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Pan 2019

Brasil põe 2 atletas no pódio do disco, mas perde ouro no último lançamento

Andressa Morais (dir.) e Fernanda Borges dividem pódio com a campeã cubana Yaime Pérez em Lima - REUTERS/Henry Romero
Andressa Morais (dir.) e Fernanda Borges dividem pódio com a campeã cubana Yaime Pérez em Lima Imagem: REUTERS/Henry Romero

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

06/08/2019 21h44Atualizada em 06/08/2019 23h18

O Brasil começou bem as provas de pista do atletismo nos Jogos Pan-Americanos, nesta terça-feira (6). Só em uma projeção bastante otimista seriam possíveis as três medalhas obtidas no início da noite em Lima. A primeira, de prata, de Altobeli Santos, nos 5.000m. As outras duas no lançamento do disco: prata para Andressa de Morais, bronze para Fernanda Raquel Martins, numa disputa emocionante na qual o ouro escapou na última rodada.

Andressa anotou o novo recorde sul-americano, 65,98m, e sentiu o cheiro da medalha de ouro. Mas, no último arremesso, foi ultrapassada pela cubana Yaimé Pérez, que anotou 66,58m, novo recorde dos Jogos Pan-Americanos. Andressa acabou com a prata, dividindo o pódio com Fernanda, que marcou 62,23m. Campeã mundial de 2015 e medalhista de bronze na Rio-2016, a cubana Denia Caballero terminou em quarto. As duas cubanas são as duas líderes do ranking mundial.

O lançamento do disco é a prova feminina na qual o Brasil é mais forte internacionalmente hoje em dia. Antes do Pan, o ranking mundial já mostrava Andressa, de 28 anos, em sexto lugar e Fernanda, de 31, em 12º. Com o resultado em Lima, Andressa pula para a quinta colocação e mostra que é candidata à medalha no Mundial de Doha, no Qatar. Em Jogos Pan-Americanos, as duas estreiam em pódios. Em Toronto, Fernanda foi quarta e Andressa a sexta.

"Eu estou muito feliz com a marca, e principalmente com a medalha. O objetivo da melhor marca fica mais para frente. O ano só está começando. Meu objetivo fica mais para frente", disse ela, ressaltando que seu objetivo é "sem fim". "Meu treino começou a soltar agora. Tem duas opções: ou encaixa e vai muito, ou queima. Então foi o que aconteceu na prova. Mas eu estou muito feliz mesmo com a marca e a medalha".

Andressa de Morais - Luis ROBAYO / AFP - Luis ROBAYO / AFP
Andressa vive grande momento em sua carreira, em quinto no ranking mundial
Imagem: Luis ROBAYO / AFP

Prata nos 5.000m

Mais cedo, Altobeli Santos havia faturado a primeira medalha do Brasil nas provas de pista do atletismo. Na terceira final do dia, ele fez uma prova conservadora, marcando os rivais, e se poupou para fazer um bom sprint final e ganhar a prata nos 5.000m. O ouro foi para o mexicano Fernando Martinez Estrada, com 13min53s87. Altobeli completou em 13min54s41, em chegada quase empatada com o chileno Carlos Del Rio.

Altobeli disputou os Jogos Pan-Americanos de 2015, em Toronto, quando foi sexto colocado nos 5.000 metros. Ele depois migrou para os 3.000m com obstáculos, prova na qual foi finalista olímpico, terminando no nono lugar na Rio-2016. Nos 5.000m, ele vem de títulos no Campeonato Ibero-Americano de 2018 e Sul-Americano de 2019. Altobeli ainda disputa os 3.000m com obstáculos, sábado.

"Foi uma prova difícil, bem complicada. O peruano surpreendeu muito, naquele momento dos 600 metros finais. Eu tive que improvisar porque fiz força antes do esperado. Aí comecei a queimar energia, sendo que era para fazer isso nos últimos 400 metros. Acabou que fiquei em segundo. Sou medalhista pan-americano, o que me deixa feliz", disse. "O que falta para mim, no momento, é oportunidade de correr mais no exterior, ter um bom agente lá fora."

Ederson Pereira, que liderou boa parte da prova, não aguentou o sprint final e terminou em sétimo, com 13min58s72.

Altobeli Santos no Pan de Lima - Wander Roberto/COB - Wander Roberto/COB
Altobeli teve de mudar sua estratégia de prova e ainda foi ao pódio
Imagem: Wander Roberto/COB

Outras provas

Pelo histórico de resultados, Elaine Martins até tinha chances de medalha no salto em distância. Mas ela foi eliminada na primeira metade da prova - depois de três saltos de cada, só as oito mais bem colocadas continuam. A brasileira estava em décimo, com 6,19m, muito longe dos 6,74m que ela tem como melhor da temporada.

"Fiz uma temporada na Europa, estava treinando. Só que na última competição me lesionei. Agora eu estava voltando. Por mais que o resultado não tenha vindo, eu fiquei contente que consegui saltar sem dor. Faz umas três semanas (a lesão). Estava em recuperação, tanto é que meu treinador deu um treino adaptado", disse ela na saída da prova, projetando saltar 6,80m no Mundial.

Seria um desempenho digno de ouro no Pan. Em Lima, a vitória ficou com Chantel Malone, que saltou 6,68m para ganhar a primeira medalha da história das Ilhas Virgens Britânicas. Estados Unidos e Jamaica ganharam prata e bronze.

Com duas medalhas até começarem as competições de atletismo em Lima, a Jamaica fez dobradinha de ouro e prata no disco masculino, com direito a recorde do Pan para Andray Dacres: 67,68m. Os EUA ganharam o bronze em prova sem brasileiros. Já nos 10.000m para mulheres o pódio teve Canadá com ouro e bronze e México com a prata. A brasileira Tatiele Carvalho foi a nona.

Nas provas que tiveram eliminatórias nesta terça o Brasil foi bem. Paulo André Camilo e Rodrigo do Nascimento fizeram os dois melhores tempos das semifinais dos 100m, enquanto Vitória Rosa foi a terceira mais rápida entre as mulheres - todos se pouparam. Franciele Krasucki foi muito mal e foi eliminada com o 15º tempo. Nos 400m com barreiras, Alison Brendom passou com o segundo melhor tempo das semifinais. A versão feminina não contou com brasileiros.