Topo

F1, DiCaprio e (muita) grana: conheça a equipe que levou Massa à Fórmula E

Felipe Massa correrá na Fórmula E pela equipe Venturi. Mas você conhece a Venturi? Imagem: Venturi/Divulgação

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

16/05/2018 04h00

Felipe Massa anunciou nesta terça-feira (15) sua presença na temporada 2018/2019 da Fórmula E. O acordo, embora já fosse esperado ao longo dos últimos meses, não deixou de surpreender – afinal, as conversas com a equipe Venturi foram conduzidas de forma bastante discreta, sem que a imprensa desse destaque à aproximação do brasileiro com o time.

A Fórmula E se tornou um destino atraente para pilotos fora da Fórmula 1 – não apenas aqueles que deixam a categoria depois de várias temporadas, mas também para os que não se estabelecem ou nem conseguem chegar lá. Desde que ganhou as pistas do mundo na temporada 2014/2015, a série de monopostos elétricos da FIA contou com diversos pilotos que trazem a F-1 no currículo, como Sebastién Buemi, Jean-Eric Vergne, Nick Heidfeld e Jaime Alguersuari, sem contar os brasileiros Nelsinho Piquet, Lucas di Grassi e Bruno Senna.

OK, você talvez já conheça bem a futura categoria de Felipe Massa. Mas o que você conhece da Venturi, sua nova equipe? Caso não conheça, o UOL Esporte faz a apresentação para você.

O novo chefe de Massa é Leonardo DiCaprio

Iniciativa ambiental levou Leonardo DiCaprio a se associar à Venturi em 2013 Imagem: Christopher Polk/Getty Images

A faceta mais popular da Venturi Grand Prix é Leonardo DiCaprio. O ator norte-americano não é exatamente a voz ativa dentro do time, onde quem manda mesmo é o empresário monegasco Gildo Pallanca Pastor. Ainda assim, entrou como sócio em 2013. Mas por quê?

DiCaprio é um defensor de diversas causas ambientais. E a chance de apoiar uma categoria com carros movidos a motores elétricos, em detrimento dos motores movidos a combustível fóssil da Fórmula 1, foi determinante para sua chegada.

“Poucos líderes ambientais nos ajudaram tanto quanto ele a espalhar uma mensagem de sustentabilidade ao redor do mundo”, afirmou Alejandro Agag, diretor-executivo da Fórmula E, em declarações publicadas pelo site da BBC em dezembro de 2013.

Construção civil e investimentos imobiliários bancam a equipe

Gildo Pallanca Pastor (ao centro, de óculos) promove encontro de sua equipe com o papa Francisco Imagem: Venturi/Divulgação

Gildo Pastor Pallanca, o homem-forte da Venturi, é desde 2001 o dono da montadora Venturi Automobiles. E de onde vem seu dinheiro? Resposta: de família.

Gildo é filho de Helène Pastor, empresária do ramo imobiliário assassinada em 2014. Ao longo da vida, Heléne foi considerada uma das mulheres mais poderosas de Mônaco, a ponto de ser chamada informalmente de “a vice-princesa”. Quando morreu, sua fortuna era estimada em US$ 3,7 bilhões.

O pai de Helène, Gildo Pastor, morreu em 1990. Na década de 1950, o empresário adquiriu terras em Monte Carlo e construiu ali apartamentos, dando início a sua fortuna. A família chegou a possuir cerca de três mil apartamentos no principado, cerca de 15% do mercado de imóveis do local.

Por fim, o pai de Gildo Pastor, Jean-Baptiste Pastor, imigrou da Itália no fim do século XIX e fez carreira na construção civil monegasca. Fundada em 1920, sua empresa, a J.B. Pastor & Fils, foi responsável por construir o sistema de fornecimento de água de Mônaco e o Stade Louis II – a arena foi demolida em 1985 e deu lugar a uma nova construção com o mesmo nome.

Dos apartamentos aos carros

Venturi foi comprada por Gildo Pallanca Pastor em 2001 e passou a investir em carros elétricos Imagem: Divulgação

A Venturi foi fundada em 1984 por dois engenheiros, Claude Poiraud e Gérard Godfroy, com o nome de Manufacture de Voitures de Sport (MVS). A empresa pretendia competir no mercado de carros de Grand Turismo – ou seja, carros de luxo aliados à elevada competitividade.

