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Comitê de apelação da Fifa confirma banimento de Marco Polo Del Nero

Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF - Marcelo Sayão/EFE
Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF Imagem: Marcelo Sayão/EFE

Do UOL, em São Paulo

27/05/2019 11h43

O Comitê de Apelação da Fifa confirmou hoje o banimento do ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero de qualquer atividade relacionada ao futebol, a nível nacional e internacional, por toda a sua vida.

No comunicado, a entidade explica que o comitê confirmou a decisão tomada pela câmara julgadora do Comitê de Ética independente pelo banimento de Del Nero e pela condenação ao pagamento de multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 4 milhões). A decisão havia sido anunciada em abril de 2018.

Del Nero foi considerado culpado de infrações aos artigos 21 (Suborno e corrupção), 20 (Oferta e aceitação de presentes e outros benefícios), 19 (Conflitos de interesse), 15 (Lealdade) e 13 (Regras gerais de conduta) do Código de Ética da Fifa.

No comunicado, a Fifa ainda esclarece que "a investigação contra Del Nero apurou esquemas em que ele recebeu propinas em troca de seu papel na concessão de contratos para empresas para a mídia e direitos de marketing para vários torneios de futebol, incluindo a Copa América, Copa Libertadores e a Copa do Brasil" .

A Fifa ainda informa que Del Nero já foi notificado da decisão.

A investigação da Fifa contra Del Nero teve início após o escândalo de corrupção que assolou a entidade em 2015. Na ocasião, sete dirigentes ligados a confederações das Américas foram detidos em hotel na Suíça sob a acusação de integrar esquema criminoso em contratos televisivos. Entre os presos estava José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

Del Nero também estava na Suíça no momento das prisões e retornou imediatamente ao Brasil. Desde então, o dirigente não fez mais viagens internacionais, se ausentando de diversos compromissos importantes pela CBF.

Os pedidos de prisão dos dirigentes foram feitos pela Justiça dos Estados Unidos, que realizou ampla investigação sobre relações comerciais de torneios da América.

Ex-executivos das empresas Traffic e Torneos, que tinham direitos de competições, acusaram Del Nero de receber subornos por contratos. No total, é apontado que o dirigente ganhou US$ 6,5 milhões em propinas por acordos da Libertadores e da Copa América. O cartola brasileiro sempre negou as acusações, mas tais informações foram requeridas pelo comitê disciplinar da Fifa para realizar a investigação interna.

Del Nero iniciou sua carreira no futebol como dirigente no Palmeiras, clube no qual atualmente é conselheiro vitalício. Chegou a ocupar cargo no Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) na década de 80 e tornou-se um dos vice-presidentes da Federação Paulista de Futebol (FPF) na gestão de Eduardo José Farah.

Ele assumiu o comando da entidade em 2003, permanecendo na presidência até 2015, quando assumiu a direção da CBF. Antes mesmo de assumir o cargo, porém, já era visto como o 'homem-forte' da entidade máxima do futebol brasileiro, atuando como vice de José Maria Marin. A eclosão do caso Fifa em 2015, porém, deu início à derrocada do dirigente e terminou com seu banimento nesta sexta.