Caminho aberto

Palmeiras passa ileso por trecho complicado da tabela e agora terá rivais com "média de rebaixados"

Do UOL, em São Paulo Pedro Vale/AGIF

Sabe bem o que vem pela frente

Na coletiva após empate com o Atlético-MG em Belo Horizonte, Luiz Felipe Scolari foi questionado sobre qual seria seu segredo para fazer do Brasileirão uma disputa “fácil”.

“Fácil!?”, retrucou o técnico do Palmeiras, quase perplexo, mas sem perder o humor. “Olha o meu suadouro aqui. Queria outro tipo de facilidade”.

Felipão pode até não admitir algo assim em público, mas ao menos podemos registrar que o time passou pelo trecho mais espinhoso de sua tabela no segundo turno. Agora, mantidos os cinco pontos de vantagem sobre o Internacional com cinco rodadas para o fim, o líder tem pela frente uma série de partidas, digamos, menos complicadas. E lembremos: nunca um vice-líder tirou essa diferença a essa altura do campeonato.

Nas últimas cinco rodadas, o Palmeiras conquistou 11 pontos contra times que, juntos, têm hoje aproveitamento de 50,3% no campeonato. Se descontarmos o Ceará, os outros quatro oponentes (Grêmio, Flamengo, o emergente Santos e, agora, Atlético-MG), o número subiria para 53,3%. Para comparar, os próximos cinco adversários (pela ordem, Fluminense, o rebaixado Paraná, América-MG, Vasco e Vitória) combinam para um aproveitamento de apenas 34,3% na competição. A média de um time na zona de descenso.

Calejado, Felipão pode usar esse dado para alertar seu elenco sobre o perigo de enfrentar times em situação periclitante na tabela. Aquela história: adversários desesperados, fazendo de tudo para ficar na Série A. Seria um jeito de controlar a narrativa. Administrar qualquer noção de “já ganhou” talvez seja agora seu desafio mais... difícil?  

Pedro Vale/AGIF

Veja os gols da rodada

Foram bem

  • Leo Valencia (Botafogo)

    O chileno contribuiu com a agressividade característica, com ou sem a bola. Fez um gol de falta com inteligência e deu ótimo passe para outro

    Imagem: Vitor Silva/SS Press/Botafogo
  • Pedrinho (Corinthians)

    Cresceu no segundo tempo do clássico paulista, criou muitas chances e deu assistência. Não poderia ter sido titular muito antes?

    Imagem: Daniel Vorley/AGIF
  • Léo Ceará (Vitória)

    Em seu primeiro Ba-Vi, o atacante prata-da-casa fez logo os dois gols do time. O empate, porém, os mantém na zona de rebaixamento

    Imagem: Mauricia da Matta/EC Vitória
  • Victor (Atlético-MG)

    Fez boas defesas contra o ataque palmeirense, o melhor do campeonato, incluindo uma à queima-roupa após chute de Guerra no primeiro tempo

    Imagem: Pedro Vilela/Getty Images

Foram mal

  • Araos (Corinthians)

    O chileno teve atitude infantil ao agredir Reinaldo. Foi expulso, comprometeu seu time, que, para sua sorte, ainda conquistou um ponto

    Imagem: Daniel Vorley/AGIF
  • Réver (Flamengo)

    O veterano falou sobre falhas coletivas na derrota para o Botafogo, mas de fato sua lentidão foi evidente no primeiro gol do rival

    Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF
  • Maidana (Atlético-MG)

    O jovem zagueiro teve uma atuação no mínimo instável contra o Palmeiras e quase complicou seu time em diversos lances

    Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
  • Cuesta (Internacional)

    O zagueiro argentino cometeu erro grave em saída de bola em tentativa de inversão de jogo. Veio daí o gol de empate do Ceará no Castelão

    Imagem: Ale Cabral/AGIF

Frases da rodada: luta pelo título

Não esperava essa situação no Brasileiro. Esperava passar na Libertadores e na Copa do Brasil. Estou devendo algo ao Palmeiras. Tomara que consiga retribuir neste final de ano

Luiz Felipe Scolari, invicto como técnico palmeirense neste Brasileirão

Empatamos, e o Inter também não ganhou. Mantivemos cinco pontos, abrimos sete do Flamengo, e vamos brigar pelo nosso objetivo. O Brasileiro é isso aí: não dando para ganhar, você não perde

Edu Dracena, zagueiro e filósofo palmeirense

Não adianta querer crucificar um jogador ou outro. Quando o Réver faz gol, é o grupo também que faz o gol. Seria sacanagem crucificar

Réver, tenando manter a ordem no Flamengo

O campeonato continua aberto. Não tem ninguém campeão. Foi realmente um jogo em que a gente jogou bem, com as chances mais claras

Odair Hellmann, técnico do Inter, com fé

Fúria corintiana

Em geral, neste especial, nós concentramos numa seção as frases de destaque da rodada. Dessa vez, porém, a chiadeira do Corinthians após o empate com o São Paulo ganha seu próprio capítulo. Ou melhor, trata-se de mais um capítulo de uma longa série de protestos generalizados, a cada final de semana, contra a arbitragem do campeonato. É uma polêmica depois da outra.

