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Há 20 anos, Palmeiras acertava acordo com Parmalat que encerraria fila de títulos

Marcos, celebrando título da Libertadores com o Palmeiras, em 1999 - Divulgação
Marcos, celebrando título da Libertadores com o Palmeiras, em 1999 Imagem: Divulgação

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

07/04/2012 11h43

Há 20 anos, no dia 07 de abril de 1992, o Palmeiras selava o acordo com a Parmalat. Duas décadas depois, o torcedor lembra com carinho da marca italiana que blindou o departamento de futebol de polêmicas internas e conseguiu trazer 24 títulos entre a assinatura do contrato e sua saída, no dia 31 de dezembro de 2000, quando o contrato não foi renovado. 

TÍTULOS DA ERA PARMALAT

Rio São Paulo, em 1993 e 2000
Paulista, em 1993, 1994 e 1996
Brasileiro, em 1993 e 1994
Troféu Athiê Jorge Couri, em 1993
Taça Reggiana, em 1993
Copa Nagoya, em 1994
Copa Brasil-Itália, em 1994
Taça Lev Yashin (Rússia), em 1994
Torneio Euro-América, em 1996
Copa da China, Taça Jihan e Taça Xangai, em 1996
Torneio Naranja-ESP, em 1997
Torneio Maria Quitéria, em 1997
Copa Estados Unidos, em 1997
Copa Mercosul, em 1998
Copa do Brasil, em 1998
Taça Valle D’Aosta (Itália), em 1999
Copa Libertadores, em 1999
Copa dos Campeões, em 2000

Tudo começou porque o Palmeiras buscava, naquela época, acabar com um jejum de títulos que incomodou seus torcedores durante a década de 1980. Por outro lado, a Parmalat queria exposição no Brasil. A parceria foi facilitada graças a tecnologia do leite UHT (temperatura muito alta, da sigla em inglês), que fazia o leite ser conservado por processo térmico diferenciado. Além disso, a embalagem Tetra Pack, outra inovação tecnológica, permitia que a conservação fosse feita por seis meses sem refrigeração.

Essa foi a saída perfeita para a marca trazer seus produtos para o Brasil, uma vez que ela ainda não tinha fábricas no país. Hoje, o acordo Palmeiras/Parmalat é considerado referência para a co-gestão de um time para especialistas da área. 

A parceria firmada previa que a empresa se encarregaria de administrar os departamentos de futebol, vôlei, basquete, futebol de salão e hóquei sobre patins do clube. Tudo isso seria feito sob a gestão de José Carlos Brunoro, hoje considerado um dos melhores gestores do esporte e encarregado de comandar esse setor do Grupo Pão de Açúcar, que tem o Audax brigando para subir à elite do futebol paulista. 

"Dentre todos os casos de marketing esportivo no Brasil, o primeiro patrocínio feito em sólidas bases empresariais foi a associação Palmeiras/Parmalat. Até então, o patrocínio esportivo significava uma alternativa de mídia, com a marca da empresa estampada nas camisetas dos atletas, e um reforço à imagem do patrocinador, cuja iniciativa era bem recebida pelos torcedores do clube. As condições discutidas com os dirigentes do Palmeiras incluíam também a participação da multinacional italiana, em regime de co-gestão, nas decisões técnicas dos esportes patrocinados e nos aspectos administrativos envolvidos", explicou Brunoro ao site do Palmeiras.

"Assim, além de apoio financeiro, o contrato previa a implantação de um sistema de organização empresarial, com o futebol sendo administrado por um executivo especialmente contratado para a função. E a Parmalat teria ainda parte nos passes dos jogadores contratados daí em diante", completou.

Em um estudo recente feito pela Sport Track, a Parmalat foi considerada a marca mais lembrada pelo torcedor palmeirense, mesmo após 20 anos e de tantos outros parceiros terem estampado a camisa do clube.

LEMBRANÇA DE PATROCINADORES DO PALMEIRAS

  • Reprodução/Sport Track

    Parmalat domina o ranking de lembrança e fica à frente até mesmo de marcas recentes

"A Parmalat, além de ter a co-gestão do futebol, conseguia investir em marketing no clube e também no marketing tradicional. Quem não lembra da propaganda dos bichinhos, que as crianças tomavam leite da Parmalat?", lembra Rafael Plastina, diretor da Sport Track.

Após a saída da Parmalat, quando o contrato não foi renovado no fim de 2000, o Palmeiras não colecionou bons resultados. Pelo contrário: o time caiu para a Série B e, desde então, só pôde comemorar o título do Campeonato Paulista de 2008, quando o futebol também tinha certa blindagem das polêmicas internas sob o comando da Traffic.