Topo

Por que Everton Cebolinha tem tudo para desequilibrar contra a Argentina

Atacante do Grêmio está em alta na seleção brasileira nesta Copa América - Lucas Figueiredo/CBF
Atacante do Grêmio está em alta na seleção brasileira nesta Copa América Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Bruno Grossi, Danilo Lavieri, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG)

02/07/2019 12h00

Que a seleção argentina sofre com problemas defensivos há anos não é nenhuma novidade. Mas há uma falha na equipe treinada por Lionel Scaloni que tem sido recorrente nesta edição da Copa América: a marcação na lateral direita. Improvisações foram feitas, o drama persistiu na primeira fase e o Brasil agora tem a sorte de contar com seu melhor jogador no torneio atuando justamente nesse setor.

Everton ganhou a posição de David Neres no lado esquerdo do ataque da seleção brasileira por estar em melhor fase e será titular no clássico de hoje, 21h30, no Mineirão, em Belo Horizonte. Isso passa pela confiança para arriscar dribles e jogadas individuais, sempre saindo da ponta para o meio. E jogadores com essas características têm conseguido se sobressair nos jogos contra a Argentina na Copa América.

Foi assim que Roger Martínez limpou a marcação do lateral-direito Renzo Saravia, do Racing, e marcou um golaço para abrir o placar contra a Colômbia na primeira rodada do Grupo B. No mesmo jogo, Saravia voltou a ser presa fácil quando Martínez e o lateral-esquerdo William Tesillo fizeram dobradinha pela esquerda do ataque e decretaram o 2 a 0 colombiano.

Scaloni identificou o problema e resolveu mexer. Tirou Saravia e lançou Milton Casco, que já tem 31 anos e nunca teve muito espaço na seleção argentina. Além disso, costuma ser lateral-esquerdo no River Plate. A experiência de Casco não resolveu o problema na direita e de novo os argentinos tomaram um gol por ali.

Quando Miguel Almirón arrancou pela ponta esquerda e cruzou para Richard Sánchez marcar, ficou evidenciado também que o problema não era só de Casco ou qualquer outro lateral. Faltava apoio, cobertura por ali. Quem erra junto com Casco nesse lance é o meia Roberto Pereyra, escalado contra o Paraguai para ser o ponta direita. Contra a Colômbia, Giovani Lo Celso havia sido testado por ali e também não rendeu.

Para o terceiro e decisivo jogo contra o Qatar, Scaloni resolveu voltar com Saravia, mas desta vez com a companhia de Rodrigo De Paul na ponta. Um jogador mais forte na recomposição e importante na vitória por 2 a 0, mas que ainda não foi suficiente para deixar o treinador sossegado com o lado direito da defesa.

Almoez Abdulla, do Qatar, disputa lance com Juan Foyth, da Argentina, na Copa América - Guilherme Hahn/AGIF - Guilherme Hahn/AGIF
Almoez Abdulla, do Qatar, disputa lance com Juan Foyth, da Argentina, na Copa América
Imagem: Guilherme Hahn/AGIF

Tanto é que, nas quartas de final, contra a Venezuela, a lateral ganhou seu terceiro dono diferente em quatro partidas. O zagueiro Juan Foyth foi o segundo improvisado na posição, com a orientação de ficar o tempo todo na defesa. Durante o jogo, foi possível ver Scaloni e até outros jogadores fazendo gestos para que Foyth não avançasse e se prendesse mais à linha dos zagueiros.

Ainda que a Venezuela não tenha conseguido criar tantos perigos para a Argentina, era nítida a aposta pelas investidas contra o lado direito da defesa "albiceleste". Foyth tem menos velocidade do que um lateral de ofício costuma ter, embora possa marcar melhor o posicionamento de um ponto ou em bolas aéreas.

O caminho está traçado para a seleção brasileira tentar explorar as fragilidades dos argentinos. Além de Everton, que se tornou unanimidade nacional nesta Copa América, há a possibilidade de Tite colocar Alex Sandro nesse setor. O lateral-esquerdo é mais ofensivo, chega mais ao fundo e treinou mais vezes com os titulares nos últimos dias do que Filipe Luís, que se recupera de dores musculares.

FICHA TÉCNICA:
BRASIL X ARGENTINA

Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data/Hora: 2 de julho de 2019, às 21h30
Árbitro: Roddy Zambrano (Equador)
Assistentes: Christian Lescano e Byron Romero (ambos do Equador)
VAR: Leodán González (Uruguai)

BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís (Alex Sandro); Casemiro, Arthur e Philippe Coutinho; Gabriel Jesus, Everton e Roberto Firmino. Técnico: Tite.

ARGENTINA: Franco Armani, Juan Foyth, Germán Pezzella, Nicolás Otamendi e Nico Tagliafico; Leandro Paredes, Rodrigo de Paul e Marcos Acuña; Lionel Messi, Sergio Agüero e Lautaro Martínez. Técnico: Lionel Scaloni.