Cobrando gol em finalização de Danilo ainda no primeiro tempo, com Jean fazendo a defesa com a bola aparentemente já atrás da linha, os corintianos elevaram o tom, guiados pelo presidente Andrés Sanchez. Que, para constar, já faz há tempos oposição declarada ao grupo político que hoje controla a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Primeiro relembremos o lance: 

Os clubes deviam se reunir e tirar o Brasileirão da CBF. Aí iam ver o que era bom. Este ano, eles erram contra todos os clubes.

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Andrés Sanchez, em longa coletiva

Os jogadores estavam tão revoltados que não queriam voltar. O juiz ficou pedindo desculpa durante o jogo. É um absurdo

Andrés Sanchez, ainda ele

Em entrevista ao UOL, o diretor de arbitragem da CBF, o Coronel Marinho, afirmou que o lance em questão é "inconclusivo" e que não seria resolvido nem se o campeonato adotasse a revisão por vídeo. "Não há uma imagem que conclui. Tem imagem em que a bola entra e imagem em que a bola não entra. Nem com o VAR daria avaliar. Só com a tecnologia de chip na bola", disse. Marinho assumiu apenas um erro ao avaliar as imagens da partida: para ele, Leonardo Zanon, o assistente responsável pela linha de fundo próximo ao gol são-paulino, estava mal posicionado.

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Opinião dos blogueiros

UOL

Juca: o sucesso derrubou Aguirre

Demissão a cinco rodadas do final do campeonato: Isso se chama planejamento! O triunvirato são-paulino Raí-Lugano-Rocha se curvou aos caprichos de Nenê? O São Paulo não tinha time para sair da fila neste Brasileiro.

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Rodrigo Ferreira/UOL

PVC: Palmeiras ganha uma rodada

Felipão segue seu mantra e alerta os jogadores sobre o risco que persiste de perder o Brasileirão, que parece ganho. Sabia-se que a partida contra o Atlético seria muito difícil. O lance do pênalti em Edu Dracena é discutível.

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Flávio Florido/UOL

Mattos: a bola entra, mas não é gol

O Brasileiro foi inaugurado com um ''pênalti'' em que a bola bateu na cara de Everton Ribeiro - e ele foi expulso. Chega a sua 33ª rodada com um lance em que a bola entrou, e o gol do Corinthians não foi marcado.

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Leonardo Benassatto/Reuters

Sinais

Nenê recebe a bola dentro da área e bate. No meio do caminho, o atacante Brenner aparece para desviá-la rumo o gol, empatando o clássico no Itaquerão. Os dois se unem para comemorar, correndo em direção ao banco. O técnico Diego Aguirre estende o braço, esperando um cumprimento. Qualquer cumprimento. Eles passam direto para encontrar os companheiros de banco de reservas. Nas redes sociais são-paulinas, o episódio viralizou, especialmente quando a relação entre o veterano meia e o treinador já não era das melhores:

Podia ser apenas uma distração dos jogadores. Mas, quando, um dia depois o clube anunciou a demissão de Aguirre, o gesto ganhou maior relevância. Assim como outra ação do veterano meia no primeiro tempo. Antes de ser chamado para jogo, quando aquecia com os demais reservas na faixa esquerda do campo, Nenê aproveitou uma cobrança de lateral para bater um longo papo, passando instruções a Reinaldo.

Sumido das redes sociais desde setembro, o meia voltou ao Twitter na noite deste domingo para compartilhar imagem em que supostamente aponta na direção de Aguirre durante sua caminhada com Brenner. A demissão do uruguaio já havia sido noticiada.

Miguel Schincariol/Getty Images  Miguel Schincariol/Getty Images
Marcelo Alvarenga/AGIF

Somando

A diretoria do América-MG agiu de modo mais rápido que a são-paulina. Ainda no sábado, optaram pela demissão de Adilson Batista depois de o time ter perdido para o já rebaixado Paraná. Adilson durou 19 partidas no cargo, com quatro vitórias, oito empates e sete derrotas. Velho conhecido do clube, Givanildo Oliveira foi anunciado como seu substituto. Ele será o terceiro a dirigir a equipe no Brasileirão. 

Com as quedas de Adilson e Aguirre, o campeonato chega a 28 trocas de treinadores em 33 rodadas, num cálculo que não tem fim. Cabe uma ressalva, de todo modo: nem todos esses técnicos foram dispensados pela cúpula de seus clubes. Alguns deles saíram por conta própria, como no emblemático caso de Fábio Carille, que deixou o Corinthians durante a campanha na qual defendia o título.

Autocrítica

Para se distanciar da zona de rebaixamento, qualquer ponto é importante para o Vasco. Se ele vier num empate com o Grêmio em Porto Alegre, tanto melhor. E o time de Alberto Valentim estava conseguindo isso, até que, nos acréscimos, os vascaínos foram traídos por um homem de confiança. O goleiro Martín Silva levou um frangaço após chute do volante Matheus Henrique.

Deixemos que o próprio uruguaio descreva o lance: “Acho que vínhamos fazendo uma boa partida e estávamos conseguindo um ponto importante. Foi uma bola que apareceu no meio da defesa. Veio variando muito. Não consegui pegar do jeito que queria. É uma fatalidade. Perder num lance assim é muito difícil.”

Agora assistam:

Estou muito bravo comigo mesmo

Martín Silva, e como não ficar?

Caça a Deyverson, os toques do Grêmio e mais estatísticas:

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