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Em meio a tratamento contra câncer, técnico de Isaquias mira pódios em 2020

Jesús Morlán chegou ao Brasil em 2013 para assumir a seleção de canoagem; em 2016, após três medalhas olímpicas, descobriu um tumor cerebral - e nem assim pensa em abandonar o time, para qual traça metas ambiciosas na Olimpíada de Tóqui em 2020 - Juca Varella/Folhapress
Jesús Morlán chegou ao Brasil em 2013 para assumir a seleção de canoagem; em 2016, após três medalhas olímpicas, descobriu um tumor cerebral - e nem assim pensa em abandonar o time, para qual traça metas ambiciosas na Olimpíada de Tóqui em 2020 Imagem: Juca Varella/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

19/02/2017 17h37

O técnico da seleção brasileira de canoagem, Jesús Morlán, aposta em um futuro vitorioso para Isaquias Queiroz no esporte olímpico.

A previsão foi feita em entrevista exibida neste domingo pelo programa Esporte Espetacular, da Rede Globo. Ao longo de 10 minutos, o espanhol relembrou sua trajetória desde que assumiu a equipe, em abril de 2013.

Neste período, viu Isaquias conquistar três medalhas na Rio-2016 – foi prata nas categorias C1 1000 e C2 1000, além de bronze na C1 200. Após as competições, porém, Morlán precisou passar por uma cirurgia para a retirada de um turmo cerebral.

A chegada ao Brasil em 2013, segundo ele, se deu após topar aceitar o desafio de deixar um projeto de sucesso na Espanha. Foi sob seu comando que o também espanhol David Cal conquistou cinco medalhas em três edições olímpicas (2004, 2008 e 2012). Em Atenas-2004, Cal foi ouro na categoria C1 1000.

“Não deixava de ser uma aventura, entendeu? Era deixar uma vida que estava mais ou menos feita, estruturada, para trocar de país. Vir buscar uma aventura”, disse Morlán, que aceitou assumir a seleção com “quatro ou cinco meninos” no Brasil.

Na chegada, Morlán decidiu que a equipe treinaria em Lagoa Santa (MG), a cerca de 40 km de Belo Horizonte. Segundo o treinador, “os meninos não gostaram” nada da mudança para a pequena cidade de pouco mais de 50 mil habitantes; no entanto, a tarefa do treinador não era agradar o time.

“Eu sempre falei apra os atletas: eu não sou amigo de vocês”, contou. “Esse relacionamento frio é algo que você provoca de algum jeito, entende?”

A preocupação inicial, segundo ele, era tirar a badalação sobre Isaquias Queiroz, que vinha de duas medalhas no Mundial Júnior de canoagem velocidade em 2011 (um ouro e uma prata) e de desempenhos de desque nos Mundiais adultos da modalidade (entre 2013 e 2015, foram seis medalhas, sendo três de ouro). Por isso, a seleção brasileira de canoagem acabou ganhando o direito de exclusividade no uso da lagoa da cidade.

Com a evolução dos resultados, a convivência dos atletas com o treinador – que moravam juntos em uma casa – acabou melhorando. “Se você não cria uma relação afetiva com a pessoa que está morando com você, cara, você é um monstro. Não é uma pessoa, entende? Acavam virando sua família de algum jeito”, explicou.

Passadas as três medalhas conquistadas pela seleção brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, veio o grande susto. Em novembro, Jesús Morlán se sentiu mal em Lagoa Santa. Acabou transferido para o Rio para a retirada de um tumor cerebral encontrado em exames.

“Estava passando o melhor momento da minha vida, entendeu? De repente, passei mal em Lagoa Santa”, controu. “Então, simplesmente não entendia nada. Não me sentia mal, mas fiquei muito perdido, entendeu? Muito confuso, muito”, acrescentou.

Hoje, em recuperação (e longe da família), Morlán aposta na continuidade de seu trabalho continua trabalhando com a equipe em Lagoa Santa. A equipe recebe dele as diretrizes em terra, mas quem coordena as ações na água é Nivalter Santos, auxiliar técnico.

Neste ritmo, Morlán aposta forte em Isaquias. Para ele, o canoísta baiano é capaz de crescer ainda mais até os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. “Eu acho que o Isaquias vai sair de Tóquio com cinco medalhas. E no futuro, acho que o atleta com mais medalhas da história do Brasil vai ser o Isaquias”, projetou.