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Insatisfeito, juiz retirado da final do Paulistão anuncia que não apitará mais

Rodrigo Braghetto critica amadorismo na arbitragem e se diz desestimulado  - César Rodrigues/AAN/AE
Rodrigo Braghetto critica amadorismo na arbitragem e se diz desestimulado Imagem: César Rodrigues/AAN/AE

Bruno Thadeu

Do UOL, em São Paulo

17/05/2013 13h59

Retirado pela Federação Paulista de Futebol da final do Estadual entre Santos x Corinthians, o árbitro Rodrigo Braghetto informou ao UOL Esporte que encerrará a função de juiz de futebol profissional. A decisão de dar adeus ao apito foi motivada após a FPF cortá-lo da decisão pelo fato dele prestar serviço às categorias de base dos clubes paulistas, entre eles o Corinthians.

Braghetto é sócio da Apto Esportes, empresa de eventos esportivos. No site da empresa, consta o Corinthians, São Paulo e Portuguesa como clientes. Os serviços prestados são de arbitragem a torneios internos voltados à base.

“A arbitragem acabou para mim. Vamos seguir novos caminhos. Foram 17 anos na função, com lisura, dedicação, e sem nunca ter se envolvido a polêmicas na arbitragem”, disse.

Braghetto havia sido sorteado pela Federação Paulista para apitar a decisão na Vila Belmiro, domingo, às 16h. Nesta sexta, a entidade decidiu retirar o árbitro. O novo juiz da partida será conhecido em novo sorteio, às 15h desta sexta.

CONFIRA A ENTREVISTA COM RODRIGO BRAGHETTO:

UOL Esporte – Como soube da exclusão do seu nome para a final do Paulistão?

Rodrigo Braghetto –Uma pessoa ligada ao Coronel Marinho [que comanda a arbitragem na FPF] me ligou comunicando. Eu não pedi para ser retirado.

UOL Esporte – Sua empresa tem entre seus clientes o Corinthians, São Paulo e Portuguesa. Essa ligação poderia interferir em uma decisão durante um jogo?

Rodrigo Braghetto –Tenho uma equipe de arbitragem que presta serviços sociais aos clubes, não apenas o Corinthians, mas São Paulo, Palmeiras e outras. Nunca recebi dinheiro do Corinthians. Tanto é que a Federação sabia disso e me escalava normalmente.

LIGAÇÃO COM O CORINTHIANS TIRA JUIZ DA FINAL DO PAULISTA

  • A Federação Paulista de Futebol divulgou que o árbitro Rodrigo Braghetto foi afastado da final do Campeonato Paulista. O juiz tinha sido escalado para o jogo, mas solicitou à Comissão de Arbitragem que fosse dispensado da partida. Nesta sexta-feira, haverá novo sorteio para definir o juiz que irá apitar o jogo entre Santos e Corinthians, no domingo, na Vila Belmiro. Segundo a entidade, o árbitro pediu o afastamento. Braghetto é sócio da empresa Apto Esportes, que presta serviço para o Corinthians e outros clubes como São Paulo e Portuguesa. Segundo Coronel Marinho, chefe de arbitragem da Federação Paulista de Futebol, a ligação do árbitro com a empresa era de conhecimento da entidade. “A Federeção não veria problema na atuação dele na final. Mas foi uma opção dele, ele abriu mão e nós respeitamos”, disse Coronel Marinho ao UOL Esporte. LEIA A MATÉRIA

UOL Esporte – Mas se a Federação sabia, por que só às vésperas da decisão do título ela decide excluir seu nome do jogo?

Rodrigo Braghetto – Por tudo o que aconteceu na quarta-feira [erros de arbitragem entre Corinthians e Boca], talvez foi uma maneira de querer fazer uma ligação. Faz parte.

UOL Esporte – Mas essa relação com as bases do clube, mesmo que teoricamente desatrelada ao futebol, não poderia gerar uma interpretação diferente?

Rodrigo Braghetto – Nunca houve qualquer interferência, tanto que fizeram um levantamento agora onde eu apitei cinco jogos do Corinthians e o time venceu apenas uma vez. Eu fiz Ponte Preta e Corinthians [eliminação corintiana] e não fizeram qualquer menção ao meu trabalho prestado na minha empresa. Esses resultados mostram que minha postura é de lisura. Mas é óbvio que qualquer decisão no jogo faria com que levantassem questionamentos.

UOL Esporte – E por que a decisão de encerrar a carreira?

Rodrigo Braghetto –  Eu defendo a profissionalização da arbitragem no país há muito tempo. Quem me conhece sabe o que eu estou dizendo. Eu sou formado em administração, tenho meu emprego fora do futebol por necessidade. Mas não há evolução. Todos os árbitros têm que ter outras profissões. Eu não posso ficar em curso pela CBF por três dias fora da minha cidade porque eu tenho emprego. Se querem melhorar uma função, tem que capacitar.