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Saída de Abel Braga do Flu tem choro, proteção ao elenco e salário atrasado

Abel Braga (d) abraça o vice presidente de futebol do Fluminense, Sandro Lima - Fernando Cazaes/Photocamera
Abel Braga (d) abraça o vice presidente de futebol do Fluminense, Sandro Lima Imagem: Fernando Cazaes/Photocamera

Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/07/2013 10h39

O fim da trajetória de mais de dois anos do técnico Abel Braga no Fluminense teve momentos de emoção, promessa de pagamento de salários atrasados e proteção ao grupo de jogadores. O treinador foi ao clube se despedir do elenco e dos funcionários na última segunda-feira, exaltou o ambiente do grupo e se posicionou ao lado dos atletas após as cinco derrotas consecutivas no Campeonato Brasileiro.

O clima no vestiário era de tristeza por conta da mudança no comando técnico. Durante a segunda passagem pelo Fluminense, Abel Braga conquistou os jogadores ao blindar o grupo de críticas públicas e chamar a responsabilidade nos períodos de instabilidade. O elenco, que estava rachado antes de sua chegada, se uniu em torno do treinador. Alguns funcionários foram às lágrimas ao se despedirem.

O pacto que tinha com os atletas também acabou sendo visto como uma das razões para a necessidade de troca de comando. O presidente da patrocinadora Unimed, Celso Barros, achava que o treinador não conseguia mais tirar os jogadores de uma 'zona de conforto' após o título. O relaxamento após as conquistas do Carioca e Brasileiro de 2012 passou a ser criticado após a eliminação na Libertadores.

"Não deixaria esse grupo fantástico de jogadores num momento como esse. Tivemos a capacidade de vencer juntos e não poderia largá-los na hora que o time não está ganhando. Vou ser muito breve porque já me emocionei na despedida com eles. Hoje eu vi que era muito mais querido por esse elenco do que eu pensava", declarou Abel Braga na sua coletiva de imprensa.

Nas redes sociais, jogadores prestaram homenagens ao treinador. Fred, Rafael Sobis, Thiago Neves, Marcos Junior, Michael e Fábio Braga postaram imagens de Abel Braga com palavras de agradecimentos. O presidente da equipe carioca também falou sobre a escolha pela demissão do técnico.

ABEL BRAGA DIZ QUE DEIXA 'UM PEDAÇO' NO FLU E QUE CONCORDA COM SAÍDA

"A conversa com o Abel foi muito mais emotiva, pelos laços de amizade. Eu sou presidente, mas sou torcedor também. Vejo o quanto é duro. Cria-se um carinho, respeito grande. Ver defesa que ele faz da instituição, o jeito de torcedor... E chega o momento da separação. Vivemos momentos maravilhosos juntos e sofremos juntos agora. Tem que saber lidar com isso", disse o presidente do Flu, Peter Siemsen.

Salário atrasado
Abel Braga deixa o Fluminense junto com sua comissão técnica, formada pelos preparadores físicos Cristiano Nunes e Marcelo Chirol, o auxiliar Leomir, o observador Fábio Moreno e o preparador de goleiros Marquinhos. Com salários atrasados [dois meses no próximo dia 5], FGTS e direito de imagem, o clube das Laranjeiras terá que desembolsar mais de R$ 2 milhões pela saída. Sem a verba necessária, a diretoria deve fazer um acordo para pagar em parcelas.

"O que a gente não tiver em condições de pagar ao Abel Braga agora, vamos parcelar. Estaremos colocando tudo em dia, não só com ele. O clube retomará o projeto de sempre cumprir as obrigações. Fomos retardados nessa iniciativa por causa de uma ação ilegal e uma perseguição injusta (da Procuradoria Geral da Fazenda do Rio) a um clube que quer pagar suas dívidas", disse Siemsen.

Abel deixa o Fluminense com 217 jogos (nas duas passagens), com 114 vitórias, 44 empates e 59 derrotas. O agora ex-treinador também se tornou recentemente o profissional que mais comandou o Fluminense em toda a história do Campeonato Brasileiro, com 119 jogos. Zezé Moreira, com quatro passagens pelo clube, lidera o ranking de treinadores com mais jogos: 474.