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Racismo? Para Deco, provocações contra Tinga não tinham essa intenção

Do UOL, em São Paulo

15/02/2014 20h03

As provocações da torcida do Real Garcilaso contra Tinga, volante do Cruzeiro, ocorridas na última quinta-feira, durante jogo da Libertadores-2014, no Peru, causaram comoção no mundo do futebol, com diversos jogadores se manifestando contra o racismo e com pedidos de punição severa ao clube peruano. Mas nem todos enxergaram a situação com cunho racista. 

O ex-meia Deco, aposentado desde 2013, declarou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que enxergou diferente as provocações da torcida no Peru: "Tenho dúvidas se foi isso mesmo que o torcedor peruano tentou fazer. Acredito mais que a intenção era fazer com que Tinga perdesse a concentração no jogo", declarou.

Apesar de discordar do próprio Tinga, que sentiu as provocações como de caráter racista, Deco defendeu punição aos casos assim: "É claro que toda manifestação racista deve ser punida e reclamada. Isso não se discute", completou.

Na última quarta-feira, durante a derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso, por 2 a 1, torcedores do time peruano vaiavam fortemente o volante Tinga quando este pegava na bola, além de fazer gestos e imitar som de macacos.

O Cruzeiro pressiona a Conmebol para que o time peruano seja punido. Uma reunião na entidade ocorreria na última sexta-feira, mas foi cancelada. O Cruzeiro enviou uma lista de reclamações à Conmebol.

Além das cenas deprimentes de torcedores imitando sons de macacos quando o volante Tinga pegava na bola, o time celeste sofreu com a falta de luz no dia de treinamento, a falta de água no vestiário e as condições precárias do estádio, que tem problemas considerados graves, como a pista de atletismo muito próxima ao gramado.

O comitê disciplinar da Conmebol deve fazer um julgamento célere sobre o caso. O regulamento da competição prevê como pena mínima uma multa de US$ 3 mil e vai até a eliminação da equipe no torneio.

Pela repercussão do caso gerando manifestações até figuras políticas importantes, como a presidente Dilma Rousseff, e o presidente peruano, Ollanta Humala Tasso, o Cruzeiro ganhou fortes aliados neste protesto diante da entidade sul-americana. O próprio ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ligou para Eugenio Figueredo cobrando medidas severas.