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Criticada, base do São Paulo oferece inglês, surf e até orquestra aos jovens

São Paulo entende que a orquestra reforça conceito de "coletividade" no time - São Paulo Futebol Clube/oficial
São Paulo entende que a orquestra reforça conceito de 'coletividade' no time Imagem: São Paulo Futebol Clube/oficial

Bruno Thadeu

Do UOL, em São Paulo

10/05/2013 06h00

O São Paulo se tornou o inimigo número 1 dos clubes grandes sob a acusação de assediar promessas do futebol. Equipes do Rio, Minas, Bahia e Palmeiras engrossam coro. O time do Morumbi nega tal prática, alega que os garotos e os pais se sentem atraídos pela estrutura oferecida pelo clube aos jovens e lista atividades extracampo que teriam como finalidade a formação completa do atleta.

Além dos recursos básicos oferecidos aos garotos no CT em Cotia (alimentação, treinamentos e moradia), o São Paulo paga faculdade aos jovens que se interessarem, disponibiliza aulas de inglês e surf e leva os atletas a ensaios e apresentações de orquestra sinfônica.

Assistir à orquestra reforça o conceito de time aos meninos, explica Mariana Grassia, coordenadora do setor social do São Paulo, em Cotia

“Um de nossos projetos é o Projeto Orquestra Sinfônica, que tem como intuito mostrar a eles a importância de cada um dentro de uma equipe. Em uma orquestra, um depende do outro. Desde quem está com o triângulo até o maestro. Levamos os meninos ao ensaio da orquestra para mostrar esse conceito de coletividade. Dias depois eles conferem a  apresentação da orquestra para ver o resultado final”, diz Mariana.

Rogério Ceni, Kaká e Lucas personificam o ideal do São Paulo na formação de atletas. O clube reforça o discurso de que busca a formação do homem mesmo que não siga no futebol na fase adulta.

Ao todo, o São Paulo matriculou 88 jovens em escolas particulares. Seis atletas têm faculdade paga. O clube leva e pega os meninos de ônibus na escola. Os cursos de inglês e reforço escolar existem dentro do CT há 3 anos.

Jogadores que tiverem notas baixas ficam fora de jogos. Romarinho, hoje no Corinthians, foi dispensado da base tricolor em razão de notas baixas na escola.

ZAGUEIROS CURSAM INGLÊS EM COTIA E PROJETAM VALORIZAÇÃO NO FUTEBOL

  • Bruno Thadeu/UOL

    Os zagueiros Hugo (de vermelho), 18 anos, e Leonardo, 17, fazem inglês e faculdade em Cotia. Estudante de administração, Leonardo acredita que a fluência no inglês possa trazer valorização.

    'Você passa a ter um diferencial quando clube de fora vê que você tem alguma noção de inglês", diz.

    Há três anos no curso de idiomas, Hugo relembra viagem ao exterior com o elenco.

    'Foi bom porque pude me comunicar com jogadores de outros países', fala Hugo, que faz Educação Física.

    Ex-aluno e cria do SP, Lucas Piazon teve seus direitos comprados pelo Chelsea.

Atleta da seleção sub-17, o atacante Evandro, por exemplo, não disputou a final de um torneio de base do São Paulo devido a mau rendimento escolar.

Os alunos com melhores notas no colégio ganham visitas aos treinos do time profissional do São Paulo.

Mimos oferecidos em Cotia

Reduto da base tricolor, o CT de Cotia possui 11 campos de futebol, em mais de 200 mil metros quadrados. Um enfermeiro faz plantão à noite no CT.

Todos os quartos dispõem de ar condicionado, TV a cabo e sinal para conexão sem fio para internet.

“Você gostaria que seu filho estudasse em uma escola onde se oferece toda assistência e condições para ele se desenvolver como ser humano? Qual pai não ficaria tranquilo em saber que o filho está em um lugar onde é dado estudo, assistência médica, transporte, conforto e oportunidade de jogar em um clube grande?. Não tem aliciamento. São os pais que nos procuram”, declara o supervisor pedagógico do São Paulo, Daniel Ribeiro.

Os mimos oferecidos pelo São Paulo já foram alvo de reclamação por parte do ex-treinador do clube, Muricy Ramalho. Ele dizia que alguns atletas se queixavam da mudança de Cotia para Barra Funda (do profissional), onde nem todos os quartos têm ar condicionado.

LUCAS TROCOU O CORINTHIANS PELO SÃO PAULO NA ÉPOCA DE BASE

  • Bruno Miani/Vipcomm

    O meia-atacante Lucas defendeu a base do Corinthians por três anos antes de chegar ao São Paulo. O Corinthians acusa o rival de aliciar os pais do jovem.

    O São Paulo nega a acusação e diz que o Corinthians não queria investir no tratamento físico de Lucas, na época conhecido como Marcelinho.

    O pai do jogador argumenta que o Corinthians não se interessou em bancar o trabalho de ganho de massa muscular, optando pelo São Paulo.

São Paulo acusa Vasco de não cuidar dos dentes de jovem

Atleta da base tricolor, o lateral Foguete deixou o Vasco após ingressar na Justiça. O São Paulo acusa o time carioca de não cuidar da saúde do jovem.

O dentista que trabalha no CT tricolor constatou que Foguete apresentava sérios problemas dentários, encaminhando o jogador para tratamento de canal em São Paulo.