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Palmeiras demitiu técnica por suspeita de envolvimento em casos de doping

Ana Lúcia Gonçalves foi demitida do Palmeiras apesar de ótima campanha - Fabio Menotti/Ag. Palmeiras
Ana Lúcia Gonçalves foi demitida do Palmeiras apesar de ótima campanha Imagem: Fabio Menotti/Ag. Palmeiras

Danilo Lavieri*

Do UOL, em São Paulo

26/07/2019 04h00Atualizada em 28/04/2020 01h50

O Palmeiras demitiu a técnica Ana Lúcia Gonçalves e a supervisora Renata Pelegatti do comando do time de futebol feminino por suspeitar do envolvimento das duas nos casos de doping das jogadoras Kerolin e Viviane. Elas foram suspensas por conta de um exame feito ainda na época em que atuavam pelo Audax, em 2018, por uso de GW1516 (um hormônio modulador) e probenecida (um diurético), respectivamente.

As duas atletas estão suspensas provisoriamente e lutam para que a pena seja amenizada. Apesar de o problema ter acontecido na época em que elas atuavam por outro time, o Alviverde decidiu assumir a defesa delas.

O UOL Esporte conversou com três pessoas da cúpula palmeirense que afirmaram que técnica e supervisora estimulavam o uso das substâncias proibidas para melhorar o desempenho. Elas trabalhavam com quase todo o atual grupo já na época do Audax. A maioria das jogadoras desconhecia a irregularidade e, quando soube das consequências que poderiam tomar os casos de Kerolin e Viviane, ficou revoltada. Segundo apurou reportagem, 21 atletas conversaram com a direção reportando o caso.

Acusadas negam envolvimento

Em contato com o UOL Esporte, Ana Lúcia e Renata negaram veementemente que participaram do caso. A treinadora afirmou, inclusive, que questionou o médico que acompanhou a equipe do Audax na Libertadores sobre as substâncias que estavam sendo ministradas. Elas, no entanto, dizem desconhecer o motivo das demissões e sempre ressaltam que tiveram todo o apoio da diretoria palmeirense, elogiando a estrutura oferecida para a equipe feminina.

O clube, por sua vez, foi pego de surpresa com a notícia, afirmou à reportagem que não se pronunciará sobre o caso e manifestou que o posicionamento do time se limita ao comunicado emitido na demissão, alegando necessidade de "readequação na filosofia de trabalho". Kerolin e Viviane não foram localizadas pela reportagem. Questionada pelo contato das atletas, a assessoria de imprensa do Palmeiras afirmou que elas estão sendo preservadas.

Apesar disso, depois da publicação da notícia, Kerolin foi às redes sociais para afirmar que não tomou nada e disse ser grata pelo trabalho de Ana Lúcia e Renata Pelegatti.

A demissão causou bastante surpresa entre torcedores que acompanhavam o time. Sob o comando delas, o time de Palestra Itália conseguiu a classificação para a elite do futebol nacional com uma campanha 100% na A2 do Brasileirão.

Na época do doping, a CBF ofereceu apoio para a defesa e tentou entender o caso, mas não conseguiu uma explicação. A técnica também informou a entidade que as providências já estavam sendo tomadas pelo departamento jurídico do Palmeiras. Kerolin é apontada como uma das grandes atletas para o futuro e o caso gerou preocupação na seleção brasileira.

Ajuda para agenciar carreira também incomodou

Além do caso de doping, a diretoria do Palmeiras também se incomodou com o fato de Ana Lúcia e Renata participarem do direcionamento de carreira das atletas, atuando como se fossem empresárias.

Ao UOL Esporte, as duas afirmaram que ajudam algumas jogadoras "como amigas, dando conselhos" e disseram que o ambiente do futebol feminino ainda não tem toda a estrutura necessária. Por conta disso, é comum que técnicas e dirigentes ajudem as garotas. Elas ressaltam que não ganham dinheiro com essa atividade.

Advogada nega acusação e envia nota

Depois da publicação da reportagem, a advogada Armineyde Abtibol entrou em contato com o UOL Esporte e pediu a publicação da seguinte nota:

No dia 26/07/2019, às 04h, foi divulgada pelo sítio eletrônico https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2019/07/26/palmeiras-emitiu-tecnica-por-suspeita-de-envolvimento-em-casos-de-doping.amp.htm, matéria jornalística de autoria do repórter Danilo Lavieri acusando de forma leviana, difamatória e teratológica que o motivo da dispensa da técnica Ana Lúcia Gonçalves e da supervisora Renata Pelegatti do comando do time de futebol feminino pela Sociedade Esportiva Palmeiras se justificou por dois motivos:

1º) Suspeita de envolvimento das duas profissionais nos casos de doping das atletas Kerolin e Viviane;

2º) Incômodo da diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras com o fato de Ana Lúcia e Renata participarem do direcionamento de carreira das atletas, atuando como se fossem intermediárias.

Cumpre ressaltar que as supostas justificativas do clube, informadas e divulgadas pelo portal UOL, são completamente infundadas, inverídicas e ferem de forma inequívoca a honra, a dignidade, a intimidade e a reputação das profissionais, manchando suas imagens e destruindo todo um currículo construído por décadas de atuação no futebol feminino.

Diante dos fatos difamatórios apontados pela Sociedade Esportiva Palmeiras, pela UOL e seu jornalista Danilo Lavieri, sem qualquer comprometimento com a verdade, as Sras. Ana Lúcia Gonçalves e Renata Pelegatti exigem que seja feita a devida retratação pelas partes acima indicadas, sob pena de serem tomadas todas as medidas criminais, cíveis e trabalhistas cabíveis ao caso por seus advogados.

*Colaborou Renata Mendonça, do Blog Dibradoras

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