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Senna ofereceu dinheiro à Playboy para barrar fotos de Galisteu nua

José Ricardo Leite*

Do UOL, em São Paulo

30/04/2014 06h00

Adriane Galisteu, hoje com 41 anos, tinha apenas 19 quando conheceu Ayrton Senna e era uma modelo que começava a aparecer nos paddocks do GP Brasil. Só que sua iniciante carreira teve que ser interrompida durante o namoro pela paixão que despertou no piloto. E a atração que o tricampeão mundial tinha naquele momento o fez até oferecer dinheiro para evitar que aparecessem fotos nua da sua então namorada.

Antes de o relacionamento do casal engatar, Galisteu havia feito fotos para a revista Playboy para uma sessão de coelhinhas. O material não seria veiculado na capa, mas em uma das páginas internas da publicação. Depois que o namoro começou, Senna ouviu da namorada que existiam aquelas fotos. Era 1993, época que ainda não se trabalhava com máquinas digitais.

Preocupado com a exposição da namorada que passara a viver com ele, o tricampeão resolveu procurar a revista para impedir que as fotos fossem veiculadas. De Portugal, onde morava com Adriane, entrou em contato com Juca Kfouri, na época diretor da publicação. Os dois só haviam tido um único contato pessoal, durante a entrega de um prêmio, muitos anos antes disso.

Eis que Senna pediu para Juca que a publicação não fosse feita. E chegou a oferecer uma quantia de aproximadamente US$ 5 mil para que lhe fossem enviados os negativos, como garantia de que as fotos não sairiam. A quantia era mais ou menos a mesma que Adriane havia recebido para aparecer na revista.

“Eu era diretor da Playboy e apareceram lá umas fotos de uma mocinha descoberta pela produtora e que segurava guarda sol no Grande Prêmio do Brasil. Eis que pouco antes de fechar uma edição, me toca o telefone. Era o Ayrton Senna, com quem eu nunca tive intimidade. Ele falou ´Juca, quero um favor´. Eu disse que havia poucas pessoas que antes mesmo de pedirem algo, o favor já estaria feito. Ele era uma delas. Ele disse ´estou apaixonado. Só que ela fez uma bobagem. Fez umas fotos para a Playboy’. Eu perguntei: ‘ quem é?’. E ele disse: ´Adriane Galisteu´. Naquele momento eu não fazia ideia de quem era ela”, lembrou Juca.


O diretor chamou a produtora e perguntou quem era a moça. E logo voltou ao telefone com Ayrton. “Ele falou ´eu me disponho a pagar, eu pago e quero essas fotos´. Eu logo falei ´Ayrton, essas fotos estarão com você o mais rápido possível. Não precisa se preocupar em pagar, não faz nenhum sentido. A produtora me explicou quem era e o material foi substituído. Eu brinco que tínhamos um ensaio com a viúva do Senna que não foi publicado.” A história já foi publicada no livro Ayrton, o herói revelado, de Ernesto Rodrigues.

Em entrevista ao UOL Esporte, Galisteu disse que o caso simbolizou para ela o momento em que percebeu que Ayrton estava realmente apaixonado. “Foi ali que eu percebi que estava namorando mesmo e que ele tinha cuidado comigo de um homem com outras intenções de verdade.”

Só que a ex-namorada fez questão de explicar que a atitude de Senna não fora algo que tenha demonstrado rigor e machismo do namorado. 

“Lembro muito dessa história da Playboy. Ele fez de um jeito delicado, não foi algo contra minha vontade. Fez com carinho e delicadeza para eu entender. Ele me perguntou qual seria a relevância de eu sair na Playboy. Ele me perguntou ´Tem alguma importância em dinheiro? Então o que acha de não fazer?´. Não foi uma coisa machista.”

Capa da "Playboy" com o primeiro ensaio de Galisteu, em 1995 - Reprodução - Reprodução
Capa da "Playboy" com o primeiro ensaio de Galisteu, em 1995
Imagem: Reprodução


Adriane conta que para viver com o piloto, abriu mão do trabalho e que ele se dispôs a pagar o dinheiro que ela ganhava como modelo para a família. “Eu falava que precisava trabalhar. Ganhava cerca de R$ 3.000 por mês e ele passou a dar esse dinheiro para minha mãe. Ela passou a receber esse dinheiro e fui viver com ele.”

Pouco mais de um ano depois da morte de Senna, em agosto de 1995, Galisteu fez fotos para ser capa de uma edição da Playboy que teve mais de um milhão e duzentas mil edições vendidas. “Depois eu fiz fotos para a Playboy para pagar dívidas e comprar um apartamento. Aí sim eu fui pensar em uma grana que mudasse a minha vida.”

Mais tarde, em 2011, ainda fez fotos para outra edição para a revista, uma comemorativa de 36 anos de aniversário.

*Colaborou Marcelo Freire

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