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São Paulo e Morumbi têm prêmio de consolação com abertura da Copa América

Morumbi foi envelopado para receber a Copa América. Serão três partidas no estádio tricolor - Bruno Grossi/UOL Esporte
Morumbi foi envelopado para receber a Copa América. Serão três partidas no estádio tricolor
Imagem: Bruno Grossi/UOL Esporte

Bruno Grossi, Danilo Lavieri, José Eduardo Martins, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

14/06/2019 04h00

O Morumbi recebe, enfim, uma abertura de Copa. Mas para quem com o jogo inaugural do Mundial de 2014, no Brasil, a realidade apresenta apenas o início de uma Copa América, cinco anos depois. A partida das 21h30 de hoje, entre a seleção brasileira e a Bolívia, é quase um prêmio de consolação para o São Paulo, que viu seus rivais construírem modernas arenas e agora tenta revitalizar seu histórico estádio.

Para receber o jogo de hoje e outros dois ao longo da Copa América - Colômbia x Qatar e Chile x Japão -, o Morumbi passou por uma série de melhorias nos últimos meses. Os vestiários foram totalmente reformulados. Saíram as apertadas e simples salas para dar lugar a espaços mais amplos, com mais estrutura para a preparação dos atletas e idênticos aos das novas arenas. Um túnel de acesso unificado e maior, com teto retrátil, também foi construído.

O sistema de iluminação foi todo trocado, com a entrada de refletores de LED com potência maior do que o mínimo exigido pela Fifa. Nas arquibancadas laterais, a novidade fica por conta de dois enormes telões, também de qualidade maior do que o padrão. O São Paulo fechou acordo rentável com a Imply, que produziu, instalou e vai fazer a manutenção dos equipamentos em troca de publicidade. O jogo de abertura entre Brasil e Bolívia será o primeiro com o uso dos telões, além dos testes feitos nas últimas semanas.

Telão Morumbi - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Há ainda, porém, uma defasagem em relação à Arena Corinthians, outra sede da capital paulista. A zona mista inaugurada em 2017 no Morumbi será usada pela Conmebol para a Copa América, mas o restante do espaço, que costuma servir de base para o trabalho da imprensa, e a sala de coletivas não terão a função original. Foi preciso montar tendas no estacionamento do portão principal para uma nova área de coletivas e o centro de mídia.

Ontem, a seleção brasileira treinou no Morumbi, já todo envelopado com a identidade visual da Copa América. As placas de patrocinadores foram tampadas, bem como os banners com frases de apoio ao São Paulo e as de indicação de cada portão de acesso. O escudo do clube ficou exposto.

Tribuna de imprensa foi esticada para as cadeiras do Morumbi, com tomadas e cabos de internet - Bruno Grossi/UOL Esporte - Bruno Grossi/UOL Esporte
Tribuna de imprensa foi esticada para as cadeiras do Morumbi, com tomadas e cabos de internet
Imagem: Bruno Grossi/UOL Esporte

Relembre a derrocada do Morumbi iniciada em 2010

A partir de outubro de 2007, quando o Brasil fora confirmado como a sede da Copa do Mundo de 2014, o São Paulo passou a sonhar com a possibilidade de receber a abertura da principal competição do planeta. Mas o projeto tricolor durou até o dia 1º de setembro de 2010, quando o arquirrival Corinthians anunciou de maneira oficial a construção da Arena.

Antes, a diretoria do São Paulo lutou para colocar as suas ideias em prática e cumprir os requisitos impostos pela Fifa. Projetos brotaram. O renomado arquiteto e designer Ruy Ohtake apresentou a sua peça.

Cobertura para a arquibancada, campo mais próximo dos torcedores, novos vestiários, túnel de acesso para os jogadores, estacionamento e novo centro de imprensa estavam entre as obras. O pacote contemplava também uma estação de metrô e uma série de benfeitorias na região.

Por outro lado, o clube tentou estreitar laços junto ao governo e ao Comitê Organizador Local. O então ministro do Esporte, Orlando Silva, havia assinado com o governo do estado e a Prefeitura da capital uma lista de compromissos, a chamada Matriz de Responsabilidades. No entanto, a maior parte dessas promessas só saiu do papel após 2014, e sem qualquer relação com o Mundial.

O então todo-poderoso do Comitê Organizador e da CBF, Ricardo Teixeira, deu preferência para a parceria com Andrés Sanchez, do Corinthians, que também tinha o apoio do presidente Lula. Além do fim do sonho de receber a Copa do Mundo, o São Paulo também viu os arquirrivais receberem shows e partidas importantes em suas casas, como as apresentações de Paul McCartney, antes exclusivas dos tricolores, no Allianz Parque, e confrontos da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 na Arena alvinegra.

Agora, com estação de metrô mais próxima do estádio, dois telões, novos vestiários e reforma na área para a imprensa, o clube tem a chance de reconquistar um pouco de seu prestígio ao ter como prêmio de consolação a abertura da Copa América no Morumbi.