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Protesto contra Cesar Cielo lembra momentos históricos do esporte

Jason Dunford mostrou sua frustração pela participação de Cielo no Mundial - AFP
Jason Dunford mostrou sua frustração pela participação de Cielo no Mundial Imagem: AFP

Mauricio Stycer

Em São Paulo

25/07/2011 16h24

O queniano Jason Dunford deixou uma marca que dificilmente será esquecida no esporte – e não foram os 26s60 que marcou na final dos 50m borboleta no Mundial de Xangai. Fora da piscina, ainda de calção, o nadador apontou os dois polegares para baixo, em protesto contra Cesar Cielo, vencedor da prova.

Como muitos outros nadadores, Dunford considerou branda demais a punição que o brasileiro recebeu depois de ser flagrado num exame antidoping. Apenas advertido no Brasil, Cielo teve esta pena confirmada em Xangai, às vésperas da competição.

CIELO É OURO NOS 50 M BORBOLETA

Em sua primeira final após ter se livrado de caso de suspensão por doping, Cesar Cielo conquistou a medalha de ouro nos 50 m borboleta no Mundial de Xangai e chegou à sua terceira conquista mundial ao vencer a prova em 23s10.Leia mais

Protestos individuais como o de Dunford são raros no mundo esportivo. O gesto do queniano lembra um pouco, ainda que com outro sentido, os punhos fechados com que dois atletas americanos, Tommie Smith e John Carlos, receberam no pódio as medalhas de ouro e bronze nos Jogos Olímpicos do México, em 1968.

Os corredores evocaram a luta do movimento negro, então em evidência nos Estados Unidos, e foram punidos com a perda das medalhas, suspensão da equipe olímpica americana e mandados de volta para casa.

Vários Jogos Olímpicos já foram boicotados por países em protestos de fundo político. A invasão da Hungria pela URSS fez com que Espanha, Holanda e Suíça desistissem das competições em 1956. Em 1980, os Estados Unidos boicotaram os Jogos de Moscou em protesto contra a invasão do Afeganistão pela então União Soviética. Quatro anos depois, em Los Angeles, os soviéticos retribuíram o gesto, boicotando a Olimpíada americana.

Adilson Monteiro Alves (centro) foi idealizador e principal cartola da Democracia Corintiana.

A Copa do Mundo de futebol de 1966 foi boicotada pela maioria dos países africanos em razão do apoio da Inglaterra à política de apartheid que vigorava então na África do Sul. Boicotes semelhantes, pelo mesmo motivo, afetaram competições de rugby nas décadas de 60 e 70.

A Democracia Corintiana, liderada pelo então jogador Sócrates, é o mais famoso movimento de protesto encenado no futebol brasileiro. O Corinthians da primeira metade da década de 80 entrou em campo com faixas e camisas pedindo eleições diretas para presidente e Sócrates disse que deixaria o país se a emenda em favor das diretas não fosse aprovada pelo Congresso. Ele cumpriu a promessa.