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Presidente da Fifa admite 'poucas chances' de Copa de 2022 ter 48 seleções

Gianni Infantino, presidente da Fifa - Alexander Hassenstein - FIFA/Getty Images
Gianni Infantino, presidente da Fifa Imagem: Alexander Hassenstein - FIFA/Getty Images

07/11/2018 15h52

Zurique, Suíça, 7 Nov 2018 (AFP) - O presidente da Fifa, Gianni Infantino, indicou que são poucas as chances de a Copa do Muindo do Qatar-2022 ser ampliada de 32 para 48 participantes, avaliando que a missão trata-se de um "desafio difícil".

"Não mudei de opinião. Acho que aumentar para 48 o número de equipes na Copa do Mundo é algo bom para o futebol. Por isso fizemos para o Mundial de 2026", explicou Infantino à imprensa, nesta quarta-feira (7), na sede da Fifa, em Zurique.

No fim de outubro, Infantino avaliou que a Copa do Qatar com 48 seleções era algo realizável. O país vai se pronunciar sobre a questão no início de 2019.

"Se podemos fazê-lo já para 2022? É um desafio difícil, devemos tomar uma decisão em março", acrescentou o mandatário do futebol mundial.

"Conversamos disso com Qatar. Será um desafio muito, muito difícil unicamente no Catar. Pessoalmente, como presidente da Fifa, ficaria muito feliz se alguns encontros pudessem ser compartilhados com alguns países da região", estimou.

"O futebol une, constrói pontes, isso poderia representar um resultado concreto", acrescentou Infantino. "Quais são as chances? Certamente pequenas, mas que mal existe em falar sobre isso?", questionou-se.

A administração da Fifa está realizando um estudo sobre a possibilidade de transformar a Copa do Mundo em uma competição de 48 seleções já em 2022.

Dirigente nega acusações do Football Leaks

Infantino, envolvido em acusações do Football Leaks por seu papel tanto na Fifa quanto na Uefa, repetiu não ter feito "nada de ilegal ou contrário" ao código de ética das entidades.

Citando um tipo de complô diante da imprensa presente na coletiva de imprensa, inclusive a AFP, na sede da Fifa, em Zurique, o sucessor de Sepp Blatter na presidência da Fifa sabia "que não teria facilidades para mudar as coisas em um ambiente viciado por algumas práticas".

"É por isso que compreendemos que possa ter reações contrárias", argumentou Infantino, insistindo: "O fato de se ter um filho de imigrantes italianos na presidência da Fifa parece não agradar a todo mundo".

O ex-braço direito de Michel Platini na Uefa chamou as revelações do "Football Leaks", um série de documentos publicados por um consórcio de veículos de comunicação, de "inexatas".

Segundo estas revelações, a Uefa e seus dois mandatários na época, Platini e Infantino, teriam "com conhecimento de causa ajudado os clubes PSG e Manchester City a esconder suas próprias irregularidades por motivos políticos".

"O regulamento do fair-play financeiro prevê a possibilidade de negociações e de acordos com os clubes", explicou Infantino. "E quem está encarregado de negociar e conversar? A administração", ou seja, o próprio Infantino, respondeu o atual presidente da Fifa.

O fair-play financeiro da Uefa não permite que um clube que disputa uma competição europeia gaste mais do que arrecada. As punições podem ir de uma simples advertência à exclusão da competição.

- Conversas com PSG e City -Segundo o "Football Leaks", alguns clubes, como o Manchester City e o PSG, viram suas sanções reduzidas após negociar com a Uefa.

Assim, Infantino, na época o número 2 da Uefa, teria "negociado diretamente um acordo com o Manchester City, passando por cima do órgão interno de investigação teoricamente independente". Infantino também teria enviado uma mensagem aos dirigentes do City com "um belo presente": "20 milhões de euros de multa ao invés de 60. Os outros 40 milhões só serão pagos caso o clube não consiga equilibrar suas finanças".

O PSG teve "o mesmo tratamento, muito amável", insistiu a francesa Mediapart.

Ao ser questionado se o tratamento dado aos dois clubes não seria, no mínimo, uma violação às regras éticas, Infantino não concordou: "Não só não tem nada de ilegal como não há nada contrário às regras éticas".

- Disputa pela reeleição -Essas revelações vêm à tona a 8 meses do congresso da Fifa no qual Infantino lutará para ser eleito para um segundo mandato.

Em plena campanha, Infantino vem multiplicando os contatos com as 211 federações convocadas a votar, prometendo uma maior ajuda financeira caso eleito. Para concretizar a promessa, o presidente da Fifa pretende crescer o Mundial de Clubes e criar uma Liga Mundial de Nações, competições que já contariam com a promessa do aporte de 25 bilhões de dólares de investidores.

Mas, diante de projetos que estão longe de ser unanimidade dentro da Uefa, Infantino se viu obrigado a aceitar a criação de uma comissão para estudar suas novas propostas.

Em relação à reeleição, Infantino se diz "confiante", mas sem estar "obcecado".

"Eu estou muito satisfeito com o que conseguimos fazer. Eu quero ser reeleito se as pessoas acharem que fiz um bom trabalho, não porque eu fechei acordos com esse ou com aquele", concluiu.