planos da comissão técnica abrir mão de Neymar para a disputa da Copa América. A situação é bastante delicada, já que a seleção chega bastante pressionada para a competição e o astro também chegará com a imagem arranhada para encontrar a torcida brasileira.

Após a Copa do Mundo na Rússia, Neymar foi fixado como capitão por Tite. A ideia era dar mais responsabilidades para o atacante e deixá-lo mais engajado, mais envolvido com a seleção. A decisão foi bastante contestada por parte da torcida e da mídia e passou a ser ironizada nas redes sociais desde o soco de Neymar após a derrota do Paris Saint-Germain para o Rennes na final da Copa da França.

Neymar reconheceu que errou, mas afirmou que "ninguém tem sangue de barata". Curiosamente, o episódio aconteceu após uma partida em que a estrela tinha grande desempenho, com um golaço por cobertura e uma assistência no tempo normal. Nos pênaltis, já havia convertido sua cobrança. A imprensa francesa o elogiava, bem como os companheiros. O zagueiro Thiago Silva chegou a dizer que não parecia se tratar de um atleta que ficou três meses sem jogar.