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Como Ralf superou reserva e se agarrou a Tite para virar o capitão do hexa

Ralf superou momentos difíceis no ano e terminou 2015 em alta novamente - Eduardo Knapp/Folhapress.
Ralf superou momentos difíceis no ano e terminou 2015 em alta novamente Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress.

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

25/11/2015 06h00

Esqueça a arrastada renovação de contrato, um constrangedor pedido para que aceitasse se transferir para a Ásia e a relação difícil entre seus empresários e a diretoria.
 
A história dentro de campo de Ralf, o capitão do título neste Campeonato Brasileiro, é uma das mais surpreendentes no campeão Corinthians. E tem, a exemplo de várias que explicam a campanha vitoriosa e com números históricos, as digitais do comando técnico corintiano.
 
Por algumas rodadas, Ralf foi a terceira opção para a cabeça de área do 4-1-4-1. No clássico perdido para o Palmeiras (31/05), na quinta rodada, foi substituído no intervalo, e só readquiriu a titularidade no começo do returno, contra a Chapecoense (30/8). O período de três meses entre os dois jogos é provavelmente seu pior em seis anos de Corinthians. É ele próprio quem atribui a Tite essa volta por cima. 
 
No momento em que se viu seu status reduzido dentro do clube, Ralf admitiu a pessoas próximas que a figura do treinador era essencial para que mantivesse a mesma entrega que o caracteriza durante os trabalhos de toda a semana. Em reunião também com Cristian, ouviu de Tite não só as razões para deixar o time, mas também a promessa que seguiria nos planos. Em meio à saída de outros jogadores, Ralf foi tranquilizado quando, a pedido do próprio técnico, a direção avisou o elenco de que Fábio Santos havia sido a última perda. 
 
"Nós nunca vimos o Ralf em baixa porque o nível de dedicação dele sempre se manteve, jogando ou não", atesta o fisioterapeuta Bruno Mazziotti. "Houve a situação em que ele não foi titular, mas quando teve outra oportunidade estava apto. Ele é um exemplo de profissional, por isso tem todo o respeito do elenco", define. 
 
Nesse período de quase três meses, a mudança de Ralf por Bruno Henrique foi uma das razões apontadas para o crescimento do Corinthians. Bruno elevou a qualidade do primeiro passe, mas Tite soube readaptar a equipe ao retorno do antigo titular. Com recuos eventuais de Jadson e Renato Augusto, a saída de bola ganhou novas possibilidades. Em junho, a equipe sofria para sair de trás quando tinha as laterais bloqueadas. Já em setembro, o jogo por dentro desde a defesa evoluiu e permitiu a presença de Ralf.
 
É verdade que ele não tem a mesma qualidade técnica de Bruno Henrique, mas realiza as tarefas defensivas com precisão. Na comissão técnica corintiana, por mais que trabalhos específicos de passe sejam realizados constantemente, é a essa evolução do time que se atribui o novo encaixe de Ralf.

Não por acaso, há aproximadamente dois meses, Tite convenceu a direção corintiana de que o contrato de Ralf precisa ser renovado. Antes cética quanto à saída do volante em dezembro, a cúpula já admite estender seu período no clube até dezembro de 2017.
 
No vestiário da Arena Corinthians, no último domingo, Ralf recebeu homenagem do presidente Roberto de Andrade por completar 350 jogos e por levantar sua primeira taça como capitão do clube. Com a palavra diante do grupo, Roberto destacou os maiores atributos do capitão: "disciplina, alegria, atitude de campeão, comprometimento e vontade de representar o clube".