Só que os planos de competir com Ferrari, Porsche e Aston Martin não duraram muito. Embora tenha feito relativo sucesso no nicho, especialmente na França, a Venturi declarou falência em 2000.

Em 2001, Gildo Pallanca Pastor decidiu comprar o que sobrou da empresa e mudar seu foco – agora, para carros com motores elétricos. Nos anos seguintes, a Venturi entraria em outros mercados, vendendo motocicletas e investindo em pesquisa tecnológica.

A equipe esteve na Fórmula 1 (e até pontuou)

Venturi comprou parte das ações da Larrousse e disputou a temporada 1992 da Fórmula 1 Imagem: Pascal Rondeau/Getty Images

Em 1991, a Venturi – ainda com seus fundadores – decidiu entrar na Fórmula 1. Assim, comprou 65% das ações da equipe Larrousse. E foi por esta porta que, na temporada 1992, o time entrou em ação como Venturi Larrousse.

O colorido carro do time, batizado de LC92, foi empurrado por motores Lamborghini, que substituíram os Ford Cosworth da temporada 1991. Bertrand Gachot, que assumiu um dos carros no fim de 1991, formou dupla ao lado do japonês Ukyo Katayama.

Só que a aventura durou pouco. Em setembro de 1992, a Venturi vendeu suas ações para as empresas do alemão Rainer Walldorf – que na verdade se chamava Klaus Walz e era procurado em diversos países da Europa por uma extensa lista de crimes. No fim, a Venturi Larrousse somou apenas um ponto, graças ao sexto lugar de Gachot no GP de Mônaco.

Aposta em nomes da Fórmula 1

Depois de contar com Heidfeld, Villeneuve e Sarrazin, Venturi tem Mortara (foto) e Engel Imagem: Andreas Solaro/AFP Photo

Desde que estreou na Fórmula E, a Venturi sempre deu espaço a pilotos que correram na F-1. Logo na temporada 2014/2015, deu um assento a Nick Heidfeld, que defendeu Prost, Sauber, Jordan, Williams e Lotus (atual Renault) na elite do automobilismo entre 2000 e 2011.

Seu companheiro na temporada 2014/2015 foi o francês Stéphane Sarrazin, cujo currículo na F-1 é bem mais limitado: em 1999, disputou o GP do Brasil pela Minardi como substituto de Luca Badoer. Na F-E, porém, o retrospecto é bem mais longo: entre as temporadas 2014/2015 e 2016/2017, foram 26 corridas pela Venturi, tendo como melhor desempenho o segundo lugar no ePrix de 2016.

Na temporada 2016/2017, Sarrazin teve como companheiro o canadense Jacques Villeneuve, campeão de Fórmula 1 na temporada 1997. Foram só três corridas, sem pontuar.

A temporada 2017/2018 é a primeira do time sem pilotos que foram titulares na F-1: o suíço Edoardo Mortara e o alemão Maro Engel.

A chegada de Massa

Massa correrá com a Venturi por três temporadas; primeiros testes acontecem já no fim de maio Imagem: Venturi/Oficial

Felipe Massa assinou contrato de três temporadas com a Venturi e começará a testar com a equipe ainda em maio. A chegada do brasileiro é uma aposta de Gildo Pallanca Pastor para alavancar seu time, que ainda hoje não conquistou uma vitória na Fórmula E.

“Eu precisava dele – de sua experiência, de sua velocidade, de sua mente aberta. A Fórmula E é extremamente complexa para realizar acertos e pilotar”, disse o dirigente. “A experiência de Felipe de 15 anos na Fórmula 1 vai definitivamente nos impulsionar”, completou.

Em nota, Massa também festejou a chegada à categoria e à equipe. “Mal posso esperar para começar os testes no final do mês. Gildo sempre esteve um passo à frente quando o assunto era carros elétricos de alta performance. Esta equipe está em fase de crescimento e desenvolvimento. Farei todo o possível para contribuir com o projeto”, disse o brasileiro.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

F1, DiCaprio e (muita) grana: conheça a equipe que levou Massa à Fórmula E - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Esporte