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Em crise de Barcelona, só Neymar é poupado de críticas

do UOL, em São Paulo

13/04/2014 06h00

Há exatamente três semanas, tudo parecia estar bem. Você vencia seu arquirrival em um jogo épico na casa dele com três gols de seu melhor jogador, você era favorito nos três torneios de que participava. Você parecia estar voltando aos velhos tempos.

Em quatro dias, seu castelo de cartas desmoronou. Você foi eliminado de um torneio, perdeu para um time da parte de baixo da tabela em outro, viu seus rivais vencerem e seu ataque não faz gol há dois jogos.

Seu melhor jogador não está bem, a torcida está desconfiada e a imprensa faz uma pressão quase insuportável para você demitir seu técnico. E você tem um jogo decisivo na quarta-feira (de novo contra o seu maior rival, que está em alta).

Se perder, dará adeus a mais uma taça e pode começar a se preparar para terminar a temporada de mãos vazias.

Esse é o drama — um jornal catalão chamou de via-crúcis — que vive o Barcelona desde a derrota para o Atlético de Madri na última quarta e para o Granada, no sábado, ambas por 1 a 0. Fazia seis anos que o time não passava em branco em dois jogos consecutivos.

A primeira derrota significou a eliminação do time na Liga dos Campeões. A segunda, deixou a equipe em terceiro e, com dois adversários fortes acima, muito longe do título. O Barcelona agora não depende apenas de si mesmo e precisa torcer contra Real e Atlético, que enfrentam adversários pouco desafiantes a partir daqui.

Os jogadores responsáveis pelos últimos títulos do clube (Messi, Xavi, Iniesta e Fábregas) viraram, quase que do dia pra noite, alvo de críticas duras de parte da torcida e da imprensa. 

IMUNE

A crise parece só não ter respingado em Neymar, que tem atuado bem, mesmo na sequência de derrotas do time.

Na Liga dos Campeões, ele já tinha sido a arma mais atuante da equipe. Contra o Granada, ele jogou quase sozinho enquanto o resto do time parecia estar dormindo. Ainda que Neymar tenha tentado, o Barcelona não conseguiu balançar as redes.

“Não é só perder, é como se perde”, escreveu o jornalista Ferran Martinez, do Mundo Deportivo, um jornal que parece sofrer com as derrotas do Barça como alguém sentado atrás de um dos gols do Camp Nou. “Um time é um estado de ânimo. E o Barça, ficou demonstrado, está grogue.”

O outro jornal esportivo da Catalunha, Sport, publicou na internet logo após a derrota para o Granada a capa de sua versão impressa do dia seguinte; letras garrafais sobre um fundo preto diziam “Adeus, Liga. Adeus, Tata, Adeus...” Ao lado, o argentino Tata Martino, que há meses convive com boatos de demissão, aparece de cabeça baixa.

“Esse Barça não levanta a cabeça”, titulou o Marca, principal esportivo espanhol, que sempre adotou uma postura meio cética, mesmo na época em que o Barcelona era o time a ser batido.

Após a derrota, Martino só levantou a cabeça para sugerir que já jogou a toalha. “O vestiário sentiu que escapou algo importante”, disse em entrevista coletiva, se referindo à improbabilidade de uma virada na reta final do campeonato. “O resultado de hoje [sábado] é uma desgraça que acontece muito de vez em quando no futebol.”

Logo depois, o treinador reafirmou a necessidade de vencer o jogo de quarta-feira contra o Real Madrid, a final da Copa do Rei, para não permitir que a temporada passe em branco.

Seria um alívio, mas dificilmente um final feliz para o ano que começou prometendo muito e acabou entregando pouco.