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Paulista - 2019

Dirigente diz que Palmeiras de 1993/94 era rachado e vê futebol atual "mimado"

César Sampaio afirmou que comportamento de torcedores mudou muito - Bruno Thadeu/UOL Esporte
César Sampaio afirmou que comportamento de torcedores mudou muito Imagem: Bruno Thadeu/UOL Esporte

Bruno Thadeu e Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

01/02/2012 12h00

Time bicampeão Paulista e Brasileiro em 1993 e 1994, o Palmeiras deixa saudades nos torcedores. O time da Libertadores de 1999 também. As taças que entraram para a história do clube, no entanto, não foram fruto da união ou da amizade no elenco.

Em visita ao UOL Esporte, o gerente de futebol do time, César Sampaio, relatou que os times da “Era Parmalat” eram bastante rachados, destacando que Vanderlei Luxemburgo estimulava um clima hostil no elenco para provocar disputas internas por posições. As desavenças eram deixadas de lado quando precisavam representar o Palmeiras, frisa Sampaio.

 

Ele lembra que Edmundo e Antônio Carlos brigaram de maneira contundente no intervalo de um clássico contra o São Paulo. Mesmo assim, o Palmeiras voltou dos vestiários e conseguiu vencer o jogo em pleno Morumbi.

“No início dos anos 1990, era problema gravíssimo. Era um grupo rachadíssimo, bem declarado, que um falava para o outro não gostava. É até melhor assim. Os dois se uniam pela mesma causa, que era ver o Palmeiras em uma melhor”, analisou Sampaio.


Para Sampaio, o racha de 1999 era muito menos forte do que o que existia em 1993 e 1994. A diferença fica ainda maior se o ex-volante compara os seus tempos de jogador com a geração atual. Ele afirma que grande parte dos atletas é muito influenciada pelos empresários e pelo aspecto financeiro, deixando de lado a vontade de vestir uma camisa de um grande clube.

“Os tempos são outros. O maior problema é que o jogador virou um dos investimentos mais rentáveis do que qualquer outro produto. Os empresários, assim, estão para financiar e tirar os problemas. Então o jogador, se for diferenciado, é tratado como celebridade. E aí existe o choque de gerações. E aí ele (Felipão) espera o cara que pode batalhar, tirar as pedras. Às vezes vemos isso mesmo, de ver o cara que poderia aprender com o erro e que continua na mesma”, analisou o dirigente.

Brigas à parte, Sampaio afirmou que o jogo que ele mais gosta de relembrar é o de 1993, quando o Palmeiras venceu o Corinthians por 4 a 0 em plena final do Paulistão. Por outro lado, a derrota por 1 a 0 na final do Mundial de 1999, diante do Manchester United, é o jogo que ele gostaria de esquecer. Na hora de escolher o melhor técnico da carreira como jogador, ele faz média.

“Eu trabalhei com grandes treinadores. Não dá para falar de um. Tem o Luxemburgo, o Felipão, o Nelsinho Baptista, o próprio Otacílio, que levamos para o Japão depois. O Zagallo, que apesar de pouco recurso tecnológico, até aparentemente desatualizado, ele vive aquilo intensamente. O grupo que ele montava tinha prazer de defender seleção”, completou Sampaio.